Relatório da Emater mostra o índice de perdas nas lavouras de arroz e soja depois das enchentes

O escritório Regional da EMATER, com sede em Bagé, emitiu o relatório de 29 de abril a 05 de maio, período com ocorrência de chuvas em todos os municípios da Fronteira Oeste e da Campanha, sobre o impacto da chuva nas culturas de arroz e soja.

Os acumulados expressivos de chuvas foram os eguintes: São Gabriel (246 mm), Rosário do Sul (165 mm), Dom Pedrito (160 mm), Manoel Viana (150 mm), Alegrete (146,8 mm), Candiota (141 mm), Itacurubi (128 mm), Hulha Negra (117 mm), Aceguá (115 mm) e Maçambará (106 mm). Em Manoel Viana, a enchente no Rio Ibicuí é a segunda mais expressiva da história com o rio atingindo a cota de 14,80 metros, apenas superada no ano de 1941. O município de Santa Margarida do Sul ficou isolado na terça-feira (30) com a interrupção das estradas de acesso, sendo também relatado a ocorrência do rompimento de uma barragem.
Nessse período, as temperaturas foram amenas com pico de elevação no início do período em alguns municípios da Fronteira Oeste, sendo a máxima de 33,7oC registrada em São Borja na terça-feira (30), superando também os 30oC em Quaraí, Alegrete, Itaqui e Uruguaiana. A mínima foi de 9,8oC em Aceguá na sexta-feira (03).

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SOJA

A estimativa de plantio na safra 2023/24 é de 1.098.900 hectares na área da regional da EMATER de Bagé com municípios da região campanha e fronteira oeste. A área estimada significa um aumento de aproximadamente 2,68% em relação a cultivada no ano anterior. (Fonte Ipan/Emater).
Conforme o relatório foram observadas filas nas empresas que recebem grãos com a grande concentração de máquinas envolvidas com a colheita. Houve ampliação dos horários normalmente adotados para operação, incluindo também o período da manhã quando normalmente a umidade das plantas e grãos encontra-se mais elevada. Na recepção dos grãos, relatos de dificuldades e lentidão para realização da descarga dos caminhões nos tombadores devido alta umidade dos grãos que formam placas nas carrocerias e não caem naturalmente nas moegas.

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Produtores realizam o monitoramento das lavouras já maduras há alguns dias ou semanas, sendo estas as mais suscetíveis a perdas que ocorrem na forma de abertura natural das vagens, germinação dos grãos e proliferação de fungos que acabam apodrecendo os grãos. Como ocorreu na safra 2015/2016 que também foi marcada por grandes volumes de chuvas no período de colheita, nota-se variação entre as cultivares quanto a intensidade das perdas relacionadas com o processo de abertura das vagens causada pela umidade excessiva. No processo de colheita também ocorrem perdas devido a elevada umidade das plantas de soja e dos grãos, bem como a presença de invasoras e forrageiras como azevém e aveia afetando as etapas de trilha, separação e limpeza realizado pelas colheitadeiras.
Na região da Campanha, produtores com os trabalhos de colheita paralisados entre a segunda-feira e a quinta-feira, estão retomando as atividades nas áreas com melhor drenagem a partir da sexta-feira e alcançando mais áreas até o último domingo.

Em contatos com as empresas que recebem soja na região, técnicos da EMATER indicam que no momento as cargas estão chegando com elevados índices de umidade na faixa de 22% até 30% e impurezas acima de 5%, sendo que os grãos avariados estão em percentuais baixos com significativo número de cargas ainda ficando dentro da margem de tolerância onde não incidem descontos. É Grande a apreensão dos produtores para os próximos dias com previsão de grandes volumes de chuva que certamente vão elevar as perdas na lavoura e os descontos nos silos com aumento do percentual de grãos avariados. Algumas lavouras já sofreram perda total após ficarem alagadas por mais de uma semana ou pela passagem de enxurradas que causaram o tombamento das plantas.
Na Fronteira Oeste, cenário semelhante com produtores enfrentando perdas que se acumulam a cada dia que passa sem que a colheita possa ser realizada. Os poucos momentos sem chuva no período foram utilizados para colheita. As condições adversas do piso resultam em perdas adicionais devido a maior dificuldade para o corte rente ao solo das plataformas das colheitadeiras operando no barro e as áreas ficam com grandes rastros abertos pelos rodados do maquinário, sendo mais uma despesa a ser suportada após o término da colheita com a necessidade de gradagem para correção do microrrelevo do solo. Em São Gabriel, apenas 50% das lavouras colhidas até o momento e para a área restante as perdas causadas pelas chuvas excessivas foram estimadas em 50% em área de 67.000 hectares e 100% em aproximadamente 1.000 hectares que estão submersos há vários dias. Em Maçambará a área colhida já alcançou 70% do total cultivado e as perdas na área restante são estimadas em 35%. Em Manoel Viana, colheita atingiu 82% restando em torno de 10.000 hectares no campo com perdas estimadas de 30%. Enchente do rio Ibicuí resultou em perda total nas áreas de soja próximas. Nas áreas de coxilhas, as perdas estão se intensificando com o atraso da colheita e a persistência do clima úmido. Em São Borja, colheita alcançou 75% da área cultivada com algumas poucas horas de trabalho efetivo no período. Perdas estimadas em 20%, porém com alto potencial de elevação baseado nas previsões climáticas.

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Comercialização

Os preços pagos aos agricultores variaram de R$ 117,00 a R$ 125,00/sc de 60 quilos, sendo que a maior ocorrência foi de R$ 117,00/sc. Estável na maior ocorrência em relação à semana anterior.

ARROZ

A estimativa de plantio na safra 2023/24 é de 354.369 hectares. A área estimada significa uma redução de aproximadamente 2,81% em relação a cultivada no ano anterior. (Fonte Ipan/Emater).
Colheita das lavouras de arroz severamente comprometida devido a sequência de dias chuvosos. Como agravante, as lavouras estão situadas em áreas de várzeas predominantemente, onde o acesso torna-se mais complicado e estão concentrados os maiores pontos de alagamentos nas propriedades rurais. Embora mais adiantada que a colheita da soja, ainda estima-se que falte colher pouco mais de 14% das lavouras, aproximadamente 50.000 hectares.

Em Uruguaiana e Barra do Quaraí a colheita não avançou em nenhum dia no período, restando ainda 10% da área cultivada no campo com sérios riscos de perda a considerar as previsões de altos volumes de chuvas e a cheia do Rio Uruguai que deve alagar boa parte dessas lavouras. Em São Borja, 15% das lavouras ainda por colher e perdas já estimadas em 20% com alto potencial de aumento dos prejuízos com a elevação prevista para o Rio Uruguai e afluentes. Em Maçambará, a colheita atingiu 90%, porém a área restante está sendo afetada pelas fortes chuvas com estimativa de perdas de 30% até o momento. Em Caçapava do Sul chuvas com volume aproximado de 300 mm destruíram as lavouras de arroz que ainda não haviam sido colhidas, em torno de 200 hectares. Em Manoel Viana, cenário semelhante de perdas ocasionadas pela enchente que devastou os 500 hectares de lavouras de arroz que restavam para ser colhidas. Em São Gabriel, restando ainda grande área por colher em torno de 30% ou 7.800 hectares. As perdas são estimadas em 30% no momento. Alguns produtores com problemas para realizar a secagem do arroz e consequentemente perdendo qualidade dos grãos, seja por falta de energia para as propriedades com silo, seja devido a demora no transporte dos grãos das lavouras até os locais de armazenagem por problemas nas estradas.

Comercialização

Os preços pagos variaram de R$ 100,00 a R$ 115,00/sc de 50 quilos, sendo que a maior ocorrência de preço foi de R$ 101,00/sc. Estável em relação à semana anterior.

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