
A destruição do prédio da Boate Kiss significa o início de um novo capítulo para a construção da memória. A dor vai amenizando aos poucos, a vida se reconstruindo. Ver a destruição da boate, as portas, o letreiro desfazendo-se me trouxeram gatilhos e ansiedade, disse a alegretense Kelen Ferreira, terapeuta ocupacional do Hospital Escola da UFPel- EBSERH que teve parte do corpo atingido pela tragédia quando tinha 20 anos e hoje, depois de 11 anos deixa seu relato de superação.
Ela diz que é necessário destruir a ruína e construir a lembrança para Santa Maria voltar a viver. Kelen acredita que a justiça só será feita no dia que eles forem condenados. Sem condenação não há justiça, não há coração que descanse, atesta. Acredita, ainda, que a luta será eterna por todas vítimas, sobreviventes, familiares, por meus filhos, netos e todos jovens que saem e precisam de segurança para se divertirem.

Diz que as famílias aguardam um recurso no STF e esperam que lá os ministros mantenham o júri de 2021: manter a condenação para que os réus voltem a cumprir suas penas. Tudo isso é necessário para que ninguém mais passe por isso.
Vendo o filho ferido, mãe descreve o choro mais intenso e profundo que já teve
-Sempre digo, eles devem pagar pelo que fizeram, pois os quatro têm responsabilidade sim (a sociedade deveria ler o processo e entender isso). E quem não está aqui hoje não teve a oportunidade de se formar, constituir família, dar netos, bisnetos, ser mestre, doutor, um excelente profissional no que tanto amou.
Além do processo criminal, temos um na Corte Interamericana, que responsabiliza o Brasil e outros órgãos que foram excluídos no processo criminal.

A sua luta é diária, pois ela ainda faz tratamento com pneumologista, psicólogo, psiquiatra e acompanhamento com a Clínica Correto que é responsável pelas próteses. Porém todos os dias agradece a Deus pela vida, por sua família e por estar aqui, “sou prova viva do milagre Dele e tenho uma missão grande nessa vida, salienta emocionada.