Julgamento da Boate Kiss: Quem são os réus, quais são as acusações e o que dizem as defesas

Em 27 de janeiro de 2013, um incêndio na casa noturna em Santa Maria, no Centro do RS, matou 242 pessoas e deixou outras 636 feridas. O júri está marcado para o dia esta quarta-feira (1º), às 9h. Quatro pessoas são rés no processo. Saiba quem são elas e o que dizem suas defesas.

Julgamento da Boate Kiss: Quem são os réus, quais são as acusações e o que dizem as defesas
Julgamento da Boate Kiss: Quem são os réus, quais são as acusações e o que dizem as defesas

Começa nesta quarta-feira (1º), em Porto Alegre, o julgamento dos quatro réus acusados pelas mortes de 242 pessoas e tentativas de homicídio de outras 636 no incêndio da boate Kiss, em Santa Maria, em janeiro de 2013.

As sessões iniciam todos os dias às 9h, no plenário do 2º andar do Foro Central da Capital. Quando julgamento vai acabar, porém, dependerá da condução do tribunal do júri ao longo das próximas semanas.

A expectativa do Tribunal de Justiça é que demore cerca de 15 dias para a conclusão, pois as atividades serão diárias, inclusive aos fins de semana, até as 23h. Ainda assim, uma série de ritos e protocolos além das sustentações orais e dos interrogatórios precisam ser seguidos.

Os empresários e sócios da casa noturna, Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, o músico Marcelo de Jesus dos Santos e o produtor musical Luciano Bonilha Leão são acusados pelo Ministério Público (MP) pelos crimes de homicídio simples de 242 pessoas e tentativa de homicídio de outras 636 que sofreram ferimentos na tragédia.

Confira quem são eles e o que dizem as defesas:

Luciano Bonilha Leão
Luciano Bonilha Leão

De acordo com a denúncia do Ministério Público (MP), o produtor musical Luciano Bonilha Leão, 44 anos, comprou e ativou o fogo de artifício que deu início ao incêndio. O advogado que defende ele, Jean Severo, alega que ele não é culpado, mas uma vítima.

“Nós trabalhamos com a absolvição do Luciano. O Luciano, no nosso sentir, é uma grande vítima também nesse processo. Não tem nada a ver com essa situação. Nunca foi proprietário da casa ou músico. Ele era uma pessoa que prestava serviços para banda. Então, o Luciano tem que ser absolvido desse júri que sem dúvida nenhuma deverá ser um dos mais longos do país”, conta Severo.

Marcelo de Jesus dos Santos
Marcelo de Jesus dos Santos

O vocalista da banda, Marcelo de Jesus dos Santos, 41 anos, foi quem levantou o fogo de artifício aceso em direção ao teto da boate. As chamas encostaram na espuma acústica e começaram o incêndio. Para a advogada dele, Tatiana Vizzotto Borsa, ele é mais uma vítima.

“O Marcelo sempre acreditou que aquilo que ele fazia era legal, que estava dentro das normas e permitido. Porque isso era recorrente nos shows deles [integrantes da banda Gurizada Fandangueira]. Ele saiu desmaiado de dentro da Kiss. Marcelo teve Covid e, em razão dos pulmões terem sido afetados [pelo incêndio], deixou ele com problema de visão e com uma doença degenerativa por causa da fumaça”, afirma.

Elissandro Spohr
Elissandro Spohr

O outro ex-sócio, Elissandro Spohr, 38 anos, estava dentro da boate quando houve o incêndio. Kiko, como é conhecido, chegou a ficar hospitalizado por ter inalado fumaça. O advogado responsável pela sua defesa, Jader Marques, acredita que o julgamento será a oportunidade para que seu cliente dê a sua versão do que aconteceu.

“Desde 27 de janeiro de 2013, Elissandro Spohr tem vivido a angústia de ser acusado de ter atuado dolosamente para a ocorrência de um dos episódios mais tristes da história do país. No dia 1º de dezembro, o Kiko poderá falar da sua vida até aquele fatídico dia 27 e da angústia que tem sido esse período de espera pela oportunidade de explicar tudo o que aconteceu. A defesa e Elissandro apenas aguardam o início dos trabalhos”, conta.

Mauro Hoffmann
Mauro Hoffmann

Mauro Hoffmann, 56 anos, era um dos sócios da boate. Em depoimentos ao MP, sempre sustentou que era “apenas um investidor”, sem envolvimento no funcionamento da boate. O advogado de defesa dele, Mario Luis Cipriani, conta que ele não tinha qualquer participação na rotina da empresa.

“A defesa espera um julgamento com serenidade e com respeito a todas as partes, tendo a certeza de que Mauro não teve qualquer participação nos fatos denunciados. Era um investidor e não administrava o estabelecimento. Como sócio-quotista, sem qualquer participação na rotina da empresa, não teve nenhum ato decisório que o ligue ao nexo causal descrito na denúncia, e, por isso, além de outros inúmeros fatores, a defesa entende que Mauro não deveria ser submetido ao júri popular”, relata.

Sobre as irregularidades apontadas pelo MP na boate, como a falta de saídas de emergência, de extintores de incêndio, sinalização e o uso de espuma acústica inadequada, a defesa sinaliza que tudo estava conforme a legislação determinava quando o seu cliente se tornou sócio.

“A boate, quando adquiriu as cotas sociais da empresa, estava regular, autorizada, vistoriada e com tudo certo. Aquilo que foi vistoriado pela última vez, no momento em que a casa tem a participação nessa tragédia, estava rigorosamente igual à última vistoria. Então não, no nosso entendimento, há nada de irregular na casa”, diz.

Fonte: G1

Se inscrever
Notificar de
guest

0 Comentários
Comentários em linha
Exibir todos os comentários