Assim, o diálogo, o contato pessoal e o saber escutar se mostram como aspectos essenciais do atendimento, com benefícios diversos, além de melhores diagnósticos e maior confiança no tratamento. A comunicação aumenta o vínculo com o paciente e diminui as queixas.
Ouvir a história da pessoa, entender o que ela está passando, absorver as informações e poder transmitir o que é necessário para uma boa prescrição médica ou tratamento são situações rotineiras em uma consulta.
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Mas, um caso que ocorreu com o Dr Dion Lenon, um dos médicos que tiveram um enorme destaque durante a pandemia por ter permanecido na linha de frente desde o primeiro momento, assim como, outras ações e atendimentos que realiza, emocionou muitas pessoas.
Em sua rede social, no Facebook, o médico fez uma publicação em que descreveu a relevância de saber ouvir na saúde pública, do amor à profissão e igualdade.
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A narrativa de uma paciente que ele atendeu e na reconsulta percebeu algo a mais e soube como fazer a diferença. Veja a publicação que em poucas horas rendeu mais de 640 curtidas; 233 comentários e 49 compartilhamentos:
“Caso do dia. Há uma semana atendi essa senhora. Diagnóstico: tuberculose. Tratamento: 4 comprimidos juntos todos os dias ao meio-dia.
Hoje(14 de novembro), ela retorna, junto com a irmã. Não lembrava o que tinha nem o nome da doença. Estava tomando somente 1 comprimido por dia.
Conversa vai, conversa vem, tentando entender o porquê de estar tomando somente 1 cpr, com muito constrangimento ela me disse: “Dr, não sei ler nem escrever”.
2022. Tecnologia em tudo, mas ainda temos muita desigualdade em nosso país.
Depois que pensar o quão insensível e pouco ouvinte eu fui na primeira consulta, tentei entender o que ela compreendia e como ela se organizava. Ela disse que sabe ver as horas no relógio de ponteiros ou quando ouve na rádio.
Aí surgiu essa ideia. Não é inédita, já vi na internet.
Transformar palavras na linguagem própria da paciente. Ela entendeu. Falou que ia colar na geladeira. Um sorriso de gratidão tomou o lugar do constrangimento.
Antes de ir embora ainda falou: “estou indo na igreja, uma irmã já me ensinou a escrever meu primeiro nome.”
Lições do dia:
– Ouça quem está na sua frente e enxergue o paciente e não doença apenas
– A desigualdade está mais presente no nosso dia a dia do que imaginamos. Precisamos enxergar.
– Sempre tente facilitar
Minha mãe é professora, então pra 2023 ela já tem uma missão: vai ensinar ela a ler e escrever.
A parte mais fácil de ser médico é dar remédios. A mais difícil é saber ouvir, tocar e entender a pessoa que está na sua frente.
E pra você aí, não precisa ser médico pra enxergar a dor e a limitação do outro e tentar aliviar. Só precisa ser gente.
Pra 2023, bora tentar transformar o mundo num lugar melhor, mais igual? Você pode não mudar o país inteiro, mas pode mudar a vida de quem tá na sua volta.
Atender no SUS é um desafio diário, mas ensina muito sobre como ser mais humano, facilitador e ouvinte. Eu amo atender esses pacientes. Eles não sabem, mas geram mais mudanças em mim do que eu neles.