Vizinhos contam detalhes da tragédia que matou casal e criança em Alegrete; desejamos a regularização da área, pontuam

Na manhã de sábado(18), novamente, parte dos moradores que residem no bairro Airton Senna, que corresponde a área invadida, local da tragédia com uma família onde um casal e uma crianças foram mortos em razão de uma eletroplessão, ou seja, "morte provocada pela exposição do corpo a uma carga elétrica letal de forma acidental", procuraram o PAT.

Ainda muito consternados pelo que ocorreu com David Mendes dos Santos, de 37 anos; Juliana Bandeira Macedo Dias, de 38; e Valentin Macedo Santos, de 3 anos, os moradores destacaram que não entendem o motivo que um fio, que seria responsável por levar energia para cerca de 30 famílias, foi retirado pela Concessionaria(RGE), naquela noite, e o que provocou a morte dos três permanece no local.

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O relato de todos que acompanharam e viram o que ocorreu naquele final de tarde fatídico para a família que perdeu a vida dentro de um córrego, foi de que um cabo teria rompido e, como era habitual, David foi até o pátio do vizinho para realizar o conserto. Como nunca saíam sozinhos, segundo os moradores, sempre que um morador iria realizar alguma ação, outros acompanhavam para que pudessem auxiliar, naquele final de tarde, na quinta-feira, Juliana acompanhou o esposo com o caçula no colo.

“Ela foi passar pelo córrego e não percebeu que o fio estava dentro da água, assim que pulou, já levou o choque e gritou. David estava um pouco mais à frente e tentou chutar o fio, mas o desespero dele foi tão tanto que agarrou Valentin. Neste momento, já caiu no córrego de bruços”- detalhou um dos moradores que seguiu o relato falando que eles demoraram alguns minutos até que um alicate fosse encontrado e pudessem cortar os fios de luz. Somente assim, puderam chegar até o casal e a criança.

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Valentin foi o primeiro a ser removido por um vizinho até o hospital, já David e Juliana foram retirados pelos moradores do local e posteriormente colocados na ambulância.

“Nos sentimos impotentes e destruídos pois acompanhamos o que aconteceu e a tragédia poderia ter sido muito pior. Pois estávamos desesperados, o fio foi cortado e se outras pessoas estivessem aqui, teriam tentado retirá-los”- comentaram.

Os moradores disseram que a invasão tem cerca de 10 anos e já tiveram agendas e reuniões com vereadores e com Prefeitura de Alegrete, uma outra reunião está marcada para a próxima quinta-feira. Segundo eles, a área não é da Prefeitura, mas eles buscam apoio para que seja regularizada e possam ter saneamento básico, água e luz.

“Todas as ruas foram feitas por nós, somos uma família nessa comunidade, pois se falta comida em uma panela, juntamos as outras para que ninguém fique com fome. Todos são solidários em relação às casas quando alguém sai, os filhos também são criados, a maioria sob os cuidados de todos.

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Lamentamos muito a morte da família pois eram vizinhos maravilhosos. David era o responsável por auxiliar todos que ficavam sem luz, embora o risco, ele sempre tinha o máximo de cuidado e era quem realizava os consertos. Aqui, outros moradores já levaram choques e, agora, quem está sem luz pelos fios que a RGE levou, não têm como recolocar. Estão todos com medo e pelo custo alto de fios, pois já foram gastos mais de mil reais. Sabemos que isso é errado, mas precisamos ter a regularização para que todos possam ter dignidade”- comentaram.

Em relação aos vereadores, eles pontuaram que apenas o Fábio Peres foi o que esteve lá teria dado atenção a eles. Já com o Executivo, as reuniões teriam sido com o Vice-prefeito Jesse Trindade, que os recebeu em outra ocasião em setembro do ano passado.

No local, que fica ao lado da antiga britadeira, são aproximadamente 90 famílias, 30 estão sem luz desde o episódio.

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Das famílias sem energia, há uma mulher que fez uma cirurgia, uma gestante que tem outros três filhos, uma senhora que tem problemas gástricos e depende de um aparelho a cada 48h, entre outras situações.

A esperança de todos os moradores, embora saibam que o processo não é tão rápido é que algo possa ser feito por todas as famílias. Eles citam que buscam a regularização da água e luz. Todas as moradias, são abastecidas por meio de instalações irregulares em que fios são emendados e a energia muitas vezes abastece varias famílias e que chegam ocorrer até curtos, informou uma família – pois o medo deles sempre foi e continua de que esses curtos também resultem em incêndio nas casas.

A filha da Juliana ficou sozinha, aos 19 anos, com um filho pequeno de cinco anos e um bebê, além da irmã de seis anos para continuar cuidando. Segundo os moradores, a jovem auxiliava a mãe e era dessa forma o sustento, agora, estaria desamparada, também.

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No local onde ocorreu a tragédia, os moradores encontraram o alicate que seria usado por David, uma faca, a escada e o chinelo dele, além do fio de energia, dentro do córrego, no mesmo lugar, que já não está mais energizado, pois os vizinhos cortaram naquele dia.

Tanto o Prefeito Márcio Amaral quanto o vice – prefeito Jesse Trindade falaram do respeito às famílias e destacaram que iriam conversar com as concessionárias, sobre o que pode ser realizado no local. Diálogo que já foi feito em outros momentos – citaram no dia da inauguração do novo calçadão quando também ocorreu um protesto.

“Estamos trabalhando para continuar fazendo todas as regularizações que são possíveis, pois há muitas áreas sob decisão judicial. Salientam sempre que, Alegrete tem 64 bairros, e a maioria foi originado de invasões.

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No ano passado, 445 matrículas foram entregues para famílias nos bairros Nova Brasília, Getúlio Vargas e Sepé Tiaraju, mais um importante marco na expansão da inclusão social, habitação e da qualidade de vida no Município, o que vem sendo realizado, mais isso de acordo com o processo de cada bairro.

David trabalhava no ramo da construção civil, na empresa Sotrin, que publicou uma nota de pesar lamentando o ocorrido com a família.

Os vizinhos ressaltaram que, além do choque, ele teria ingerido água do córrego no momento da queda, pois na certidão de óbito também constava afogamento. Ele caiu de bruços, diferente da esposa e do pequeno Valentin.

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