‘Qualquer pessoa que souber tem que fazer a denúncia’, diz delegada sobre feminicídio em Taquara

Homem matou mulher, feriu duas filhas e foi morto após tentar reagir, no domingo de Dia das Mães. Vizinhos relataram que agressões e torturas eram recorrentes, mas nunca foi feita uma denúncia.

Uma tragédia no domingo (10) de Dia das Mães, em Taquara, na Região Metropolitana de Porto Alegre, mostra a importância de denunciar casos de violência familiar, diz a delegada que atua no caso, Rosane de Oliveira.

“Qualquer pessoa que souber tem que fazer a denúncia. Se alguém tivesse feito, não teríamos um homicídio hoje”, relata a delegada.

Um homem, de 51 anos, matou a esposa, de 49, feriu duas filhas, de 8 e 14 anos, e depois foi morto ao tentar atacar um policial usando uma faca, na residência da família.

Vizinhos e familiares informaram à polícia que as agressões e torturas eram recorrentes, mas não havia denúncias, nem medidas protetivas registradas contra ele.

“Ele era uma pessoa extremamente agressiva. Tinha histórico de violência contra os filhos e a mulher, mas por medo a família nunca denunciou nem os filhos”, explica Rosane.

Agressão a filho mais velho

O único registro policial contra o homem foi por outro caso de violência familiar. Ele esfaqueou o filho, em 2013, segundo a polícia, enquanto o jovem tentava defender a mãe de agressões. O homem foi preso por alguns dias. Em depoimento, a mulher o defendeu.

No sábado (9), o homem brigou com vizinhos. A Brigada Militar chegou a ser chamada. “Ele já estava transtornado”, relata a delegada.

Na manhã de domingo (10), o filho mais velho do casal, desconfiado de que o pai poderia agredir a mãe, foi até a residência deles. O pai se recusou a deixá-lo entrar. O rapaz ouviu então a mãe pedindo por socorro, dizendo que estava sangrando.

As duas filhas conseguiram fugir por uma janela, já feridas, e foram socorridas pelos vizinhos. Foi quando a Brigada Militar chegou ao local, após ter sido acionada.

Os agentes cercaram a casa, pediram para ele sair, mas o homem resistiu. A BM invadiu a residência, e encontrou a mulher já morta.

O agressor estava trancado em um cômodo, e quando um dos policiais arrombou a porta, ele tentou esfaqueá-lo. O policial revidou com tiros. De acordo com a delegada, o procedimento foi correto, pois o homem estava transtornado e poderia ter matado o agente.

O homem chegou a ser levado ao hospital, mas já chegou sem vida.

A polícia ainda faz diligências para concluir o inquérito, mas a delegada já adianta que vai registrá-lo como feminicídio.

Fonte: G1