Por que mais da metade dos alegretenses vota em candidatos de fora para deputado estadual e federal?

A reportagem do PAT entrevistou pessoas com representatividade em diferentes setores, as quais deram seu parecer sobre o assunto.

A pandemia da Covid-19 parece que fez com que ficássemos mais lentos e que, de certa forma, perdêssemos a noção do tempo, o que é muito compreensível, já que parte da população precisou ficar isolada por dois anos em casa, para cumprir com os protocolos de segurança da covid. Ao adentrarmos em 2022, muita gente se impressionou ao perceber que neste ano teremos Copa do Mundo, cujo início está marcado para o dia 20 de novembro. Mas, antes disso, teremos eleições, marcadas para o dia 2 de outubro, data do primeiro turno.

Nesse dia, milhões de brasileiros vão às urnas para a escolha de presidente, governadores, senadores, deputados federais, estaduais e distritais. Diante da proximidade das eleições, uma questão começa a vir à tona: por que o eleitor alegretense não “abraça” candidaturas locais para Assembleia Legislativa e Câmara Federal? É importante destacar que não queremos, em hipótese alguma, dizer que o eleitorado alegretense não valoriza os candidatos locais, mas mostrar que não há uma priorização dos candidatos do Município, senão como explicar que mais de 60% dos eleitores votam em candidatos de fora.

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Alegrete possui, atualmente, um contingente eleitoral de 58.455, sendo 52% mulheres e 48% homens. Se os votantes seguirem o mesmo padrão dos últimos pleitos, teremos uma pulverização de votos em dezenas de candidatos de todas as regiões do Rio Grande. Vale ressaltar que Alegrete não é um caso isolado, outros municípios enfrentam situação semelhante. Todavia, em Alegrete e região, observa-se um número baixíssimo de representantes parlamentares nas duas Casas Legislativas. Obviamente, essa tímida representatividade nos deixa com poder político inferior em relação a outras regiões com contigente populacional maior.

Diante desse quadro de baixo número de representantes políticos do Município e região, ao longo das décadas, pôde-se perceber muitas conquistas postergadas ou realocadas para outros municípios, em razão da falta de presença política forte em defesa da Fronteira Oeste.

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Tendo isso em vista, a reportagem do PAT entrou em contato com um ex-candidato a deputado federal e uma ex-candidata à Assembleia Legislativa; com pessoas com representatividade em diferentes setores; e com um professor de História. Todos os entrevistados analisaram o tema.

O ex-vereador e ex-candidato a deputado federal, Celeni Viana, comentou que a política alegretense sempre esteve disputada por dois partidos tradicionais e que, posteriormente, ocorreram mudanças que criaram uma nova concepção de política social, inibindo bons nomes ao pleito legislativo. Celeni reitera que Alegrete ainda não criou a consciência de como é importante ter um representante eleito, de nosso Município, para defender os interesses e atender a necessidade do povo alegretense.

A ex-vice-prefeita e ex-candidata a deputada estadual, Preta Mulazzani, comentou sobre a dificuldade de ter um representante político de nosso Município em âmbito estadual e federal. Preta citou o exemplo de Pillar, que conseguiu, com bastante votos de Alegrete, se tornar deputado estadual há muitos anos. A ex-vice-prefeita, também, salientou que é necessário haver discussão sobre a estrutura política, que não basta ter um candidato identificado com a região se este não tem capacidade de construir mandatos carregados de compromisso regional. Por fim, Preta reiterou a importância do uso das redes sociais como forma de visibilidade aos candidatos da região, os quais precisam lidar com a baixa densidade eleitoral.

Leandro Japur, ex-presidente da UABA, destacou a importância do tema tratado neste espaço. Ele mencionou que, durante o período que trabalhou no rádio, era uma constante dele trabalhar a mentalidade do alegretense em relação a ter deputados estaduais e deputados federais oriundos de nosso Município ou, pelo menos, da região. Leandro analisa este problema como algo cultural e traz o exemplo envolvendo vereadores, em que muitos não são naturais de Alegrete. O ex-presidente considera esta constatação curiosa e salienta que caberia um estudo maior sobre o assunto.

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Deonir Martini, ex-presidente do Centro Empresarial, reiterou a cultura do povo alegretense de votar em representantes políticos, oriundos de outras localidades, os quais pouco contribuem com projetos que beneficiem o nosso Município. Ademais, Deonir salientou que precisamos desenvolver a consciência de votar em representantes políticos daqui ou, ao menos, da região, propiciando, assim, um “voto útil”, capaz de oportunizar o repasse de emendas parlamentares para Alegrete. Por fim, o empresário destacou que o população precisa cobrar bastante o retorno em projetos e serviços dos representantes políticos.

O Prof. Dr. Luiz Felipe Schervenski Pereira, professor de História, amplo conhecedor de eleições e do comportamento do eleitor em anos de pleito, além de ser constantemente convidado a participar de coberturas eleitorais na rádio Minuano, também deu seu parecer sobre o assunto abordado nesta reportagem. Segundo o professor, é muito importante que tanto no Congresso Nacional, quanto na Assembléia Legislativa, estejam presentes representantes de Alegrete e região para serem a voz ativa dos interesses de nossa comunidade.

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Luiz A. Dutra

-Um dos entrevistados pontua que estranha a ausência de candidatos originários daqui, de eleitos para a Câmara Municipal não oriundos do município. -Entendo isso como algo irrelevante, analiso primeiramente se o candidato possui capacidade para exercer tamanha responsabilidade, muitos vejo apenas como mero “cabo eleitoral” de outro mais apto, mais capaz, com suporte partidário e financeiro para uma campanha abrangente e ampla, de nada adianta ser “daqui” e totalmente despreparado, inapto para a função. O sujeito chega a Câmara de Vereadores, huma, as vezes nem completa huma legislatura e já quer galgar voos mais altos, já sonha com algo além de sua capacidade, não aprendeu nada, não apresentou um trabalho digno, competente, não se fez conhecer pela capacidade e já pensa em voar alto, pecam por isso, é o meu pensar.