RS é o terceiro estado com mais acidentes aéreos no país em 10 anos

Rio Grande do Sul só fica atrás de São Paulo e Mato Grosso. No estado, maior ocorrência de mortes é proveniente de atividades agrícolas.

aeroporto de Santa Rosa
aeroporto de Santa Rosa

O Rio Grande do Sul é o terceiro Estado com maior número de acidentes aéreos no país nos últimos 10 anos. De acordo com o Painel Sipaer, que é uma ferramenta de visualização de dados sobre ocorrências aeronáuticas da aviação civil brasileira, desde 2011, ocorreram 165 acidentes no RS que resultaram em 31 mortes. Os índices equivalem a pouco mais de 10% do total de casos no Brasil (1,5 mil) e 3,5% do número de vítimas (880).

No ranking por estados, o RS perde para São Paulo – onde 389 casos (25% do total) levaram à morte de 160 pessoas (18,1%) na última década – e Mato Grosso, em que 171 acidentes (11,3% do total) mataram 82 pessoas (9,3%).

O levantamento não inclui informações sobre acidentes com aeronaves militares, que são mantidos sob sigilo.

Por acidente, entende-se ocorrências que envolvam, pelo menos, uma de três condições: pessoas com lesão grave ou morte, aeronave com falha estrutural ou dano ou, ainda, que seja considerada desaparecida ou esteja em local inacessível.

Além dessas estatísticas, no estado, foram registrados ainda 51 incidentes graves (que envolvem circunstâncias indicando elevado risco de acidente relacionado à operação de uma aeronave) e 128 incidentes (ocorrência aeronáutica associada à operação de uma aeronave, que afete ou possa afetar a segurança da operação), totalizando 343 ocorrências compiladas pelo Painel Sipaer na última década.

“Para o Rio Grande do Sul, a gente vê que (a estatística) está estável. A quantidade de acidentes não é tão grande”, diz a professora Cláudia Fay, do Programa de Pós-Graduação em História da Escola de Humanidades da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e docente do curso de Ciências Aeronáuticas.

Em números absolutos (desconsiderando volume de voos e tamanho da frota), o maior índice de mortes no Rio Grande do Sul é proveniente de atividades agrícolas: são 13 óbitos em 72 acidentes. Em seguida, estão as fatalidades em voos de instrução, que registram 2 mortes em 33 acidentes. Os deslocamentos particulares fizeram 5 vítimas fatais em 23 acidentes.

Segurança nos voos

A professora Cláudia afirma que os dados da aviação civil no Brasil confirmam que voar de avião é seguro – mais até do que por via terrestre quando a comparação é proporcional. Voos comerciais, segunda ela, são especialmente seguros devido à fiscalização sobre as companhias áreas. Ela sugere que o número de acidentes é maior quando o recorte é de voos particulares – o que os dados da Sipaer confirmam. Normalmente, por falhas relacionadas às medidas de segurança e fiscalização.

“Na aviação, quando falamos de acidente, ilustramos dizendo que elos de uma corrente vão se fechando para causar esse acidente. Geralmente, é uma sucessão de erros. Se conseguir parar um deles, tu evita o acidente”, afirma Cláudia.

Ela lembra o caso o caso do bimotor Lodestar, que se chocou contra uma colina, o Cerro dos Cortelini, em Rincão dos Dornelles, em São Francisco de Assis, em 1950. O acidente matou o candidato a governador do RS, Joaquim Pedro Salgado Filho.

As causas nunca foram completamente esclarecidas. As investigações sugeriram a cerração dificultava a visibilidade para pouso. O piloto arremeteu na Base Aérea de Gravataí, atual Base Aérea de Canoas, onde aviões maiores costumavam pousar devido à falta de estrutura do então Aeródromo São João – que posteriormente passou a se chamar Aeroporto Salgado Filho, hoje, Porto Alegre Airport. Depois das arremetidas, voando baixo, a aeronave acabou colidindo com o topo do Morro do Chapéu, a quase 300 metros de altura.

Isso não quer dizer que falhas não ocorram em voos comerciais. Cláudia relembra um acidente que não foi no RS, mas traumatizou a comunidade gaúcha. No dia 17 de julho de 2007, o Airbus A320, que saiu da Capital com destino a São Paulo no voo 3054 da TAM, não parou na pista do terminal na capital paulista e bateu em um prédio da própria companhia. Morreram todos os passageiros e a tripulação, além de pessoas que estavam em solo.

A investigação concluiu que o acidente teria sido causado exclusivamente por um erro dos pilotos do Airbus 320. As caixas-pretas do avião indicam que os comandantes manusearam os manetes (aceleradores) de maneira diferente da recomendada. Um deles permaneceu na posição de aceleração, deixando a aeronave desgovernada.

Fonte: G1

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