A violência doméstica não retrocede, mas tem um bom sinalizador ganhando força

A violência doméstica é um problema complexo que tem ganhado destaque nos últimos anos. Este fenômeno pode ser percebido de duas maneiras distintas: preocupante e acalentadora.

Violência

Por um lado, é alarmante constatar que as mulheres continuam a ser vítimas frequentes desse tipo de violência. Por outro, é encorajador observar que mais mulheres têm demonstrado coragem para denunciar esses casos. No entanto, mesmo diante desse avanço, ainda persistem concepções e pré-conceitos na sociedade que culpabilizam e criticam as vítimas, perpetuando um ciclo de violência e desamparo. Neste contexto, é crucial compreender os diversos fatores que levam as vítimas a permanecerem em relacionamentos abusivos e violentos, especialmente a violência psicológica, que muitas vezes as faz sentirem-se incapazes de buscar ajuda.

Para as dores da alma, ligue CVV, é uma ligação que pode salvar uma vida

Diante disso, mais uma vez, o PAT buscou as voluntárias que atuam na ONG Amoras e a posição foi a seguinte:

Nos últimos anos temos observado um crescente número de casos de violência doméstica, que pode ser visto por duas percepções:  preocupante e acalentador.  O que preocupa é que as mulheres ainda são vítimas constantes de violência doméstica. O que anima é que os números demonstram que as mulheres estão tendo coragem de denunciar.

Nos casos noticiados em redes sociais, é possível acompanhamos comentários no sentido de culpabilizar e criticar a vítima.  Frases como: “porque não denunciou antes” ou “deve gostar de apanhar” são vistas frequentemente, vindas de outras mulheres. Isso demonstra que concepções e pré-conceitos que inferiorizam as vítimas persistem na sociedade.

A honestidade anda escassa, mas ainda pode ser festejada

Entretanto, precisamos entender que diversos fatores levam a vítima a permanecer em um relacionamento abusivo e violento.  O principal deles é a violência psicológica, prevista na Lei Maria da Penha, que é o pior tipo de violência que pode ser praticado contra a mulher, pois é ela que faz a mulher permanecer no relacionamento. Por ser uma forma de violência, em muitos casos, sutil ela se apresenta disfarçada de “cuidado”. Esta proteção atua na forma como a vítima se enxerga no relacionamento, fazendo a mulher se achar incapaz de viver sozinha, ou que é merecedora da violência física sofrida, pois se sente culpada pelo fracasso no relacionamento.  É esta violência que retira da vítima a coragem de denunciar.

As frases que a demonstram e que a maioria das vítimas de violência doméstica ouvem são:  “se tu me denunciar vai ser pior pra ti”, “ninguém vai te querer assim”, “tu tem que agradecer por eu estar contigo” ou ainda pior “se tu te separar, eu vou tomar os filhos de ti”. Geralmente, antes de chegar ao ponto da prática da violência física, a vítima já foi agredida desta forma durante muito tempo. Esta “estratégia” faz com que, ao sofrer a violência física, a mulher não tenha forças e coragem para denunciar ou sair do relacionamento, que muitas vezes é movido pelo medo.

Um palhaço tem o mágico poder de alegrar pessoas, mesmo num hospital

Isso tudo é fruto das diferenças ligadas ao gênero, que está arraigada em nossa sociedade. Estas desigualdades inferiorizam ou diminuem o papel da mulher, corroborando com as diferenças sexuais, preconceito, desrespeito, feminicídio etc. É esta percepção que normaliza a violência e diminui sua gravidade, como pensamentos do tipo “em briga de marido e mulher não se mete  a colher”.

E o que nós, enquanto sociedade, podemos fazer?

Primeiramente, o fundamental é acolher a mulher vítima de violência, não devemos julgá-la, pois não sabemos as nuances do relacionamento.

Em segundo, nos cabe orientar a vítima e incentivá-la a procurar ajuda. No município existem diversos canais onde as vítimas podem procurar ajuda: CREAS, CRAS, ESF’S, ONG AMORAS, Conselho da Mulher, Procuradoria da Mulher, Brigada Militar, Polícia Civil, Defensoria Pública e Ministério Público.

Para denúncias anônimas, tanto a vítima como qualquer pessoa pode ligar para o disque 180. É nosso dever, enquanto sociedade, lutarmos contra a violência doméstica.

Se inscrever
Notificar de
guest

0 Comentários
Comentários em linha
Exibir todos os comentários