Compositor de Alegrete é premiado na Sapecada da Canção Nativa em Santa Catarina

A baixa temperatura não arrefeceu o entusiasmo do público que compareceu em bom número para prestigiar a Grande Final da 31ª Sapecada da Canção Nativa, realizada nos dias 13, 14 e 15 de junho, no centro da cidade de Lages em Santa Catarina.

Com o evento transferido para o coração da cidade e realizado no fim de semana, a Sapecada teve recorde de inscrições, mais de 700 composições, e uma participação expressiva do público. Segundo a Polícia Militar, cerca de 25 mil pessoas circularam pela Praça João Costa ao longo do domingo.

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Mais uma vez o palco do festival recebeu composições de excelente nível musical, dificultando o trabalho da comissão avaliadora, formada por Anahy Guedes, Fabiano Bacchieri, Joacir Borges (Vacaria), Mauro Silva, Osmar Ransolin, Rafael Ferreira e Rafael Puerta

A vencedora deste ano foi “Poncho Miliquero”, a milonga de Evair Gomez, com melodia de Juliano Gomes e interpretação de Pirisca Grecco.

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A cidade de Alegrete teve um representante. O compositor Marcelo Mendes foi um dos premiados. Ao lado do bageense Odair Texeira, a dupla autora da milonga “Presilha de Um Laço”, foi premiada com o “Melhor Arranjo”, da 31ª edição.  A interpretação esteve a cargo de Juliana Spanevello.

“Agradeço ao meu parceiro autor da melodia, pela dedicação com que conduziu o nosso tema desde quando recebeu o verso até a apresentação no palco. A Juliana muito obrigado pelo comprometimento e pela linda interpretação da nossa presilha. Aos irmãos que defenderam nossa composição no palco”, destacou Mendes.

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Marcelo explica que Presilha é a parte final do laço, composta por alça e botão, com a finalidade de “apresilhar” o laço aos arreios. Quanta história ela poderia nos contar? Quantas cenas campeiras presenciou, junto ao laço atado nos tentos ou nas mãos de um homem campeiro?

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“A imagem de uma presilha foi a intenção para estes versos, nos quais tento descrever, na poética sensibilidade, o seu cotidiano, por ela mesma; suas particularidades, como o seu feitio, mais fina que a trança do laço; sua estampa, que muda conforme a lida, verde do pasto ou com terra de mangueira e sua serventia, mesmo desabotoada, nos arreios de um guri que está aprendendo a manejar um laço. A presilha, assim como o seu campeiro, se adapta ao trabalho e seus rigores, pois quando firme apresilhada, garante o compromisso e o sustento de quem vive no campo”, explica o autor da letra.

Presilha de um laço

Sombreada pelo pelego me vi presilha de um laço

e o chinchador é querência aonde firme me abraço.

Virei poesia no arreio, ramal torcido na essência

com algum risco de espora que marca minha existência.

Sustento o tirão mais bruto mais delicada que a trança,

escuto gritos de volta sempre que a armada balança.

Estampa verde do pasto com barro do banhadal,

mesclada com suor da doma na estendida de um bagual.

Por vezes “desabotoada” nos arreios de um guri,

ensinamento e cuidado destes campeiros daqui.

Nos pealos de toda a trança sou parte desta fronteira,

aonde deixo meu rastro riscando o chão da mangueira.

Apresilhada a um palanque sou mais que frio e rigor,

perfilando a cavalhada na forma do corredor.

Me amaciei no sereno juntei a poeira dos cascos,

fui tropa larga e distância com a melodia dos bastos.

Num domingueiro retorno com o laço a bate cola,

eu vi o escuro da noite prender a lua na argola

E apresilhei as rodilhas com a saudade do rincão,  

onde adormeço em silêncio na velha paz do galpão.

Fotos: Augusto Camargo e reprodução

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