Projeto “Cartas de Afeto”: detentas de Alegrete produzem livro literário

"Tempo /Tempo para aprender / Tempo para errar/ Tempo para consertar/ Tempo para amar/ Tempo até mesmo para odiar/ Tempo de reconciliar/ Tempo para sorrir/ Tempo para chorar/ Tempo para viver a vida/ Tempo que não podemos/ Deixar passar". (Rafaela)

O poema “Tempo”, produzido por Rafaela, faz parte do livro “Cartas De Afeto”,  produzido com mulheres em privação da liberdade do presídio estadual de Alegrete.

Organizado por Ana Lúcia Vargas, Merlen Alves e Paulo Amaral, a construção da obra faz parte da programação do projeto “Cartas de Afeto – Caminhos para a liberdade”, que é desenvolvido desde 2021 pelo Coletivo Multicultural e consiste na troca de cartas com exercícios literários entre as oficineiras Ana, Merlen e as mulheres que participam do projeto.

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“Nesse tempo de troca de cartas, pudemos conhecer mais de perto a vida e experiências das detentas, todas mulheres abandonadas pelo sistema e, na sua grande maioria, também pela família. O isolamento, o desamparo e a solidão são companhias constantes de mulheres presas”, destacam Merlen e Ana Lúcia.

Sobre a importância da prática literária a abnegada dupla de coordenadoras do projeto enfatizam que além de promover a prática da escrita criativa por meio de cartas, um dos objetivos era dar visibilidade a essas mulheres inexistentes para a maioria da comunidade alegretense, afirmam Ana Lúcia e Merlen.

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A importância do projeto para as mulheres participantes é demonstrando na própria escrita, como no relato de M.S.S:

“Queria que vocês soubessem como vocês me fizeram bem trocar as cartas de afeto com vocês. Me fizeram perdoar minha mãe de tudo que ela fez pra mim e pros meus filhos, também perdoei minhas irmãs e meu irmão que nunca vieram me ver neste lugar, e também perdoei meu pai pelo mal que ele me fez e entreguei as pessoas que mataram meu filho cruelmente nas mãos de Deus(…) Vocês foram para mim os anjos que conseguiram mudar meu jeito de pensar  e com essas atitudes hoje me sinto mais leve, pois consegui fechar feridas antigas que não paravam de sangrar e doer, perdoei e me perdoei também.”

O projeto é financiado pela FLD – Fundação Luterana de Diaconia e tem o apoio da SUSEPE e Presídio Estadual de Alegrete. Além do livro, também foi produzido um documentário, dirigido por Alisson Machado, que mostra toda a trajetória do projeto. O livro e o documentário serão lançados em março de 2023.

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