Profissionais da saúde do RS recuperados da Covid-19 falam sobre a doença: ‘Você faz uma reflexão de vida’

Médico cardiologista de Porto Alegre e diretora-executiva de hospital de Caxias do Sul contam como foi a experiência com o coronavírus, os sintomas, o período de internação no hospital e a recuperação.

Dois profissionais de saúde do Rio Grande do Sul, que pegaram o coronavírus e se curaram, contaram para a reportagem da RBS TV como foi a experiência com a doença, os sintomas, o período de internação no hospital e a recuperação.

O médico cardiologista Oscar Dutra, de 68 anos, conta a história com alívio, depois do susto causado pelos sintomas da Covid-19.

“Eu vi a morte do meu lado. Aí, você faz uma reflexão de vida, em um curto espaço de tempo, por tudo aquilo que você fez ou deixou de fazer, ou o que poderia ter feito, que é a coisa mais importante. Seus valores mudam. Incrivelmente, mudam da noite para o dia”, afirma.

 

O médico disse que sentiu muita falta de ar.

“Os sintomas respiratórios, com a falta de ar, foram crescendo, mas crescendo, assustador, a tal ponto de que em um determinado momento, para fazer uma higiene oral, eu chegava a me ajoelhar no chão de tanta falta de ar”.

Oscar não precisou ser entubado. Ele foi tratado com a pronação, que é um procedimento em que o paciente fica de bruços para melhorar a oxigenação nos pulmões, e fisioterapia. Foram 20 dias de internação.

“Eu nunca imaginei que eu ia passar por uma situação tão grave”.

O médico está ansioso porque deve voltar a trabalhar na semana que vem. Ele disse que, além da idade, faz parte do grupo de risco porque tem pressão alta e há 24 anos fez uma angioplastia.

“Eu acho que me dou bem com o homem lá em cima, então ele não me quer lá. Ele disse que é pra eu ficar mais um tempo por aqui”, conta.

Quem passou também pela situação de pegar o coronavírus e precisar ser internada foi a diretora-executiva do Hospital Virvi Ramos, de Caxias do Sul, Cleciane Doncatto Simsen. Ela passou por um longo tratamento, com transfusão de plasma, que é a aplicação da parte líquida do sangue de pessoas curadas do coronavírus em pacientes que ainda estão lutando contra ele.

“Eu aprendi que por mais que a gente se cuide, a gente tem que se cuidar mais. Depois de ficar 12 dias internada, sete deles na UTI, veio o alívio de receber alta. eu acho que a primeira lição que fica, e eu pratico muito isso, é a gratidão. acho que primeiro gratidão a Deus, eu me arrepio de falar”, conta Cleciane.

 

No hospital da serra gaúcha, o tratamento de transfusão de plasma já ajudou outras 15 pessoas, além da diretora. É como se fosse uma doação de sangue. Apenas homens, de 18 a 60 anos, que estão recuperados há mais de 28 dias, podem doar.

“A importância da conscientização das pessoas na doação é justamente porque a partir da doação é que vai ter mais estoque junto aos bancos de sangue”, conta.

Médico Oscar Dutra quando teve alta do hospital após ficar internado devido ao coronavírus — Foto: Reprodução/RBS TV

Médico Oscar Dutra quando teve alta do hospital após ficar internado devido ao coronavírus — Foto: Reprodução/RBS TV

Fonte: G1