Compositor de Alegrete é premiado com Melhor Letra e vence a Sapecada da Canção Nativa em Lages

Durante três dias, a 30ª Sapecada da Canção Nativa foi realizada na cidade catarinense de Lages. Já era madrugada de quarta-feira (28) quando foram anunciados os destaques da trigésima edição.

A 3ª Capital Farroupilha foi bem representada pelo compositor Marcelo Mendes, o vianense que reside em Alegrete e tem representado muito bem Alegrete nos festivais Brasil afora.

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A excelente qualidade das 16 músicas finalistas deve ter dificultado a decisão do elenco de avaliadores, composto por Adriano Alves, Anomar Danúbio Vieira, Gabriel Maculan, Gustavo Teixeira, Loma Pereira, Luciano Maia e Ricardo Oliveira. Ao final, a concorrida premiação da Sapecada foi definida.

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A chamarra “Verso de Barro” do compositor de Alegrete Marcelo Mendes conquistou o 1º lugar e o prêmio de Melhor Letra. A composição em parceria com Rafael Ferreira, e interpretação de Mauro Silva, deu mais uma conquista para Marcelo Mendes no mundo dos festivais.

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Marcelo é integrante da Confraria Cocho de Sal em Alegrete, desde seu início há mais de 16 anos, também teve participações e conquistas nos seguintes festivais: Saleiro da Canção Crioula de Alegrete, Canto Farroupilha de Alegrete, Estância da Canção Gaúcha de São Gabriel, Ponche Verde da Canção Gaúcha de Dom Pedrito, Vigília do Canto Gaúcho de Cachoeira do Sul, Vertente da Canção Nativa de Piratini, Canto de Luz de Ijuí, Cante uma Canção em Vacaria e a Sapecada da Canção Nativa de Lages. Uma de suas composições mais conhecidas é o “Recado de Tropilheiro”, gravada também por artistas Uruguaios e Argentinos.

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O compositor escreveu a letra Verso de Barro em Setembro de 2023, a reportagem ele destacou a motivação dos versos. Mendes conta que na última primavera, durante um período de fortes chuvas no Rio Grande do Sul, onde os autores, que além de poetas e compositores atuam como médicos veterinários, tiveram seus dias de trabalho no campo marcados por esse cenário de intempérie.

“O barro então virou verso, no canto do João barreiro, na crina suja de um potro, na mangueira marcada a casco, nas porteiras embarradas, no tranquear de um cavalo no compromisso campeiro. O barro no poncho, chapéu, e até mesmo depois de desencilhar ainda manchava o pelo de um tordilho. O tempo pode andar feio, castigar aperos e travar esporas, mas mesmo assim, o poeta encontra motivos para escrever”, explica Mendes. Assim, surge a melodia, tal qual o sol, para secar o verso de barro e perpetuá-lo em cantiga.

Confira a letra na íntegra:

VERSO DE BARRO

Cantador o João de barro sobre o moirão da porteira,

Depois da semana inteira de garoa e aguaceiro,

Encharcou poncho, sombreiro, aperos e invernadas,

Lavando o suor das manadas aos olhos deste campeiro.

Busquei a rima no tempo, enquanto o sol matrereia,

Que vem judiando as maneias, o laço e o tirador.

Feito um bagual sentador, que não se amansa por nada,

Cardando a crina embarrada num palanque costeador.

Este meu verso de barro marcou de casco a poesia

E na alvorada do dia travou roseta de espora,

Respingando sem demora, quando apeei na porteira,

Saiu junto as barrigueiras pra recorrer campo a fora.

E quando enlotei a tropa nestas estrofes inquietas,

Marcas da mescla completa de terra, água e trabalho.

O tranco do meu cavalo todo sujo de querência,

Faz história em reticências… soltando nacos de barro.

E o barreiro segue firme, sempre atento no serviço, 

Cantando seu compromisso num rancho quincha pro céu.

Enquanto n’algum tropel, no passador do banhado,

Cruza um campeiro emponchado com barro até no chapéu.

O verso que ainda canta, na hora da desencilha,

Desapresilha as rodilhas depois de algum atropelo,

Deixando um rastro sinuelo, embarrado no estribilho,

Falando do meu tordilho, mudando a cor do seu pelo.

Fotos: Prefeitura de Lages e reprodução Facebook

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