Entretanto, há muitos que ainda mantêm o método tradicional, no qual é usada uma tesoura ou “martelo” para cortar a lã. Se chama martelo por causa do barulho que a tesoura faz quando é utilizada.
Neste ofício, além do tosar, também é necessário manear e embolsar a lã. Uma função que é basicamente realizada por homens, despertou o interesse da jovem Manuela Siqueira de 18 anos.
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Manuela reside, em Alegrete, com os pais Adalberto Siqueira Junior e a mãe Simone Siqueira desde 2010.
Ela que é apaixonada pela lide campeira participou da prova de esquila na 43ª Campereada no Município e ficou com o troféu de 1º lugar. Essa atuação teve um significado muito especial e marcou muito sua vida.
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Manuela sorri ao dizer que nenhuma outra mulher participou da prova, mas ficou muito feliz por ter realizado o sonho, de retornar à festa campeira depois de três anos, ter tosado com outros três homens, que inclusive um deles já trabalhou no estabelecimento rural da família.
“Desde o falecimento do meu irmão Mateus Siqueira, exatamente há 3 anos, eu nunca mais participei das provas campeiras da Campereada, pois era tradicional irmos laçar todos os anos. Esse ano, resolvi participar de uma maneira diferente.
Olhei para o pai e disse que participaria da esquila à martelo, logo mandei mensagem para o Cléo Trindade e perguntei se poderia participar.
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Levei 10 ovelhas minhas para a prova. Tosei ao lado de três esquiladores bem mais experientes que eu, que me deram todo o apoio e me auxiliaram bastante. Um desses senhores tosava nosso rebanho antigamente, o seu Doraci, que ficou segundo lugar da prova masculina”- comentou.
Ao narrar um pouco mais sobre o seu amor pela cultura gaúcha e as lides campeiras, Manuela disse que é natural de Santa Maria e sempre residiu no interior.
“Até meus sete anos, eu e minha família residimos em Canguçu, já em 2010 chegamos em Alegrete, onde eu vivi o auge da minha infância. Quando era criança, recordo que todos os anos, cerca de três homens chegavam lá em casa para tosar as ovelhas, sempre no verão.
Meu irmão e eu adorávamos participar, e os guris deixavam a gente pegar as máquinas e participar da esquila, era muito divertido. Desde então, sempre gostei da lida com as ovelhas.
Com o preço ruim da lã, meu pai decidiu que íamos esquilar sozinhos nosso rebanho. Foi aí que eu tomei coragem e peguei a tesoura, mesmo sem experiência nenhuma, porém, bem rápido desenvolvi minhas técnicas de esquilar à martelo, mas do meu jeito, e tosei parte do rebanho na tesoura”- destaca.
Participar da prova, na Campereada, foi uma experiência muito legal, e ela acrescenta que aprendeu muito. “Espero ser exemplo para outras pessoas, para não deixar morrer essa tradição. O tanto de gente que me parabenizou, despertou minha vontade de participar, novamente, no próximo ano. já com mais prática. Agradeço aos envolvidos pela oportunidade, agradeço de coração cada um que me apoiou e me parabenizou”- encerrou.