Caso Priscila: inconformados, amigos protestam na Europa por justiça

Os amigos a descrevem como uma pessoa meiga, carinhosa e muito amada por todos.

No dia 17, conforme previsto, um grupo de amigos da enfermeira Priscila Leonardi, de 40 anos, que foi cruelmente assassinada durante um período de férias em Alegrete, sua terra natal, realizou um protesto, em frente à embaixada Brasileira na Irlanda, em busca de justiça.

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Profundamente chocados e ainda incrédulos diante da desumanidade com que tudo aconteceu, o grupo, autodenominado “família da alegretense no exterior”, enfatizou a necessidade de responsabilizar todos os envolvidos pelo ato perverso contra a enfermeira. Munidos de cartazes, megafones e com o apoio da mídia exterior, eles clamaram por justiça e expressaram a dor da perda de sua amiga. O protesto ocorreu em frente à embaixada brasileira na Irlanda.

Além disso, o grupo contratou uma assessoria jurídica no Brasil, representada pelos advogados Guilherme Fontes e Matheus Ayres Torres, para garantir que suas vozes sejam ouvidas.

No último dia 13, Emerson da Silveira Leonardi, de 30 anos, foi preso preventivamente e encaminhado ao presídio de Alegrete. A polícia o considera principal suspeito do homicídio e da ocultação do cadáver de Priscila. A defesa de Emerson se manifestou por meio de uma nota, informando que acompanhou o depoimento do investigado e entregou à polícia diversos documentos com informações importantes sobre as doações mencionadas e sobre uma suposta disputa entre Priscila e Emerson em relação à casa. Transações e doações financeiras estão devidamente justificadas nos documentos, afirma a nota. A defensora criminalista Jo Ellen Silva da Luz, responsável pela nota, enfatizou que a defesa ainda está analisando e estudando detalhes para garantir um melhor atendimento ao cliente.

O assassinato de Priscila teve grande repercussão tanto no Brasil quanto na Europa. O fato de Emerson ter carregado o caixão de sua prima durante o funeral chocou ainda mais a comunidade local e seus amigos mais próximos. A Polícia Civil continua trabalhando para concluir o inquérito e há indícios de que outras prisões podem ocorrer em breve. O crime está relacionado diretamente à herança deixada pelo pai de Priscila, Ildo Leonardi, que faleceu em 2020. Cerca de 20 dias antes da morte do pai, foram feitos saques da conta conjunta que ele mantinha com Priscila.

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Desde o desaparecimento de Priscila, no dia 19 de junho, seus amigos do exterior mantiveram contato constante com a Polícia Civil de Alegrete, colaborando com a investigação ao fornecer elementos de prova, mensagens trocadas com Priscila e permaneceram totalmente à disposição das autoridades. Eles também difundiram a notícia para os principais meios de comunicação no exterior, gerando em ampla cobertura do caso tanto nacional quanto internacionalmente.

Relembrando os fatos:

A enfermeira foi vista com a vida pela última vez em 19 de junho, após sair da casa do primo Emerson, que foi preso na quinta-feira. Priscila pretendia ir para a casa de uma prima, localizada a cerca de 5 km de distância, onde estava hospedada. Segundo relatos, o suspeito solicitou um carro para levar-la de sua residência até a casa da prima por telefone. O veículo, uma Duster, chegou, Priscila embarcou e, a partir desse momento, não foi mais vista. A polícia está investigando a participação de outras pessoas no crime.

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O corpo da enfermeira, que estava desaparecida desde meados de junho, foi encontrado por pescadores, em 6 de julho, às margens do Rio Ibirapuitã, que atravessa a cidade de Alegrete. Priscila foi enterrada no dia seguinte, na presença de familiares e amigos. Uma perícia constatou que a causa da morte foi estrangulamento e identificou lesões causadas por espancamento.

Priscila Leonardi, enfermeira de 40 anos, residia em Dublin, na Irlanda, desde 2019. Seu último emprego no Brasil foi em um hospital em Nova Prata, e ela se mudou para a Europa com o objetivo de aprimorar o inglês e se qualificar na profissão. Seus pais já tinham falecido, desta forma, a investigação aponta a disputa por herança como uma relação com o homicídio.

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O advogado Rafael Hundertmark de Oliveira, que representava a enfermeira, afirmou que ela tinha desavenças familiares. Segundo Rafael Oliveira, Priscila tinha uma irmã mais nova por parte do pai e elas, embora não tivessem contato, não tinham nenhum problema no inventário. Priscila e sua irmã não tinham contato, mas a enfermeira desejava que o processo fosse transparente e incluísse sua irmã caçula.

Neste ano, Priscila havia entrado com uma ação judicial contra o primo Emerson por uma dívida relacionada à venda de um imóvel, porém o processo ainda estava em fase inicial.

De acordo com uma necropsia realizada no Posto Médico Legal (PML) de Alegrete, Priscila apresentava lesões causadas por espancamento. A a causa da morte foi apontada como estrangulamento, tendo sido encontrada uma fita amarrada ao redor do pescoço da vítima. Priscila chegou ao Rio Grande do Sul em 1º de junho e estava desaparecida desde o dia 19 do mesmo mês. Seu plano era permanecer aproximadamente um mês no RS.

Vídeo- legendado e traduzido por Eduarda Antolini Favero

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