Covid-19: com lento declínio da doença, Alegrete pode entrar pela 6ª vez consecutiva na bandeira laranja

Um estudo indica que o Rio Grande do Sul pode ter passado pelo momento mais crítico de novos casos de covid-19 no começo de setembro e, segundo projeções, estar ingressando em um período de declínio da pandemia.

 

As estimativas calculadas pelo doutor em matemática e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Álvaro Krüger Ramos sugerem que esse recuo deverá ser lento e se estender ao longo de vários meses. Mudanças no comportamento da população, porém, podem mudar a taxa de transmissão da doença e alterar essas expectativas para pior ou melhor.

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Em Alegrete, na última quarta-feira (23), surgiram 7 casos positivos de Covid-19. O município chegou a 580 casos confirmados, com 518 recuperados. Com 47 casos ativos da doença, somente uma pessoa está hospitalizada.

A cidade já testou 6.251 pessoas testadas, sendo 5.664 negativos, 580 positivos e 7 estão aguardando resultado. Em observação com síndrome gripal são 188 pessoas.

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Nesta quinta-feira (24), serão colhidos os números pelo Governo do Estado para definir as bandeiras do Distanciamento Controlado. Se confirmada na bandeira laranja, Alegrete permanecerá pela 6ª vez consecutiva na área de risco médio de contagio do coronavírus.

Na Região 03, o município com 18 leitos de UTI, registrava 7 pacientes internados, conforme dados processados na manhã de hoje. Dos sete, 3 pacientes não possui Covid-19, um está suspeito e os outros três tiveram a confirmação do vírus. Dos 18 leitos Covid-19, apenas um está ocupado. A taxa de uso dos respiradores é de 27,8%, dos 18, apenas cinco estão em uso.

Os 9 hospitais da região Uruguaiana somam 78 leitos pelo SUS, 50 deles estão ocupados. São 163 leitos Covid-19, com a taxa de ocupação de 9,2% (15). Dos 78 respiradores em UTI, 34 estão em uso.

Numa análise da ocupação dos leitos na região, 37 pacientes estão internados com outros problemas de saúde. Apenas oito dos 50, tiveram a confirmação de caso de coronavírus, e 5 são considerados suspeitos.

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O epidemiologista e consultor do Hospital de Clínicas Jair Ferreira concorda que, “aparentemente”, o Estado pode estar ingressando em uma curva descendente após conviver por muitas semanas com o que o governo estadual classifica como um “platô” da doença:

 

— Tivemos picos de internações em UTI no meio de agosto e no começo de setembro. Então, é possível estarmos em um momento de leve queda.

 

Mas Ferreira lembra que esse declínio pode ser bastante vagaroso, já que a subida da curva também demorou. O estudo de Ramos reforça essa hipótese ao prever que a média diária de novos casos deverá se manter acima de mil até o início de 2021.

 

O número de mortes registradas por semana epidemiológica (padrão para monitoramento de doenças, com início sempre em um domingo e término no sábado seguinte) também indica uma menor gravidade da doença no Estado. Segundo dados da SES, o pico de óbitos por data da morte teria ocorrido entre 26 de julho e 1º de agosto — quando houve 408 vítimas. Os números da semana recém-encerrada podem estar subestimados em razão de eventual demora para notificação do óbito, mas essa tendência tem se mantido desde o começo do mês passado.

 

Jair Ferreira observa que um aumento no nível de testagem pode levar a um crescimento no número de casos — sem que isso corresponda a um agravamento real da pandemia na mesma medida. Por isso, é importante prestar atenção em outros indicadores como o registro de mortes ou internações.

Júlio Cesar Santos                         Foto: Eduardo Silveira                    Fonte: GZH