O efeito da pandemia no psicológico das crianças pode gerar muitos transtornos

Há mais de oito meses a rotina dos alegretenses, incluindo um grande contingente de pessoas, foi alterado em razão da pandemia do novo coronavírus.

Dentre muitas abordagens sobre o assunto, uma delas que vêm sendo discutida é o efeito emocional que essa mudança ocasionou nas pessoas,  dentre elas, especialmente nas crianças.  Com muita energia e um pensamento ainda muito focado no entretenimento que passa pelo encontro com colegas, as brincadeiras nas pracinhas, os jogos de futebol,  o ballet, entre outros, eles ficaram “presos” a muitas regras que até para os adultos há dificuldades em assimilarem, imaginem os pequenos.  Essa situação requer que os pais tenham mais atenção ao comportamento dos filhos e fiquem atentos a situações que possam representar ansiedade,  pânico e depressão.

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Um dos casos, foi de um menino de oito anos.  A família buscou atendimento junto ao pediatra e, posteriormente, com psicóloga devido à mudança no comportamento da criança.

O olhar atento dos pais identificou que o filho estava mudando os hábitos como trocar a noite pelo dia, o excesso de tempo no celular e, principalmente, a ansiedade que resultou em considerável aumento de peso em pouco tempo, cerca de dois meses, bem como a falta de concentração nas aulas online e as crises de ansiedade e pânico que passaram a ser recorrentes. O comportamento do filho que passou a caminhar de forma exagerada em todas as peças da casa, o aumento dos medos e dos  conflitos.

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A reportagem também falou com a psicóloga Thaís Campos que falou sobre algumas medidas importantes a serem tomadas, além de outras informações pertinentes ao assunto e importantes. Confira:

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Sim, Dra meu filho não é  esse, ele não era assim, de uns tempos para cá ele… E assim tenho ouvido quase que diariamente em meu consultório desde Abril deste ano.

Não tem jeito. Independentemente da idade, o confinamento está impactando de alguma forma a vida de todas as crianças.

As primeiras repercussões começaram a ser apontadas por estudos lá fora. Um levantamento realizado na província chinesa de Xianxim com 320 crianças e adolescentes revela os efeitos psicológicos mais imediatos da pandemia: dependência excessiva dos pais (36% dos avaliados), desatenção (32%), preocupação (29%), problemas de sono (21%), falta de apetite (18%), pesadelos (14%) e desconforto e agitação (13%).

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É evidente que tudo varia de acordo com a idade, as características da menina ou do menino, o contexto familiar e social e, principalmente, o jeito com que os adultos ao redor lidam com a situação.

Na primeiríssima infância, nos primeiros mil dias do bebê, ele só vai perceber o estresse em função da interação com a mãe ou o cuidador. Já em crianças entre 3 e 6 anos, o impacto será sentido em termos de organização da nova rotina, tentativas de entendimento das mudanças e até uma possível relação com a doença e a morte. Fora que, nessa fase, elas necessitam de mais espaço para explorar o mundo, o que faz parte da aprendizagem e do desenvolvimento cognitivo.

O confinamento não limita apenas esses horizontes, mas o próprio gasto de energia da criançada. E os reflexos dessas restrições são agitação, irritabilidade, alterações no sono. Os sinais de ansiedade também se expressam pelo corpo, com maior ocorrência de dores de cabeça ou barriga, e por comportamentos regressivos: como voltar a pedir chupeta, correr para a cama dos pais à noite, retroceder no processo de desfralde etc. São as pistas de que o pequeno procura por estabilidade e segurança, um acolhimento que só os adultos à sua volta podem oferecer.

O enredo fica ainda mais complicado porque ninguém pode ir à escola. Justamente em um momento da vida em que as experiências físicas e as interações sociais são tão importantes. Ainda que as instituições e as famílias corram atrás do prejuízo, diversos estudiosos acreditam que o ensino a distância não seja tão efetivo quanto o presencial. Mas, enquanto durar o isolamento, é preciso encarar e driblar o desafio, criando uma rotina de atividades didáticas e mantendo a conexão com a escola e os coleguinhas virtualmente.

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E, aí, outro dilema dá as caras: o limite de uso das telinhas e telonas. No início do ano, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) atualizou suas recomendações para a saúde mental de crianças e adolescentes na era digital, reforçando que a exposição a celular, tablet e afins se restringisse a uma hora por dia entre 2 e 5 anos de idade e, no máximo, duas horas por dia entre 6 e 10 anos, sempre sob supervisão de adultos.

Mas como é que fica para crianças a partir de 7 anos que estão tendo aulas exclusivamente online por causa das circunstâncias?  Precisamos levar em conta as limitações das telas, o desgaste que elas provocam e toda a adaptação que o ensino remoto impõe a escolas e famílias.

Segundo posicionamento da SBP, é preciso admitir que as alternativas ao ensino adotadas de forma emergencial não serão suficientes para substituir integralmente a escola e que pode haver um retrocesso na trajetória de aprendizado.

Porém,  vamos deixar essa pauta para outro momento e voltar ao assunto inicial, observe como está o sono do seu filho se está alterado demais, se não consegue brincar ou se concentrar, se há muitos episódios de choro ou se tudo isso está interferindo nos estudos. O sono, aliás, é um capítulo muito importante para não dizer o mais importante a ser observado sempre, ainda mais agora nesse momento de pandemia onde os pequenos perderam sua rotina. A começar pelo fato de ele ser um dos primeiros a serem prejudicados com períodos de estresse. Só que o repouso noturno é crucial para o aprendizado, e é ao dormir que o cérebro consolida as memórias. De acordo com um documento do Núcleo Ciência pela Infância sobre as repercussões da pandemia entre os pequenos, há inúmeras evidências da influência do sono no desenvolvimento cognitivo e emocional.

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Daí a necessidade de continuar zelando pelas noites da criançada. Na prática, isso passa por estabelecer horários para acordar, se alimentar, realizar as atividades e ir para a cama (num ambiente silencioso e escurinho, por favor). A rotina cria a noção de previsibilidade e segurança tão estimada pelos filhos. Tranquilos, eles dormem melhor. Não deixe de observar os seguintes fatores da vida dos pequenos:

Sono

Dificuldades para adormecer e manter o sono, fuga para a cama dos pais e pesadelos são mais frequentes. O ideal é rever a rotina da casa, estipular rituais e horários para deitar e acordar, acolher a criança caso desperte de sonhos ruins e deixar o ambiente mais tranquilo à noite.

Alimentação

A ansiedade pode minguar ou exacerbar o apetite. No primeiro caso, não obrigue a criança a comer e seja mais flexível, pois a alimentação deve ser vista como algo positivo. Se a fome for insaciável, vale controlar a ingestão, mas com cuidado para não criar proibições ou castigos.

Atividade física

A movimentação é crucial para o desenvolvimento motor. E o tempo em casa, sem exploração de novos espaços, pode trazer algum atraso, mas nada que não será revertido depois. Estimule a criança a correr e brincar, permita que pule no sofá e encontre outras formas de gastar energia.

Emoções

O impacto psicológico da pandemia depende da reação dos adultos em casa. Os pais devem dar o exemplo no controle do estresse e da rotina, explicar a situação aos filhos com honestidade, tranquilizá-los em momentos tensos e pegar orientações com o pediatra.

Interação social

O impacto psicológico da pandemia depende da reação dos adultos em casa. Os pais devem dar o exemplo no controle do estresse e da rotina, explicar a situação aos filhos com honestidade, tranquilizá-los em momentos tensos e pegar orientações com o pediatra.

Educação

As escolas estão correndo para se adaptar ao ensino a distância nesses meses de confinamento. Para pequenos de até 6 anos, as aulas virtuais costumam ter menos efeito. Acima dessa faixa, o conteúdo online é importante, mas, ainda assim, as crianças precisam da supervisão dos pais.