Médico alegretense, sobrevivente da Covid, descreve os 20 dias de intenso sofrimento

Apesar dos cuidados e das medidas restritivas adotadas pelo município, o momento é de aumento no número de casos da Covid-19 por contágio comunitário, o que eleva a preocupação da classe médica. Diariamente o número aumenta e expõe, principalmente, pacientes com comorbidades que sofrem mais os efeitos da Covid-19.

O médico clinico geral e cirurgião, Erasmo Guterres, preocupado com o momento, ao acompanhar o quadro de um amigo e médico,agora curado, solicitou um depoimento para que desta forma, ambos pudessem demonstrar para a população que o melhor alerta são os cuidados preventivos.

“Não há nenhum medicamento, a gente não sabe quanto tempo vai durar essa pandemia, mas é certo que a prevenção é o melhor remédio. Medidas como o uso da máscara, higienização e o distanciamento controlado são importantíssimos. O pedido para que ele fizesse esse relato foi para mostrar que esse vírus não é brincadeira. Não é para colocar pânico na população, é para demonstrar o quanto depende de cada um” – explicou Erasmo.

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Na tarde de domingo(9), o médico Erasmo Guterres da Silva, recebeu de um amigo de longa data e colega de profissão, um relato sobre a Covid-19. Muito mais de que falar sobre o vírus, o médico Oscar Dutra, cardiologista do Instituto de Cardiologia Porto Alegre, falou com a propriedade de ser um sobrevivente.

Alegretense, o cardiologista iniciou o vídeo falando sobre a amizade que há mais de 50 anos é preservada com o médico Erasmo. Destacou que nasceu e foi criado em Alegrete, estudou nas escolas Marquês de Alegrete e Instituto Estadual Oswaldo Aranha. Com bom humor, argumentou que a trajetória dos amigos culminou na escolha da profissão, porém, cada um foi para uma Universidade distinta do outro.

“Erasmo pediu para eu expressar a evolução da Covid-19 que fui acometido nos últimos 20 dias, 12 hospitalizados, destes, 8 na UTI” – relatou.

O médico renomado em cardiologia, ressalta que os dias na UTI foram com sofrimento intenso por conta do vírus que provoca uma infecção respiratória do organismo de uma forma brutal.

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” É incrível, mas ele “pega” o coração, rim, pulmão, os músculos, as artérias periféricas. Então, é uma tragédia, literalmente, uma tragédia. Eu me considero um sobrevivente” – destacou.

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Na continuação do relato, Oscar lembra que há 10 dias ele literalmente entregou sua alma a Deus por conta do sofrimento pulmonar. Foi então que questionou a sua médica o que deveria fazer para não ser entubado, não queria o respirador mecânico. Ele foi orientado a Pronação (deitar o paciente de bruços), mobilização precoce e muita fisioterapia, além da tolerância a alta dose de corticoide que iria receber. “Eu aceitei o desafio e, 48h depois retomei as rédeas da minha vida e vim num crescente, um crescente bastante importante. Isso também mostrou algo bastante significativo que foi a solidariedade das pessoas à minha volta dentro do hospital Moinho dos Ventos”- comentou.

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Por outro lado, o médico fala do quanto severo é o processo. Ele cita que a doença consome a pessoa, desta forma, perdeu 10kg em 9 dias, isso, sem perder o apetite. E, para concluir, já que o vídeo foi gravado no Dia dos Pais, ele acrescenta que estava muito feliz por ter o privilégio de estar ali com as duas filhas. Também completou dizendo que atualmente vê a vida de uma forma diferente, um outro prisma e deixa muito evidente que tudo o que a população tem de mais certo, hoje, é a prevenção.

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“O mais importante é o uso correto da máscara, a higienização das mãos e o controle em relação a aglomerações. Vejo com preocupação que as pessoas parecem que estão se liberando como se fatalmente todos terão que contrair o vírus, mas isso é muito grave, não deve acontecer. O papel de cada um deve ser a prevenção, estamos vivendo uma pandemia, uma tragédia este é o resultado do vírus no corpo humano.

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Abaixo veja o vídeo:

Flaviane Antolini Favero