ONG Amoras reage à denúncia de estupro de mulher durante jantar e comentários polêmicos

Depois da publicação, no PAT, de uma denúncia de estupro que teve grande repercussão em comentários, muitos deles criticando ou julgando a atitude da vítima em ter aceitado o convite para um jantar, a Ong Amoras, através da integrante Ingrid Urbanetto, enviou uma nota onde pontua de forma ostensiva a necessidade de respeito.

A notícia em relação ao caso ocorreu no último final de semana, quando uma mulher procurou a Delegacia de Polícia após ter sido estuprada por um homem que conheceu através das redes sociais. Veja no link o post completo: ENCONTRO PARA JANTAR ACABA COM DENÚNCIA DE ESTUPRO NA ZONA LESTE

A seguir, a nota enviada pela Ong Amoras que repudiou alguns  comentários. A Ong Amoras, é uma organização que foi criada para apoiar as meninas e mulheres vítimas de violência doméstica e todo tipo de violência e discriminação em razão de gênero.

ELA queria o quê?

Nós mulheres, fomos criadas e condicionadas a acreditar que somente seremos felizes em um relacionamento. Podemos estudar, trabalhar, ter sucesso na carreira, mas sempre fica a pergunta: e o namorado? Não vai casar?
Esta imagem de que uma mulher somente pode ser feliz junto a um homem, faz com que busquemos, incessantemente, pelo príncipe encantado. O cavaleiro da armadura brilhante.
Todas nós sonhamos em encontrar alguém. Em conhecer uma pessoa especial. Em encontrar a tal felicidade que, desde criança, nos ensinaram.
Porém, está busca precisa iniciar de alguma forma e no caminho podemos encontrar algumas armadilhas.

Não raras vezes lemos ou ouvimos alguma história de alguém que conheceu outro alguém e pensou: É ele!
Podemos conhecer o “Ele” no supermercado, na igreja, na balada ou, não raramente hoje em dia, nas redes sociais. Neste caso, este encontro precisa se tornar físico, para termos a certeza de que “É ele”.
E é ai onde se escondem as armadilhas. Podemos conversar por meses com alguém via redes sociais e mesmo assim, quando o encontro acontecer, será cilada.
Podemos casar com o príncipe que conhecemos na igreja, e mesmo assim, ser cilada.
O fato é que, estamos sempre sujeitas a ter nossas vontades contrariadas, a não termos o nosso NÃO respeitado. Seja com o amigo que conhecemos nas redes sociais, seja com o marido que conhecemos há 20 anos.
A nossa sociedade impõe que nós sejamos obedientes, carinhosas, atenciosas e que não desagrademos nossos parceiros.
E a nossa vontade como fica? E o nosso “NÃO”? Nosso corpo é nosso e não pode ser violado por ninguém. Nossas vontades devem ser respeitadas e, pode parecer clichê, mas depois do primeiro NÃO, é NÃO.
Não raras vezes vimos outras mulheres apontando o dedo, julgando, comentando situações de estupro. Dizendo “mas pediu, estava bêbada”, “foi encontrar quem não conhecia? Esperava o que?”, “com aquela roupa? Esperava o quê?
E todas as respostas para as perguntas acima são a mesma: RESPEITO! Ela só queria RESPEITO!.

 

Flaviane Antolini Favero