Alunos em anos finais do ensino médio não terão mais educação física

O novo currículo escolar da rede estadual do Rio Grande do Sul foi publicado no fim de 2021 em portaria da Secretaria da Educação (Seduc) e surpreendeu educadores e estudantes. Em 2022, alunos dos 2º e 3º anos do ensino médio não terão a disciplina de educação física na grade de atividades.

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A Seduc afirmou em nota que a mudança na grade de disciplinas cumpre o previsto no novo ensino médio, que começa a ser implementado neste ano em todo o país.

“A prática da Educação Física segue presente no currículo na formação geral básica e será desenvolvida também nos Itinerários Formativos, onde será ofertada nas trilhas formativas da área das Linguagens e suas Tecnologias e eletivas”, diz. Leia a íntegra da nota abaixo.

Entidades ligadas a profissionais da área criticaram a mudança no currículo. A Delegacia Regional da Federação Internacional da Educação Física no RS enviou um ofício para o governo do estado defendendo a manutenção da disciplina nos anos finais do ensino médio.

“A gente está lutando para que continue, no mínimo, uma vez por semana”, diz o delegado regional, Everton Deiques.

Com o novo ensino médio, a disciplinas viram áreas do conhecimento, de modo similar ao que acontece no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), e deixam de ser ministradas como eram até então. Para este ano letivo, só há previsão de um período semanal de educação física, para alunos do 1º ano.

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O professor cita estudos científicos na área que recomendam a realização de atividades físicas ao menos três vezes por semana e a importância da prática na formação dos adolescentes.

“Hoje em dia, devido à violência e à tecnologia, o jovem está mais afastado dos esportes. Então, ele precisa da escola. A família brasileira não tem condições de pagar uma escolinha de futebol, handebol, de vôlei., ela depende da escola”, afirma.

Entre os estudantes, a reforma também causa preocupação entre os estudantes. O presidente da União Gaúcha dos Estudantes Secundaristas (UGES), Lincoln Fonseca, diz que a nova proposta pode aumentar a desigualdade entre estudantes de escolas públicas e privadas. Além disso, a entidade teme que a redução da carga de algumas disciplinas prejudique a preparação dos jovens para o vestibular.

“Aconteceu com a educação física, aconteceu com a literatura, de ter períodos reduzidos. Arte, biologia, história. Tirar essa matérias, além de atrapalhar a formação do cidadão, atrapalha o senso crítico do estudante”, considera.

Integrante da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, a deputada Sofia Cavedon (PT) é profissional da educação física. A parlamentar disse que considera frágil a proposta do governo, não apenas em relação à disciplina, mas com o agrupamento de outros conteúdos em uma mesma denominação.

“A educação física é um dos impasses. Tem vários problemas seríssimos, na redução da formação integral. Há um encaminhamento precoce para o mundo do trabalho. Nós fizemos toda a problematização nesse semestre e, mesmo assim, não teve escuta do governo”, avalia.

A Comissão de Educação deve realizar uma audiência pública para debater a questão em fevereiro.

Nota da Seduc:

A partir da implementação da nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento que norteia toda a Educação Básica brasileira, tanto na rede pública quanto na rede privada, o Novo Ensino Médio surgiu como uma proposta para a renovação de oferta de educação aos jovens brasileiros e visa aproximar as escolas da realidade dos estudantes. Entre seus objetivos, estão o protagonismo do estudante e a permanência escolar por meio de aprendizagens significativas.

Esta mudança abre espaço para uma nova organização curricular permitindo a composição de um currículo que proponha, além dos componentes curriculares, a oferta de clubes, oficinas, projetos, incubadoras, núcleos de estudo, de criação artística, entre outros espaços que podem ampliar também a prática e a cultura do esporte nos sistemas e instituições escolares. A referida proposta dialoga com as Metas do Plano Nacional e Estadual de Educação.

Pela proposta, o primeiro ano, que inicia em 2022, contempla a formação geral básica. Nessa etapa, o aluno tem as disciplinas normais de formação geral: Língua Portuguesa, Matemática, Inglês, Artes, entre outras, além de carga horária destinada a seu Projeto de Vida e sua relação com o mundo do trabalho.

No segundo ano, que iniciará em 2023, depois de o aluno trabalhar seu Projeto de Vida, ele poderá optar por Itinerários Formativos que contemplem seus interesses e anseios profissionais.

A Secretaria Estadual da Educação (Seduc) destaca ainda que a prática da Educação Física segue presente no currículo na formação geral básica e será desenvolvida também nos Itinerários Formativos, onde será ofertada nas trilhas formativas da área das Linguagens e suas Tecnologias e eletivas.

A finalidade é possibilitar que os estudantes participem de práticas diversificadas, que lhes permitam ampliar suas capacidades expressivas em manifestações artísticas, corporais e linguísticas, proporcionando oportunidades para a consolidação e a ampliação das habilidades de uso e de reflexão sobre as linguagens.

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Leo índio

Governadoru acabou com a educação física Escolar