Policiais envolvidos em abordagem a torcedor do Brasil de Pelotas são afastados pela Brigada Militar

11 dos 17 agentes presentes na ação foram agregados na sede do Comando de Policiamento da Capital e ficarão à disposição exclusiva da Corregedoria-Geral, que investiga o caso. Os outros seis foram transferidos para outros batalhões.

A Brigada Militar (BM) confirmou, na noite desta sexta-feira (3), o afastamento de 11 dos 17 policiais envolvidos na abordagem ao torcedor do Brasil de Pelotas internado há mais de um mês em estado grave em Porto Alegre. Os integrantes da Força Tática do 11º Batalhão de Polícia Militar foram agregados na sede do Comando de Policiamento da Capital (CPC) e ficarão à disposição exclusiva da Corregedoria-Geral, que investiga o caso.

Os outros seis agentes envolvidos na abordagem que estão sob investigação foram transferidos para outros batalhões da BM em Porto Alegre. A instituição não divulgou quais são esses batalhões.

Rai Duarte, 33 anos, está internado no Hospital Cristo Redentor, de Porto Alegre desde 1º de maio, dia em que veio de Pelotas a Porto Alegre para assistir ao jogo do seu time contra o São José. Já no ônibus que o levaria de volta à Região Sul do estado, testemunhas afirmam que ele foi retirado do veículo e agredido por policiais militares. Ele já passou por três cirurgias devido a lesões no intestino e seu estado de saúde ainda é considerado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Relembre o caso

Rai Duarte, de 33 anos, foi internado em estado grave em Porto Alegre com lesões no intestino após ser retirado de um ônibus que o levaria de volta a Pelotas pela Brigada Militar (BM), após o jogo entre Brasil de Pelotas e São José. A partida aconteceu pela série C do Campeonato Brasileiro no Estádio Passo D’Areia, na Zona Norte da Capital.

Ao final do jogo, Rai Duarte já estava no ônibus para ir embora, quando a Brigada Militar o retirou de dentro do veículo, dizem as testemunhas. Depois disso, ainda não se sabe o que aconteceu, mas Rai não voltou ao ônibus e precisou ser levado ao hospital. Duarte é agente de saúde em Pelotas, no Sul do estado.

O jogo terminou em confusão nas arquibancadas, depois que um torcedor do São José pegou uma faixa da torcida do Brasil. Os torcedores do time do Sul, então, teriam reagido e foram até o espaço da torcida adversária. A partir daí, a briga tem início, com troca de socos e arremessos de cadeiras e de rojões. A Brigada Militar entrou em campo para controlar a situação.

Testemunhas contam que ele passou por uma sessão de tortura após ser retirado do ônibus. Relatam, ainda, que foram ouvidos sons de espancamento e que foram ameaçados pelos policiais.

“Eles pegaram o Rai e levaram para um canto que ninguém estava enxergando. Dava para escutar muito barulho de pancada, de soco, ele gritando, tava agonizando”, diz um torcedor, que prefere não ser identificado. Outros torcedores afirmam que foram ameaçados pelos policiais.

Imagens de câmeras de segurança divulgadas na semana passada mostram a chegada dele ao hospital, por volta das 20h, em uma viatura da Brigada Militar (BM). Ele desce do carro da BM e é levado para a recepção da emergência. Em seguida, é levado para rua e colocado em fila com outros torcedores detidos.

Cerca de 20 minutos depois, Rai volta para dentro do hospital, faz a identificação e é encaminhado para a triagem, acompanhado por policiais militares. Logo após entrar na sala, um funcionário e um policial aparecem correndo para pegar uma cadeira de rodas. O torcedor, que parece estar desmaiado na cadeira, é levado às pressas para outro setor no interior do hospital.

Nota da Brigada Militar

“A Brigada Militar informa que, em relação ao Inquérito Policial Militar que investiga os fatos ocorridos na partida de futebol entre o Esporte Clube São José e Grêmio Esportivo Brasil (Brasil de Pelotas), teve como fatos relevantes durante a semana a análise das mídias colhidas dos locais onde os fatos ocorreram requisição e Confecção de Ofícios para Notificação de Testemunhas; Juntada dos Vídeos renderizados. Novos fatos decorrentes da investigação resultaram, no dia 03 de junho de 2022, na transferência de 17 Policiais Militares integrantes da Força Tática do 11º Batalhão de Polícia Militar. 11 deles foram agregados na sede do Comando de Policiamento da Capital (CPC) e estão à disposição exclusiva do Oficial da Corregedoria-Geral da Brigada Militar Encarregado das investigações do IPM. Os Outros 06 foram transferidos para outros Batalhões de Polícia Militar, também da Capital do Estado.”

Fonte: G1

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