A força das pernas femininas na prática das corridas de rua em Alegrete

As mulheres estão em constante crescimento para quebrarem paradigmas. E esta luta não é apenas contra o mundo.

Há muitas coisas que atrapalham o desenvolvimento das mulheres nas mais variadas áreas. Algumas barreiras são externas: falta de espaço no mercado de trabalho e questões até de segurança física.

Mas, muitas vezes, são os conflitos internos, questões que muitas incorporam por herança cultural, que as fazem congelar diante dos desafios. Pensar que o próprio corpo não é ideal para a atividade (muito magra, muito gorda, muito baixa, muito alta, etc), vergonha e timidez, ou não ser boa o suficiente para um esporte, trabalho ou pessoa.

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O empoderamento feminino por meío da corrida, mostrar como praticar atividades físicas e adotar um estilo saudável são ferramentas fortíssimas de transformação. E vai muito além da saúde física, a conquista da força, reforço na autoestima e o respeito ao próprio corpo.

Não importa se é para emagrecer, cuidar da saúde mental, encontrar amigos ou quebrar recordes: é fato que as mulheres descobriram que a corrida é capaz de mudar a vida para melhor.  Em Alegrete, não é diferente do resto do mundo, elas estão nas ruas praticando a atividade física.

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Um sinal positivo dessa afirmação foi em março deste ano, numa corrida em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, cerca de 80% dos inscritos na prova, eram do público feminino. Não é para menos, em grupos ou sozinhas, é possível ver nas ruas da cidade esse crescimento. De cada cinco homens correndo, é possível perceber três mulheres praticando a modalidade.

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E nesse contexto, o Portal Alegrete Tudo foi conferir a história delas. Carol Machado, iniciou na corrida
em agosto de 2022 por uma necessidade de fazer uma cardio para baixar o teor de gordura corporal. Ela conta que já havia tido experiência com a corrida no Exército.

“Mas isso era um peso, porque tinha que fazer para passar nos TAF ( Teste Físico Militar), daí comecei despretensiosamente em agosto de 2022 e não conseguia correr uma quadra sem parar, cansava muito, mas não desisti, e tive total apoio do meu esposo Marcelo e da minha amiga Adeline Rosso, em quem eu me inspirei”, relembra.

Carol conta que um dia a amiga Adeline sugeriu que ela se inscrevesse numa prova de 5km, para fazer a estreia. “Me inscrevi (Meia-maratona da Independência) e daí nunca mais quis parar de correr. Hoje, a corrida vai além de um esporte, é um momento de me conectar mais com Deus, faz parte da minha vida e uma rotina pra ter uma melhor saúde mental. Conheci muitas pessoas nas corrida, fiz muitas amizades, e hoje temos uma turma de amigas engajadas com o mesmo propósito: correr para ter saúde e ser feliz”, conta.
“Se tu ainda não corre começa hoje! Vai aos poucos, começa com uma caminhada, alternando um trote e caminhada e logo tu também vai estar correndo teus primeiros 5km”, incentiva Carol.

Gieli diz que conheceu a corrida por meio do seu esposo, que já praticava o esporte há alguns anos. “Confesso que no início fui um pouco resistente até mesmo por ser sedentária, mas hoje não me vejo longe desse esporte, que ganhou meu coração e me trouxe amizades que eu quero levar para vida inteira”, se orgulha a atleta.

Outro exemplo vem de Caroline Vargas, ela sempre praticou esportes, mas com a corrida, iniciou a prática em 2014, ainda com poucas mulheres na corrida.

“Após um ano e meio, engravidei e acabei parando com a corrida, por priorizar outras atividades incluindo a rotina nova de ser mãe. “Recomecei a correr há 1 ano e alguns meses e em razão da pandemia e depressão , engordei 20kg, insatisfeita com meu físico e com minha saúde mental”, pontua.
“A corrida me ensinou que é ótima a disputa da minha mente com meu corpo, porque eu consigo aquilo que acredito e me dedico. É prazeirosa a sensação de me desafiar, pois cada dia na corrida sou eu comigo mesma, e eu sempre venço quando decido sair de casa e correr, independente do tempo e dos km que fiz. A corrida também me ensinou que é ótima a sensação de dever cumprido, de liberdade, de estar com saúde, de reorganizar pensamentos. Coisas simples que com o dia-a-dia a gente não se dá conta.
Cada dia na corrida é diferente, uns dias (poucos dias) estou motivada, e outros vou por disciplina, mas em todos os dias nunca me arrependo de ter feito o que só eu posso fazer por mim. Sem contar que aprendi a organizar melhor minhas atividades diárias para poder “dar conta” de tudo que tenho que fazer no dia, incluindo meus exercícios e a corrida, escolhas inegociáveis”, afirma.

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Para a servidora pública Claudia Carvalho, a corrida entrou na vida dela como um rompante de liberdade.
“Com o advento da pandemia, senti a necessidade de ultrapassar meus limites físicos, pois sempre fiz caminhadas e academia, contudo a situação tensa que vivíamos pesava em todos os aspectos do cotidiano. Havia uma frustração em relação ao peso que era uma luta diária, assim, resolvi me desafiar.
Naturalmente, havia muitos obstáculos, questões de faixa etária, aquele medo de iniciar, de me expor ao correr na rua e tantas outras inseguranças que toda mulher pode reconhecer. Não me detive e comecei, sem dúvidas foi a melhor decisão de todas. Antes de cada corrida ainda pesam todas aquelas questões, mas quando começo a correr tudo perde o sentido, ao terminar cada treino ou prova, me sinto empoderada, livre e feliz.


Os reflexos estão presentes de forma expressiva na minha vida, as pessoas que conheci nas corridas, minhas conquistas pessoais, meu equilíbrio, minha superação diária.
Depois que comecei a competir, as alegrias que me proporcionou, os lugares que a corrida me levou, mais do que um pódio, a autoestima, o companheirismo dos corredores que sempre se apoiam em busca de ultrapassar suas próprias barreiras. Minha vida hoje é dependente da corrida, é meu estilo de vida e meu orgulho”, destaca Claudia.

Michelle Serpa conheceu a corrida com 9 anos, incentivada na escola, e com o pai dela. “Ao longo dos anos parei e recomecei várias vezes; desta última vez voltei a correr porque queria emagrecer, não estava feliz com o meu corpo. A corrida na minha vida é liberdade, equilíbrio entre corpo, mente e alma, a felicidade que sinto em cada desafio superado me leva a seguir com novos propósitos”, conta.

Fotos: Paulo Germano e reprodução (Facebook)

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