O ser humano está cada vez menos inteligente, aponta pesquisa norueguesa



A inteligência do ser humano continua sendo pauta em discussões e objeto de estudo de cientistas pelo mundo. Estudos científicos sobre os mecanismos que movem o intelecto conseguiram encontrar uma forma de medição padronizada acerca da inteligência humana – o teste de Q.l. (quociente de inteligência) – amplamente reconhecido e aceito. Em boa parte do século XX, diversas nações tinham o prazer de anunciar que o Q.I. médio de seus habitantes subia constantemente, mas, atualmente, o que se vê é uma decrescência da curva.
A inteligência humana começou a engatar marcha ré a partir dos anos 2000. É curioso pensar que a civilização humana, a qual durante muito tempo, ascendeu intelectualmente, agora passa por um período de regressão cognitiva. O renomado neurocientista francês, Michel Desmurget, em seu livro “A Fábrica de Cretinos Digitais”, aponta para o que afirma ser a maior causa do estado atual de estagnação intelectual: o excesso de tempo gasto diante da tela dos mais variados aparelhos digitais. Ele reitera que a tela, em si, não representa um mal, mas o número de horas desperdiçadas na sua frente.
Já o neurocientista Claudio Serfaty, do Programa de Pós-Graduação em Neurociências na Universidade Federal Fluminense, alerta para o uso de dispositivos digitais pelas crianças. Segundo o especialista, no caso dos pequenos, as tecnologias são um entretenimento passivo, sem reflexão e desafios, as quais não passam de uma diversão viciante. Além disso, Claudio destaca que esse vicio pode afetar consideravelmente o desenvolvimento dos três pilares básicos do progresso cognitivo: as interações, a linguagem e a concentração.
A confirmação de que o Q.I. da sociedade está diminuindo chegou por meio de uma pesquisa realizada por cientistas noruegueses. Após analisarem mais de 730 mil avaliações de quociente de inteligência, eles concluíram que as pessoas estão cada vez mais menos inteligentes. O estudo verificou uma diminuição de praticamente 7 pontos de uma geração a outra, sendo a última a que apresentou menor inteligência. O fenômeno é uma reversão do Efeito Flynn – conceito usado para nomear o aumento constante do índice de acerto nos testes de Q.I., verificado na população mundial durante o século XX.
A pesquisa norueguesa, realizada pelo Centro Ragnar Frisch de Pesquisa Econômica, sugere que o ápice do Efeito Flynn foi registrado em pessoas nascidas no meio da década de 1970. Depois disso, verificou-se uma redução nos índices do quociente de inteligência. O psicológico Stuart Ritchie, da Universidade Federal de Edimburgo, que não participou da pesquisa, declara que está impressionado e preocupado com os resultados apresentados e que esta é a prova mais convincente de uma reversão do efeito Flynn.
De acordo com a pesquisa, os fatores que podem estar atrelados à queda nos índices de Q.I. são: o tipo de educação oferecida às crianças nos dias de hoje e as atividades exercidas por elas (menos tempo de leitura, por exemplo). Mas, também, há a possibilidade de os testes de Q.I. serem inconclusivos, pelo fato de eles não tem se adaptado para quantificar com precisão a inteligência das pessoas modernas.
O tipo de avaliação utilizada na pesquisa norueguesa poderia favorecer formas de raciocínio que podem ser menos enfatizadas na educação contemporânea e no estilo de vida dos jovens. A tendência é que, em um futuro próximo, tenhamos um veredito sobre a eficácia dos resultados alcançados. Atônitos, ficamos no aguardo da conclusão em relação à procedência dos dados.
João Baptista Favero Marques

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