Vacas são ensinadas a usar “banheiro” em iniciativa da Universidade de Auckland

Treinamento envolveu 16 bezerros, os quais passaram por um processo de aprendizagem divido em três etapas.

Vacas são ensinadas a usar “banheiro” em iniciativa da Universidade de Auckland
Vacas são ensinadas a usar “banheiro” em iniciativa da Universidade de Auckland

A população de gado bovino não para de crescer. Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, o rebanho mundial de bovinos está em torno de 1 bilhão de animais. O Brasil apresenta o segundo maior rebanho bovino no mundo, atrás apenas da Índia. De acordo com a Pesquisa da Pecuária Municipal, divulgada pelo IBGE, o Brasil conta com um rebanho de cerca de 215 milhões de bovinos, o que representa 21,4% do total de animais do planeta.

Percebemos que há um número imenso de gado bovino no mundo. Mas o que muitas pessoas não sabem é que a urina das vacas contém nitrogênio, elemento que misturado com as fezes do animal acaba gerando amônia. A amônia, por sua vez, é considerada um produto químico que representa riscos à saúde, pois, caso seja inalada, pode causar tosse, chiado no peito, falta de ar, queimação nas vias aéreas superiores, além de outros sintomas.

Além disso, a amônia pode ser convertida por micróbios do solo em óxido nitroso, o qual é 300 vezes mais potente do que o dióxido de carbono e 10 vezes mais potente do que o metano. A partir disso, pesquisadores da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia, resolverem criar um “banheiro” para gado, a fim de concentrar a urina em um só lugar para facilitar o seu descarte. A iniciativa também é benéfica para as vacas, pois o acúmulo de xixi nos celeiros danifica os cascos delas.

A experiência contou com 16 bezerros da raça Holstein-Frísia. Com cinco meses de idade, todos foram ensinados a fazer xixi num coletor especial, equipado com grama sintética. Para isso, os pesquisadores aplicaram um processo de aprendizagem dividido em três etapas.

Na primeira etapa, os bezerros eram deixados no “banheiro” até que urinassem. Eles ganhavam uma guloseima se fizessem isso e, então, a porta da saída era aberta. No segundo momento, os animais eram colocados em um espaço de dois metros de comprimento, separado do banheiro por apenas um portão. Nesta etapa, o objetivo era ver se o bezerro se dirigia para dentro do reservado, caso ficasse apertado. E se fizesse isso, ganhava um petisco. Porém, se o animal fizesse xixi no lugar errado, recebia um jato d”água de três segundos.

Na última etapa, o animal era colocado em um lugar mais distante para verificar se ele procuraria o banheiro. Depois do treinamento, que teve 10 sessões, pôde-se constatar que 11 dos 16 bezerros utilizaram o coletor especial

em 77% das vezes que iam urinar. De acordo com o estudo, o desempenho dos bezerros foi superior ao de bebês humanos.

Segundo os cientistas, as emissões de gases amônia seriam reduzidas em 56% se fosse recolhido cerca de 80% da urina nos mictórios. O treinamento é visto com bons olhos pelos pesquisadores, pois, no futuro, seria possível aproveitar a capacidade cognitiva do gado para resolver problemas ambientais sem comprometer o bem-estar animal. Na sequência, disponibilizamos um vídeo referente à segunda etapa do treinamento. Nele podemos observar o bezerro se dirigindo ao reservado e ganhando um petisco por ter urinado no lugar correto.

Por: João Baptista Favero Marques

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