João Batista, sobrevivente de grave acidente em silo, não resistiu à Covid

Morreu na manhã de ontem(4), em decorrência da Covid-19, João Batista Borbas Lacerda, aos 55 anos. Ele era muito conhecido no bairro Canudos e carinhosamente chamado de Quaieira. Infelizmente, a sua teimosia foi maior que a coragem de outrora quando foi muito guerreiro ao ser um dos sobreviventes de um gravíssimo acidente em um silo, no ano de 2016, em São Vicente do Sul. Naquela época, João teve a perna direita amputada e a imagem de um companheiro morto,ao seu lado, além de outros dois feridos.

 

Mas, com o vírus, o receio de ser intubado, o medo de não sair do hospital retardou sua procura pela Unidade de Pronto Atendimento(UPA). O amigo, irmão da vida e parceiro de todas as horas, muito emocionado, falou com a reportagem na noite de ontem. Alfeu Menezes, era uma das pessoas mais próximas de Quaieira, aquele que cuidou dele e fez o possível para que o amigo aceitasse ir ao hospital. Mesmo assim, João esperou por cinco dias depois de positivar, até que não aguentou mais e pediu para que eles o levassem até a UPA.

Quaieira residia nas adjacências da Unidade de Pronto Atendimento, na Travessa Alvorada. Muito conhecido, espontâneo e alegre, fazia amizade com todos, principalmente com crianças. Mas a negligência foi seu pior inimigo em relação à doença, pois quando chegou na UPA, já estava com a saturação baixa e com uma lesão considerável no coração. Depois de três dias, foi para UTI Covid, onde foi intubado, todavia não resistiu e faleceu na manhã de Domingo de Páscoa.

Evangélico, Alfeu comentou que o amigo(Quaieira), sempre disse que ouvia os relatos de várias pessoas positivadas e que depois do tubo vinham a óbito. Por esse motivo, pedia para ficar em casa e fez uso de vários chás e medicamentos para gripe e nebulização, na tentativa de “curar” a gripe forte. Quando a situação piorou e precisou ser levado à UPA, pediu para que não fosse intubado. Mas, infelizmente, desta vez, ele não conseguiu vencer a batalha e o vírus tirou a vida de mais uma pessoa do bem. João não tinha comorbidades e foi muito guerreiro no período em que perdeu a perna e por todo o tratamento que passou no início, logo depois do acidente. Foram traumas terríveis, lembrou Alfeu.

 

Com muita alegria e excelente trabalho por onde passou, todos que o conheceram fizeram muitas homenagens a ele(João). Colegas de profissão 9ressaltaram o quanto ele fazia do ofício um grande legado quando estava trabalhando e, no dia da fatalidade, mesmo ferido, estava preocupado com os demais funcionários. Quaieira, deixou muitos amigos, muitas pessoas que não são familiares de sangue, mas que são a família que ele também agregou e mantinha como sua ao longo de sua existência.

“Ele sempre disse que quando morresse era pra doar a cadeira e a prótese para alguém que precisasse, uma pessoa carente. Quaieira se aposentou em razão do acidente, mas sempre foi uma pessoa maravilhosa e não lamentava o que tinha acontecido, ele tirou lições. Era muito querido por todos. O bairro Canudos está em luto” – disse Alfeu.

No link abaixo o acidente no Silo: