De geração em geração: Alegrete preserva costume de colher macela na Sexta-Feira Santa

A colheita da macela na Sexta-Feira Santa é uma tradição que se repete ano após ano. Muitos acreditam que a planta é abençoada neste dia. Com isso, a macela da Sexta-Feira da Paixão passa a ter ainda mais força para combater males como a má digestão.

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O Portal Alegrete Tudo foi conferir como a comunidade alegretense encarou mais uma vez essa tradição milenar. A reportagem acompanha anualmente o movimento da colheita logo nas primeiras horas da manhã. O repórter Júlio Cesar Santos fez um trajeto de cerca de 35 quilômetros de bicicleta e acompanhou a movimentação em trechos da BR-290 em direção a Uruguaiana e ao longo da 566, no trecho do Corredor dos Papagaios.

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O clima agradável e a abundância da planta em alguns pontos contribuíram para que, ainda mal o dia havia clareado, dezenas de pessoas já estivessem voltando para suas casas com sacolas cheias de macela.

As pessoas saem em busca da Macela, uma erva que dá origem a um saboroso chá com propriedades medicinais; no município, elas são facilmente encontradas nos campos e às margens das estradas. O motivo dessa tradição ninguém sabe ao certo. O que todos sabem é que é preciso colher a macela na madrugada da Sexta-feira Santa, antes do amanhecer. Embora muitos saiam após o sol nascer, um chimarrão e a colheita se consomem numa breve parada ao longo da estrada.

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Famílias inteiras, casais, de bicicleta, a pé – vale qualquer esforço para buscar a sagrada macela da Sexta-Feira Santa. Até um casal de argentinos, vindos de Camboriú para Rosário Central, indagou por que tantas pessoas ao longo da BR. Eles pousaram em São Gabriel e, de lá para cá, passaram por muitas na 290. Assim que souberam da tradição através da reportagem, colheram um maço da erva e partiram rumo ao país vizinho. Crianças, levadas pelos pais, vivenciam a tradição, confirmando que a colheita é passada de pai para filho.

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No município existem vários pontos com a planta farta, pronta para colher. Além da BR-290 sentido Uruguaiana, Corredor dos Papagaios, 566, inclusive na estrada do Frigorífico, em direção a Balsa do Mariano, cerca de 12 km da cidade é possível encontrar a macela. Na VRS 806 no Caverá também apresenta áreas com a erva.

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A crença popular encontra base na ciência, o extrato dela realmente alivia o incômodo da má digestão, afirmam farmacêuticos da Emater/RS-Ascar, que ressaltam a importância da planta em vários aspectos, como alternativa para problemas digestivos, por ter uma ação que estimula todos os hormônios no sentido da digestão.

 Reza a lenda, que as propriedades curativas da macela somente fazem efeito se a planta for colhida na sexta-feira santa antes do amanhecer. A erva é nativa da flora brasileira, também conhecida por diversos outros nomes, inclusive em algumas regiões é incorreto chamar de “marcela”.

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É um arbusto perene que atinge cerca de um metro de altura e que na região sul costuma florescer no mês de março. As flores são amarelas, com cerca de um centímetro de diâmetro, florescendo em pequenos cachos. As folhas são finas e de cor verde-claro, meio acinzentada, que se destaca do restante da vegetação do campo.

A tradicional colheita da macela, que se dá anualmente em pelo menos sete Estados brasileiros pode estar com seus dias contados. É o que aponta estudo feita por um grupo de professores da UFRGS sobre uma parcela das plantas medicinais mais utilizadas no Estado.

A planta nativa símbolo do Rio Grande do Sul também é antiinflamatória e ainda pode ser usada para cosméticos como em fórmulas para xampus, para clarear o cabelo e sendo ainda importante para a limpeza dos olhos em casos de algum tipo de infecção ocular.

A pesquisa, divulgada no livro plantas da medicinas popular no Rio Grande do Sul, abordou 56 espécies distintas (34 delas nativas), e aponta o folclore de colher a popular marcela na sexta-feira santa como uma das principais causas da provável extinção.

A despreocupação quanto ao cultivo é outra ponta do problema, segunda a publicação que ganha eco no curso de Ciências Biológicas da UNISC ”como as pessoas apanham ela justamente no período de floração, o ciclo natural não se completa. E o fim pode ser dar muito em breve”, afirmam professores em botânica,

Dados da planta

Nome científico: Achyroclien saturei oides

Nome popular: Macela-do-campo, macelinha, macela-amarela, camomila-nacional, carrapicho-de- agulha, macela, losna-do-mato, macela-do sertão, chá-da- lagoa, erva dos soldados, milefólio, milfolhada

Propriedades: Antialérgica, antiespasmódica, antitinflamatória, sedativa, bactericida e tônica

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