O preconceito está em todo lugar; até no restaurante

“Não julgue o livro pela capa”.Um dos maiores erros que as pessoas podem cometer é julgar alguém pela aparência. Quando isso acontece, a maioria delas não se permite conhecer o outro de verdade, porque já está “armado” com seus pré-julgamentos. É importante não ficar imaginando quem a pessoa é, mas permitir conhecê-la de verdade.

Mas existem situações que o preconceito ou a classe social  podem ferir ainda mais.

Na última semana, uma jovem alegretense de 27 anos passou por dois fatos constrangedores em um restaurante de Alegrete.

Ela conversou com a reportagem pois disse que não foi exatamente o que as pessoas falaram que a magoaram,mas a forma em que foi abordada e a falta de educação e finesse para quem estava se julgando muito superior.

“Fiquei analisando e acredito que está faltando muito amor para a humanidade, empatia e compaixão” – falou.

A jovem que trabalha na área da saúde disse que não vai se identificar pois acredita que o melhor deve ser a reflexão que essa postagem poderá impactar muitas pessoas.

Mas a narrativa inicia com a primeira abordagem que recebeu dentro do restaurante, que rotineiramente, vai almoçar. Uma mulher que a conhece, mas não tem intimidade, falou com espanto que a servida estava exagerada, se tudo o que estava no prato fosse consumido, a jovem ficaria obesa.

“Isso só incomodou pela forma em que as palavras foram colocadas, não foi uma brincadeira, não foi uma tentativa de ajudar, é com se ridicularizasse, porém, eu já fui obesa e hoje sei o que posso ou não comer sem prejudicar minha saúde. Mesmo ainda estando com um pouco de sobrepeso” – destacou.

Mas naquele dia, parece que a profissional na área da saúde iria passar por algo que a deixaria ainda mais frustrada com o comportamento humano. Quando levantou da mesa para buscar frutas no buffet, passou por uma mulher elegante, de salto alto, muito bem vestida, lembra.

Pouco antes de chegar ao buffet, essa senhora a segurou pelo braço e disse que deveria ir limpar o banheiro feminino, pois não estava muito agradável naquele momento. Alguém teria feito algo que ela não aprovou. Antes mesmo de qualquer pergunta de tentar compreender com quem estava falando, ou melhor, ordenando que fizesse a limpeza. “Lembro que pela forma grosseira em que ela pegou meu braço e falou, apenas respondi, que não era empregada. Foi então, que ela novamente disse que eu deveria me dirigir ao banheiro para limpar. Fiquei pensando, foi pelo fato de que eu estava de tênis, legging e camiseta? Mas eu trabalho assim, passo o dia todo envolvida com pessoas vestida assim. Não foi o fato de ter mandado limpar o banheiro, mas a forma ríspida em que fui abordada, agarrada pelo braço sem nem ao menos um bom dia, boa tarde ou a pergunta mais sensata: você trabalha aqui? Admiro todas os trabalhadores, inclusive os que limpam os banheiros públicos ou privados que inúmeras pessoas passam. Pois estão limpando o que muitas vezes nem aí menos ocuparam. É um trabalho digno.  Então se precisasse o faria. Mas nada dá o direito de uma pessoa se julgar superior e humilhar alguém por isso, tratar como um serviçal.

O julgamento e o preconceito são inimigos da boa educação e do respeito.

Apenas senti na pele o que talvez centenas de trabalhadores, negros, pobres, homossexuais passam, dentre outras classes e categorias por existirem seres que se julgam humanos e superiores por uma condição de vida financeira ou pela condição estética mais favorável” – completou.