Belas e Feras. Conheça as histórias dessas mulheres em suas atividades profissionais em terreno até então dos homens

O Dia Internacional da Mulher é celebrado anualmente, no dia 8 de março. A ideia de uma celebração anual surgiu depois que o Partido Socialista da América organizou o dia da mulher, em 20 de fevereiro de 1909, em Nova York — uma jornada de manifestação pela igualdade de direitos civis e em favor do voto feminino.

De acordo com os registros históricos, o primeiro Dia Internacional da Mulher foi celebrado em 28 de fevereiro de 1909, nos Estados Unidos, por iniciativa do Partido Socialista da América.

Foi a partir da Revolução Industrial de 1789, que elas passaram a ir para as ruas, exigindo melhores condições de trabalho, igualdade entre os sexos, melhores salários, entre outros fatores.

 

Durante anos consecutivos, em diversos países ocorreram manifestações, reunindo multidões de mulheres que reivindicavam por seus direitos.

Na época, as condições trabalhistas, principalmente em fábricas, eram insalubres, perigosas e desumanas. Frequentemente, homens e mulheres protestavam por melhorias. Apesar do sofrimento ocorrer com todos os funcionários (ambos os sexos), as mulheres eram ainda mais prejudicadas.

Os salários das mulheres eram mais baixos, as jornadas de trabalho de indústrias têxtil e de vestuário, por exemplo, chegavam até 16 horas, além de serem espancadas e assediadas sexualmente.

Os anos se passaram e a mulher conquistou seu espaço. Já dizia a frase – Lugar de mulher é aonde ela quiser – E elas quiseram. Nesta segunda, a data é celebrada em todos os cantos, a reportagem do Portal Alegrete Tudo foi em busca de algumas histórias que mostra o profissionalismo das mulheres. Além de belas e feras, elas mostram que são competentes naquilo que se propuseram a fazer.

 

Lisieli Ferreira Noetzold, cabelos presos, unhas pintadas revelam uma profissional de mão cheia na área de chapeamento e pintura.

É ela que conserta automóveis danificados em acidentes de trânsito. Com 17 anos de profissão, 11 trabalhando em Alegrete na empresa Valduga Chapeamento e pintura, onde é proprietária ao lado do esposo, a loira cativou seu espaço num ramo dominado por homens.

Aprendeu com o esposo a arte de retoques, alinhamento e espelhamento. A oficina onde trabalha faz chapeamento e pintura e é ela quem faz o trabalho ao lado daquele que ensinou e acreditou no potencial da mulher. Lisiane atende o telefone, passa orçamento, conversa com o cliente e conserta o problema do cliente.

Logo que pisou em um canteiro de obras, Patrícia disse que alguns colegas não acreditavam que uma mulher poderia estar dentro de uma obra executando serviço que então era só do público masculino. Mas foi só iniciar o trabalho e acabou ganhando elogios pelo profissionalismo.

Patrícia Martin, 45 anos, é azulejista e está há 10 na profissão. Foram 7 anos na Construtora Sotrin, empresa pioneira a empregar mão de obra feminina, acreditando no potencial da mulher.

Atualmente, Patrícia trocou de empresa, já são 3 anos de azulejista na Ritt Empreendimentos, onde cumpre uma rotina de serviço. Todos os dias, exceto feriados e domingos, ela inicia o trabalho às 7h30min, até meio-dia. Pela manhã tem um intervalo para o café de 15 minutos, o mesmo ocorre no turno da tarde, com o expediente das 13h30min até às 18h. O almoço da Patrícia é no serviço, onde ela reaquece os alimentos que leva. Sem tempo para ir para casa por morar longe, o jeito é fazer essa refeição no canteiro de obra mesmo.

 

A azulejista conta que hoje o trabalho é tranquilo e os colegas aceitam bem a presença feminina no canteiro, ganhou respeito e admiração. Patrícia se sente realizada pelo trabalho, a cada obra finalizada a profissional comemora com afinco a profissão que tornou uma das conceituadas profissionais do ramo de construção civil de Alegrete.

Bacharel em Enfermagem pela Universidade Federal do Pampa, Lisiele Guerra Machado, 35 anos, ingressou na Brigada Militar em 2006.

Na BM permaneceu por 12 anos e só saiu quando as instituições se separaram, entre Brigada Militar e Corpo de Bombeiros, ela optou por migrar para o Corpo de Bombeiros, onde está há 2 anos.

A soldado Lisiele integra o serviço operacional, em atendimento às mais diversas ocorrências, do combate ao incêndio no Caminhão até ao Atendimento Pré-Hospitalar na Ambulância. Sua rotina em trabalho é uma adrenalina, dias tensos outros nem tanto, mas ela está sempre em prontidão.

Por ser mulher, Lisiele diz que enfrentou resistência no início do trabalho. Alguns casos isolados que questionaram a capacidade física de trabalho, devido ao fato de ser mulher. Porém isso se dissipou no momento em que ela teve a oportunidade de mostrar sua capacidade técnica para o trabalho.

Hoje ela conta com o apoio da maioria dos colegas, que acreditam no seu trabalho e tratam a soldado Lisiele de igual pra igual.

Trabalhar em horários diurno e noturno por quase 48 h semanais de forma direta já virou rotina para soldada Adriele. A cada escala de serviço, são 12 horas trabalhando de forma direta.

Esse ano ela completa 15  anos de carreira numa rotina corrida onde administra problemas. Adriele integra o policiamento ostensivo da Brigada Militar. É na rua que ela desempenha suas funções garantindo a proteção da comunidade.

A soldado Adriele conta que até então nunca teve problemas por ser mulher, em certos casos, nas ocorrências, os homens até respeitam mais uma voz feminina, embora admita que exista o machismo.

Piloto de aplicativos de entrega, Jéssica Menezes de Souza, hoje, 27 anos, é mais uma mulher que apostou na sua capacidade e invadiu o espaço que até então era dominado por homens. Ela faz as entrega de delivery para empresas do ramo de alimentação.

A rotina a bordo de duas rodas inicia pouco antes do meio-dia e invade a noite. É com sua moto que tira o sustento em plena pandemia do novo coronavírus.

Ela topou o convite da empresária Arlete Verdum França, proprietária do Delivery Mamma Mia e há pouco mais de um ano exerce a função de entregadora.

Jéssica conta que foi normal a aceitação de uma mulher entregadora. Ganhou o respeito dos colegas e encara o trabalho de forma natural. Com uma enorme bolsa de entrega, típica do delivery, ela circula por todos os cantos de Alegrete.

Júlio Cesar Santos