Luiza Brunet vai desfilar na Imperatriz Praça Nova; enredo que exalta Xangô justiceiro

Enredo homenageia babalorixá gaúcho, e terá como bandeira o enfrentamento contra a violência doméstica.

Luiza

A Imperatriz Praça Nova, será a terceira escola a desfilar, na noite de sexta-feira, dia 3 de março, no carnaval fora de época, que ano a ano fica mais forte em todo o Estado. O tema é em homenagem a um grande Babalorixá gaúcho, o mestre Antônio Carlos de Xangô, que morreu há dois anos. “Tambores de Fé com o Alagbê de Xangô. O tema ganhou força nestes últimos dias com o convite feito e aceito pela artista e eterna madrinha de bateria carioca, Luiza Brunet.

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“Pela primeira vez estou indo a Alegrete, porque esta possibilidade de dar visibilidade ao sinal vermelho e alerta contra violência doméstica, que a Imperatriz vai levar à avenida, com um Xangô vivo, de justiça e guerreiro, faz todo sentido”, ressalta este ícone do carnaval brasileiro.

A artista tem sido uma porta-voz de peso, para denunciar esta chaga social que afeta lares e relacionamentos abusivos em todas as camadas sociais e em todos municípios do Brasil. “Quando recebi o convite de uma amiga do Sul, Delegada de Polícia, também vítima deste tipo de situação, foi na hora. O carnavalesco bancou o projeto e estamos indo lá pra mostrar, que é uma bandeira justa, necessária e emergencial”, segundo Luíza Brunet.

No enredo, a Imperatriz justifica esta dupla defesa: tanto da ancestralidade quanto da bandeira do Xangô Vivo, no cotidiano das pessoas, principalmente das mulheres: Um alabê não é a batida do Alujá, um alabê é uma experiência cósmica a trazer o coração, a fúria, a beleza, a força, a justiça, as paixões, a cura e à salvação aos homens, nesta sintonia mágica e espiritual dos orixás com seus filhos.

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Não será apenas um enredo, mas uma celebração na avenida, de um legado que faz de nossos poros, de nossa dança, de nossa entrega de corpo e alma a um devoto desta ancestralidade. Ele é a cepa dos baobás, o recôndito das florestas e seus troncos encantados, que retumbam energia pura da mãe África e botam um país nas ruas, que imanta de fé seu povo em terreiras, até bem pouco tempo, quase clandestinas. A homenagem que a Imperatriz Praça Nova se propõe, é para espelhar o que sentimos e o quanto da complexidade da vida nos impõe amar, lutar, crer, discernir e fortalecer crenças, que não combinam com preconceitos e com uma única possibilidade. Sair do esconderijo, expor este nervo, é a própria essência de Xangô”.

Imperatriz, a escola caçula

Em 2004 um grupo de amigos, que reuniu-se numa roda de samba no Claudius Bar, foi notando o aumento de entusiastas plurais. Gente ligada à diferentes escolas de samba, outros ligados à nenhuma, tantos e tantos jovens inquietos, querendo jogo no em torno de um espaço pequeno, barulhento e movido pelo samba. Não deu outra. Ou deu outra…nascia ali o embrião de outra escola de samba.

O Claudius Bar ficava dentro da Cidade Alta, portanto, território da MICA, mocidade da cidade alta, porém, a duas quadras da Praça Nova, uma fronteira entre o centro e à cidade alta, com um pé em cada uma destas zonas de Alegrete.

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Ali foi fincada a sede da escola, portanto, área de transição de vários bairros, mas sem uma comunidade efetiva.

A Imperatriz é assim. Movediça, rebelde, de classe média, do samba e de gente inquieta e barulhenta. O espírito contraditório do rebelde à favor encaixa bem neste figurino do ethos da vermelha e branco, caçula do carnaval de Alegrete.

Foi apenas uma vez q última colocada. Na estréia. Depois disto ou foi vice ou foi campeã, na verdade bi campeã.

Inovou no carnaval de Alegrete, trazendo o ar transformador que Uruguaiana inspirava. Mudou o conceito de carros alegóricos, inovou ainda em contratar atrações cariocas na harmonia, casais de mestre sala e até madrinha de bateria, e sintonizar a bateria com a levada mais suingada do RJ.

O carnaval em Alegrete é retomado nove anos depois.

A imperatriz está de volta. Está querendo jogo, viu neste meio tempo sair de seus quadros jovens dispostos a retomar, resgatar e restaurar uma escola de samba desativada, mas com raíz, Nós, os Ritmistas ( que também foi buscar em nossas fontes, inspiração para renascer em grande estilo) e, por isso, eleva a régua na busca de novos tempos, em novo patamar.

Neste período de menos de 20 anos a Escola ainda gerou três secretários municipais de turismo e desperta lideranças em várias de atuação interna como no município.

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Como dissemos por aqui. Somos de todos os bairros. Queremos muito vento na cara. Queremos o samba nas entranhas e desafios…

O enredo deste ano vem na linha da Imperatriz, que já homenageou poeta, sambistas, guerreiros, lendas, buscou identificar diferentes formas de expressar nossa paixão pela vida. Agora, com um Xangô, espiritual, antropológico e muito vivo, com a bandeira contra injustiça e violência doméstica.

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