Privatização da Corsan teve audiência pública na Câmara de Vereadores

O tema posto para discussão pelo presidente da Frente Parlamentar, Moisés Fontoura, defensor ferrenho da água como bem público, foi amplamente debatido  por mais de duas horas, com ampla participação.

Privatização da Corsan teve audiência pública na Câmara de Vereadores
Privatização da Corsan teve audiência pública na Câmara de Vereadores

No  final da tarde desta segunda-feira última,  no plenário Gaspar Cardoso Paines, da Câmara Municipal, foi realizada  a Audiência Pública Híbrida Sobre  a Privatização da Corsan   e os Aditivos ao contrato, em evento  promovido pelas Frente Parlamentar  em Defesa  da Água, reunindo Câmara Municipal e Assembleia Legislativa.  O presidente da Frente em Alegrete, o vereador Moisés Fontoura e a participação dos vereadores João Leivas, Glênio Bolsson, Jaime Duarte e Anilton Oliveira, e na Assembleia legislativa o deputado estadual Jeferson Fernandes/PT.


Participaram  da Audiência, o prefeito Márcio Amaral e o vice-prefeito Jesse Trindade Santos e os secretários municipais Mário Rivelino, Gabriella Segabinazi, Iara Caferatti, José Luiz Cáurio, Daniel Rosso, Angela Viero, Paulo Faraco   e Everton Vilaverde . Também os vereadores  presidente Firmina Soares,  João Monteiro e Dileusa Alves (on line), Anilton Oliveira, Bispo Ênio Bastos, João Leivas  e Fábio Perez Bocão. Do Sindiáguas  as presenças do secretário de divulgação, Rogério Ferraz e  o diretor regional Ricardo Muller, além do  conselheiro emérito Cláudio Emílio. O presidente da UABA, Airton Alende, participou  via internet.

Privatização da Corsan teve audiência pública na Câmara de Vereadores
Privatização da Corsan teve audiência pública na Câmara de Vereadores


Na abertura da audiência, o prefeito Márcio Amaral foi enfático  quanto a esse bem necessário que é a água e  indagou o que pode representar no futuro para o povo gaúcho termos uma água toda privatizada. Que nesses mais de 60 anos, a Corsan  deixou a desejar  em vários momentos com relação a investimentos, mas também não será agora, virando as costas, que vamos resolver esse problema, sem esquecer que há municípios com água privatizada e enfrentando as mesmas situações, ponderou.


O prefeito Márcio informou  que deveria estar em Porto Alegre nesta segunda-feira, para assinar um pré-contrato, mas deixou claro que  não assinará nada enquanto não tiver algo de concreto.

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Na outra ponta, o deputado Jeferson Fernandes, via on line desde a Capital,  também destacou a importância do tema para  um elemento tão essencial que é a água. Disse de sua preocupação  com a situação dos usuários do sistema de saneamento básico e questionou como ficará a regionalização do saneamento.

Diretor do Sindiáguas diz o que muda com o aditivo

Coube ao diretor do Sindiáguas, Rogério Ferraz, esmiuçar o tema, sem antes destacar a postura do prefeito Mário Amaral, sendo o primeiro prefeito a participar de audiências públicas no Legislativo, observou. Ferraz  afirmou que  tem muito prefeito apavorado com o aditivo  que a Corsan colocou na mesa dos prefeitos. A Corsan  gastou R$ 6 milhões  na contratação de duas equipes de advogados que, entre outras tarefas, elaboraram um parecer  no sentido de convencer os prefeitos  de que não precisava o assunto passar pelo Legislativo,  no  entanto, esses advogados já se reuniram  inclusive com vereadores em Santa Maria.


Denunciou o representante do Sindiáguas que  prefeitos estão sofrendo ameaças ao serem condicionados  a assinarem o  aditivo  para terem  a garantia do cronograma de obras. E mais ainda: a Corsan não realizou os investimentos previstos nos contratos, mas a companhia lucrou R$ 480 milhões. Se parte desse dinheiro tivesse sido investido no cumprimento dos contratos com os municípios, a posição da Companhia certamente estaria melhor,  afirmou Rogério Ferraz.

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Foi mostrada a situação de Alegrete em que o contrato assinado em 2010 vai até 2035, com um  aporte do Fundo de Gestão Compartilhada no valor de R$ 507 mil no ano passado. E disse estranhar que o governador afirme não ter a Corsan capacidade de investir em saneamento , mas não mostra os números aos prefeitos. No caso de Alegrete, até 2035, a previsão de investimentos da Corsan é de R$ 122 milhões para um faturamento estimado em R$ 394 milhões. “Se desse valor não sobrar 30 por cento, tem que trocar a gestão  e não trocar a empresa prestadora de serviços”, disparou o diretor.


Sobre a tentativa de privatização da Corsan, Ferraz disse que não tem nada ainda privatizado. O que foi votado na Assembleia foi simplesmente uma autorização para, caso os prefeitos assinarem o aditivo, o governo vender   acima de 49 por cento das ações.


Quanto ao que muda com o aditivo, o diretor explicou  que segue o marco regulatório do saneamento, com as metas de redução de perdas de água, de expansão de serviços e da qualidade, entre outros. E também quanto às metas de cobertura  chegando a 99 por cento para a água e 98 por cento para esgoto até 2035. O governador quer colocar nos contratos a prorrogação até 2062 que, segundo Ferraz, a lei veda, assim como a questão das tarifas   que, a partir de 2028 deixam, de ser como atualmente,  e passam a ser um item fixo como hoje e mais um item variável de acordo com as necessidades de investimento e repassa aos municípios o ônus dos custos da tarifa social. Foi também alertado  sobre  um subterfúgio da empresa privada para aumentar suas tarifas.  Enquanto  a empresa pública cobra 70 por cento do consumo de água para esgoto, a privada  cobra 100 por cento, ou seja, gastou R$ 100   de água, serão mais R$ 100  de esgoto.”Isso é uma maneira de elevar as tarifas”, apontou.

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O dirigente do Sindiáguas chamou a atenção para o fato de que  os prefeitos , ao assinarem  o aditivo, estarão assinando um documento incompleto perante o marco regulatório do saneamento porque não se sabe qual a capacidade  econômica e financeira da nova empresa. E mais ainda, um  aditivo com 59 mudanças  não é um aditivo, é  um novo contrato, alertou.

Deputado Jeferson detalha sobre as principais dúvidas  

O deputado Jeferson Fernandes reforçou, em sua participação on line, que   existe efetivamente um novo marco de saneamento em nível nacional. E alertou para a lei federal 14.026 que  traz metas para tratamento de esgoto e fornecimento de água. Até o ano de 2033, todos os municípios brasileiros deverão atingir  o mínimo de 90 por cento  do tratamento  de esgoto sanitário e 99 por cento  de água potável nas residências desses municípios.

E explicou sobre  a novidade quanto à regionalização do saneamento que significa mais consumidores pagando tarifa e mais dinheiro para fazer investimento principalmente no tocante ao tratamento de esgoto. Também comentou sobre a flexibilização dos prazos para cumprimento das metas que, de 2033 poderão se estender até 2040. Mas que, em nenhum momento, a lei federal tira a titularidade do serviço do prefeito  e não impõe  a necessidade de privatização e sim permite subterfúgios para prorrogar contratos por mais 41 anos. Por fim, o deputado  esclareceu que o fato do governador impor prazos para os prefeitos  assinarem aditivos e  sansões, não tem sustentação em lugar nenhum, pelo contrário, o prefeito  se coloca em risco se assinar  um aditivo nos termos  propostos pelo governo.


E disse da impressionante obstinação do governo em tentar fechar  os prazos até fevereiro do ano que vem. Ele (o governo) quer vender as ações  e abocanhar de 3 a 4 bilhões  para fechar o caixa  em 2022, a fim de suprir o orçamento das quedas  previstas das alíquotas, declarou o  parlamentar.


Finalizou afirmando que  a autorização  dos deputados para a venda da Corsan é um cheque em branco ao governador, mas ao mesmo tempo sem fundos, porque quem manda no saneamento são os prefeitos  e não há nenhuma segurança na manutenção dos serviços, completou. 

Alair Almeida

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