Sebo Praça Nova, uma referência de cultura e arte na Fronteira Oeste

Existem teorias diversas para a origem da palavra "sebo". A mais aceita é a de que o termo provém do fato de que livros usados acabam ficando "ensebados" ou "sebentos", ou seja, engordurados, pelo excesso de manuseio.

Mas, independente dessa teoria, o município de Alegrete ostenta o único sebo da região Fronteira Oeste. Ou seja, um lugar de livros usados que é tradicional em vários países. O alegretense Luis Pércio teve uma brilhante ideia e colocou em prática.

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Foi em 2013, Pércio conta que precisava criar algo que rolasse uma “grana”, referindo-se a incrementar suas finanças. Com apoio incondicional de sua esposa Caroline Giordano juntou seus livros e foi vender na praça.

Foi na praça General Osório que nasceu o Sebo Praça Nova, um local onde a comunidade comprava livros, trocava obras literárias. Ele conta que na primeira exposição eram 50 livros, deu tão certo a ideia que no primeiro dia já fez negócios e aumentou considerável seu acervo. Logo precisou arranjar um local para expor seus materiais. Conseguiu alugar uma casa na Andradas, onde morava e atendia o Sebo.

Até 2016 na Andradas, ele sonhava alto e queria um local só para o Sebo Praça Nova. Sua clientela sempre foi fiel e doações começaram a pipocar, trocar de local foi inevitável. Em 2018, o Sebo se instalou numa casa na Mariz Barros 303, quase esquina com a Tiradentes.

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A reportagem visitou o local justamente no dia que o mentor do Sebo completou 52 anos, dia 28 de setembro. Com vasto conhecimento na área, Pércio possui experiência bibliotecária, trabalhou na Unisinos e adepto da leitura, sempre esteve cercado de livros.

O Sebo Praça Nova possui cerca de 10 mil itens entre livros, revistas, gibis, CDs e farta coleção de vinis. O atendimento de segunda a sexta-feira é das 9h30min às 18h. Aos sábados, das 11h às 16h. No local pulsa histórias e estórias, o movimento é diário e totalmente atípico. Tem dias que é no final do expediente, em outros logo cedo. Assuntos variados, e justamente onde Luis Pércio revela que o mais valioso do sebo são as visitas, uma conversa com clientes vale muito.

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“As pessoas tem que vir para cá. Meu maior prazer é reunir pessoas, não precisa nem comprar”, resume Pércio. O Sebo já recebeu o músico gaúcho Thedy Corrêa, que aproveitou conheceu o espaço e adquiriu sete livros. Uma família mineira passeando pela cidade achou o sebo e se impressionou com o local.

São cerca de 20 clientes fiéis, que semanalmente adquirem produtos. Tem vendas para os estados de Minas Gerais, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro. Até um cliente alemão de Frankfurt, aprendeu português numa vinda ao Brasil e encontrou o Sebo na plataforma da Shope. As vendas são pelas redes sociais de Luis Pércio, e é lá que dezenas de clientes de fora de Alegrete encomendam obras.

Na Mariz, o Sebo Praça Nova se reinventa nestes 10 anos. A casa de janelas grandes remete a uma situação curiosa já que o local não tem placa, segundo o proprietário, um diferencial do Sebo. “Volta e meia passa um e pergunta – isso é biblioteca da prefeitura, ou indaga o que é isso”, dispara Pércio, confirmando que o reconhecimento do Sebo precisa ser geral.

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