O ‘chameiro’ mais antigo de Alegrete que já cavalgou 12 mil quilômetros conduzindo a Chama Crioula

"Ensina o piá o caminho que deve cruzá, quando for nego véio não vai se estraviá."

É com este amor às tradições do Rio Grande do Sul que Zilmo Arregino Domingues cavalga, há 21 anos, conduzindo a Chama Crioula, o símbolo da Semana dos Festejos Farroupilhas. O tradicionalista, que tem 73 anos, é o chameiro mais antigo de Alegrete e já cavalgou 12 mil quilômetros. O militar da reserva, que nasceu em Quaraí, veio para Alegrete ainda jovem para trabalhar e aqui fez morada, sempre com amor pelos cavalos, que considera grandes amigos dos homens.

-Iniciei em cavalgadas em 2002 e, desde lá, percorri todo o Rio Grande do Sul, acompanhando a geração, distribuição e condução da chama até a nossa cidade. Nestes trajetos, Arregino diz que enfrentou chuva forte, frio, granizo, ventania, mas nunca deixou de saltar cedo dos “pelegos”, por volta das 4h 30min para, logo depois das sete da manhã, iniciar o percurso com a chama. Antes, conta o experiente cavalariano, o grupo alimenta os animais e faz uma oração pedindo a proteção. Diz que nestas andanças, sobre o lombo do cavalo, chegou a cavalgar 70 km em um dia. – Mesmo que a gente canse, eu faço com amor e, também, para mostrar aos mais jovens a importância de se preservar as tradições, a cultura e os costumes de nosso Estado, porque considero um meio sadio”.

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Com sobrinho neto

Mas em tantos locais e trajetos diferentes, Arregino conta que passou algumas dificuldades como na passagem em uma balsa puxada a mão, com os cavalos em cima e, também em outra ocasião, com muita chuva, um dos cavalos enfiou as patas em um espaço de uma outra balsa e ficou com as patas na água; em 2005 enfrentou 315mm de chuva vindo na cavalgada do Chuí, num percurso de 915 km. Relata que, quando vinha de uma cavalgada de Erechim, em 2004, o seu cavalo começou a ter febre e o veterinário Carlos Humberto Conceição disse que era estresse e falou que, quando estivesse mais próximo de casa, ficaria bem. Ele encilhou uma égua e seguiu o trajeto. E confirma que o cavalo veio de caminhão até Santiago e quando chegou o Trago Amargo estava bem de saúde.

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Companheiros de cavalgadas

Mas foi agora, no dia 10, quando estavam na estrada do Passo da Guarda, já bem perto das Três Divisas, que Zilmo Arregino enfrentou o maior desafio de suas cavalgadas. – Um raio passou atrás de mim e do colega de Quaraí, Tiago Peralta. – A energia foi tão forte que nossos cavalos se jogaram para o lado e ele ficou com a pele escura, e o meu cavalo, afetou o que chamamos de coração da pata. Acredito que foi a proteção divina que nos livrou do pior”, observou o cavalariano.

O seu cavalo, crioulo puro, o Bolinha, da Cabanha Santa Izabel, fica numa cocheira próximo a sua casa e, quando sente que ele está perto, relincha, o que demonstra a sintonia entre os dois. E com orgulho mostra a faca solinge que foi do pai e teve a bainha feita com o couro cru que o irmão ajeitou e foi confeccionada por um agente penitenciário de Quaraí, amigo da família.

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E as cavalgadas são uma grande experiência ao integrante do Piquete Presilha da Amizade, que já rendeu a medalha de cavaleiro farroupilha e, em breve, de cavaleiro monarca, do MTG, conferida a quem já cavalgou mais de 10 mil quilômetros.

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