Médica da Santa Casa, da ala Covid, descreve o momento da equipe; muita tensão e exaustão

A rotina dos médicos tem sido extenuante, isto não é novidade. Esta semana, a reportagem do PAT entrevistou a médica residente Ingrid Lima. Ela, é natural de Rondônia e  está há um ano em Alegrete onde faz especialização em clínica médica na Santa Casa de Alegrete.

Questionamos como está o psicológico dos profissionais que estão na linha de frente da Covid -19, a médica é plantonista no gripário.

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Dra Ingrid descreve que  os profissionais estão lidando constantemente com a tensão, estresse e exaustão nestes meses. O que não é nada saudável para as emoções. “Embora empenhados em oferecer o melhor atendimento e cuidados ao doente, por vezes nós que estamos debilitados, cansados e sobrecarregados. Logo, sendo afetados diretamente no humor e nas nossas emoções. Mas acredito que esse período de calamidade está próximo do término” -falou.

 

A equipe que atua na linha de frente é composta pela equipe de médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e mais toda a retaguarda, como a equipe de higiene e as copeiras. Durante a entrevista, a médica também descreveu como é a rotina do médico ao entrar no gripário ou UTI Covid-19. Para esse trabalho o profissional precisa paramentar-se com roupa privativa,  scrubs, avental, sapatos fechados, propé, touca, máscara do tipo N95/PFF2, luvas eface face shield. Sempre usando álcool em gel e lavagem das mãos, após cada procedimentos ou exame físico no doente.

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Com isso também foi argumentado sobre os relatos em que a rede de saúde está exausta e muitos questionam  todo trabalho realizado quando saem de plantões complicados e se deparam com uma rotina, muitas vezes beirando o normal. Onde as pessoas, em alta porcentagem estão nas ruas centrais como se a pandemia não existisse. “Acredito que as pessoas estão cansadas, assim como nós. Talvez a diferença consista em que o cansaço da equipe que atua no enfrentamento a COVID-19 seja tanto físico quanto mental. Já o da população é o esgotamento emocional por não poder mais ter um vida normal. Ninguém está preparado para uma pandemia.
Mas as orientações tem sido passadas, é um trabalho de formiguinha, diariamente a população recebe orientação quanto a medidas de precaução/proteção e de distanciamento social. Mas inevitavelmente, a adesão não será 100%, mas estamos aqui fazendo a nossa parte.” – falou a médica.

 

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Já com relação ao atendimento humanizado que muitos pacientes descreveram ao sair da ala covid-19, Dra Ingrid salienta que é comum na profissão(área da saúde) lidar com o invisível, mas com o inimigo improvável e capaz de gerar estado de calamidade mundial como este é terrível.” O que muda é que por vezes nos sentimos impotentes diante desta pandemia, por apresentar quadro clínico inespecífico e sutil em partes dos indivíduos, ou por evoluir para complicações graves e críticas com risco iminente à vida e por não se ter um tratamento específico até o presente momento. O tratamento humanizado já vinha sendo realizado há anos, mas na atual conjuntura isso se tornou ainda mais imprescindível.

 

Flaviane Antolini Favero