Nós Os Ritmistas: a pioneira escola de samba de Alegrete completa 64 anos

Há 64 anos, no dia 15 de janeiro de 1957, era fundada a primeira escola de samba de Alegrete, “Nós Os Ritmistas.

Recheada de muita história e cultura com farta contribuição de pessoas como o Sargento Oswaldo Medeiros, Nilo Gonçalves, Paulino Gonçalves e consolidada pela Dona Elza, Noêmia Domingues, Baía, Garede, Eucares Fagundes e tantos outros que se dedicaram a escola ao longo dos anos.

A reportagem do Portal Alegrete Tudo conversou com dois carnavalescos que são ligados na história da Nós Os Ritmistas. O advogado e carnavalesco Rafael Faraco ex-presidente e também o professor, carnavalesco e escritor Márcio Leonardo Duarte.

“Parabéns pra nossa escola querida, muitos anos de vida e que possamos novamente cruzar a avenida do samba defendendo teu pavilhão”, postou Faraco em sua página social no último dia 15.

Assim como tantos outros ritmistas de coração. O professor Márcio é pesquisador de um legado do carnaval alegretense. Foi dele que resgatamos a linda história da pioneira escola de Alegrete.

Os Ritmistas foi a primeira escola de samba fundada em Alegrete, idealizada pelo carnavalesco Osvaldo Medeiros em 1957. Na época final da década de 50, o carnaval de rua em Alegrete estava enfraquecido, passava por um período de desmotivação, de desanimação, inclusive os próprios clubes registravam um movimento pífio.

Com a fundação de uma escola de samba, no caso ritmistas, trouxe um ânimo, um fôlego no carnaval tanto de rua como alento ao de salão. Os Ritmistas iniciou em 57, mas o primeiro desfile, a primeira disputa na avenida entre as escolas de samba ocorreu somente em 1959, por idealização da Rádio Alegrete.

Além de ser a primeira escola fundada, Os Ritmistas, também foi a primeira campeã da história do carnaval de Alegrete. Já nos Anos 60 foram os anos dourados para Vermelho e Branco, a escola conquistou carnavais e era uma escola bastante celebrada pelas pessoas, bastante querida da comunidade do samba.

“Todo mundo ficava muito encantado com aquela cultura nova. Nos primeiros desfiles, eram somente homens que desfilavam”, recorda o estudioso Márcio.

O alegretense Aldemar Domingues “Bahia”, foi um dos diretores pioneiros, muito popular foi o porta-estandarte da escola, era ele que vinha na frente da escola.

Ainda não década de 70, começaram a ingressar as primeiras mulheres na escola. Dona Elza, ocupou o lugar do Bahia, a porta-bandeira coube a mãe do Bahia, Dona Noêmia Domingues.

Com a saída de Osvaldo Dorneles, a família Domingues assumiu Os Ritmistas em meados de 1967. O carnavalesco Bahia, principalmente Dona Noêmia, assumiram durante um bom tempo a administração da Nós Os Ritmistas.

“Nessa época era uma estrutura de desfile diferente. Não tinha, por exemplo, o tema de enredo, até havia composição de música própria, mas para eles desfilarem com músicas já bastava”, explica Duarte.

Daí em diante foi um período de transformações importantes. O carnaval se tornou mais acirrado e competitivo a partir da fundação da escola de samba Unidos dos Canudos.

Em 1975, o Bahia solicitou ao senhor Zilmo Delgado, após a participação em um  concurso de músicas carnavalescas no 7 de Setembro, vencido por Zilmo, o ritmista pediu que ele fizesse um samba enredo para escola.

De 1975, então é considerado o primeiro samba enredo da história do Carnaval, que a escola apresentou e o desfile foi completo com alas. Foi em 75 que Os Canudos apresentou um samba que já existia e acabou vencendo o carnaval. Teve confusão na apuração mas acabou tudo em samba.

Em dois momentos na história do carnaval, Os  Ritmistas fez fusão com outra escola. Em 1977, se aliou a Mica que foi fundada em 1975, logo no segundo desfile da Azul e Branco. A fusão tinha por objetivo vencer os Canudos, desbancar a hegemonia dos canudenses, a Verde e Branco já era tricampeão, e a Mica e Ritmistas venceram os Canudos.

Em 1980, Nós Os Ritmistas, Mica e a escola Império do Brás se uniram as três e criaram a Escola Imperadores do Ritmo. A Imperadores do Ritmo acabou perdendo para os Canudos. Desde aquela época havia dificuldades financeiras entre as escolas carnavalescas, por isso a fusão. A década de 80, após a administração do Bahia, do Hélio Marçal, passou para o comando do carnavalesco Eucares Fagundes, campeão em 86 e 87.

Bicampeã, com “Louvor ao Brasil, povo brasileiro”, a escola montou um time forte, aonde tinha dentre a equipe, o carnavalesco Ênio Souza e o intérprete, o compositor do Samba Zolá Duarte. Os Ritmistas foi campeã na década de 80, venceu em 1981, no ano do sesquicentenário de Alegrete com o enredo”Exaltação a mãe natureza”. A escola encerrou os desfiles 1992.

Nós Os Ritmistas ainda trouxe o vocalista Serginho Moah que interpretou um samba enredo de composição de Zolá Duarte. A Vermelho e Branco “Sessentona”, a contar de sua história ainda tem fôlego para voltar a avenida.

Júlio Cesar Santos                      Fotos: reprodução