Erro crasso: há 7 anos o Estado queria sacrificar a égua Bionda, afirmava que ela estava com Mormo

O caso Bionda é o mais emblemático quando do surgimento do Mormo em 2015.

O animal, uma égua, na época com 15 anos, foi condenado pelas autoridades sanitárias. Bionda deveria ser sacrificada em razão do resultado do primeiro exame realizado no Brasil. O desdobramento acabou na justiça.O advogado Rafael Faraco assumiu o caso e conseguiu uma contraprova num laboratório da Califórnia, nos Estados Unidos.

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O resultado, diferente do primeiro, deu negativo para o Mormo, mesmo assim a Inspetoria Veterinária mantinha o firme propósito de sacrificar a égua. O caso já havia repercutido em todo o sul do Brasil, e ao longo de semanas polarizou atenções de criadores e a população. A justiça assegurou à Bionda o direito de continuar vivendo na bucólica propriedade a poucos KMs da cidade. Atualmente, a égua com 19 anos, continua saudável na mesma propriedade.


Mas, o que queremos com essa reportagem, é mostrar o quanto erros grassos podem ter ocorrido nos diagnósticos dessa zoonose infectocontagiosa que provocou uma gigantesca onda de supostos casos e muitos animais foram abatidos no RS.


A Reportagem do PAT voltou à propriedade que abriga a Bionda e conversou com o casal proprietário do animal.
Passados 7 anos, o PAT retornou até a Avenida Pedreiras. A recepção foi do proprietário da Bionda, Macir Senew da Conceição.

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Logo no início da entrevista, Macir falou com muita emoção sobre o período mais crítico e aterrorizador que passaram naquele ano de 2015. Enquanto isso, se deslocava até o potreiro onde estava Bionda, que esbanja saúde, atualmente com 22 anos.

A égua que foi condenada e, por muito pouco não foi sacrificada por um erro em um exame que a indicou com mormo, em setembro de 2015, nunca teve problemas de saúde ou precisou de qualquer tratamento, desde aquele período – comenta Macir.

Por perto, também estava Inda Clara Senew, mãe do proprietário de Bionda que foi uma grande guerreira à época e não se intimidou, apesar de ter sido, inclusive ofendida e agredida verbalmente por um funcionário do Estado durante a luta para salvar Bionda- recorda.

Ela cita ainda: olha como está gorda e linda, naquela época disseram que tinha apenas uma semana, mas a égua nunca esteve doente, nunca teve sintomas, sempre esbanjou saúde”- pontua.

Dando sequência, Macir falou muito comovido do quanto foi difícil passar por tudo e saber que o animal estava com data marcada para ser sacrificado. Sufocado pela emoção e em lágrimas desabou: valeu a luta.

“Acreditamos que não tinha nada. A Bionda estava prenhe e eu não sabia, fiz o exame pois iria desfilar, naquele ano, ela estava sendo muito bem cuidada e com aquela alteração veio a bomba.

Tinha mais 20 animais aqui, no mesmo potreiro e nenhum outro positivou, se fosse mormo, outros também teriam se contaminado. Mas parece que a única coisa que importava à época era o sacrifício dela.

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Foi o último ano que desfilei, com um cavalo emprestado, pois ela era a égua que estava tratando para o Desfile e, desde então, perdi completamente a paixão por tudo que envolve a Semana Farroupilha e desfiles. Foi inaceitável o que fizeram” – comenta.

Bionda continua com sua rotina, muito pasto, amor e todo um potreiro para manter a forma. Macir acrescenta que ela pouco é encilhada, como sempre, são os “de casa” que andam nela e, como as crianças já estão em fase mais adulta, a rotina da égua é de vida mansa cercada de um pasto verdejante e farto.

“As vezes dou uma volta nela, chega tá quadrada de gorda. O único remédio que é feito é o vermífugo” – destaca.

Para finalizar, Macir falou que o  veterinário Werner Riekes, considerou naquele período que os exames adotados para triagem e diagnósticos de animais supostamente contaminados ainda estavam sob suspeita. E considerava os exames sorológicos de Fixação de Complemento (FC) e Western Blot ineficazes no diagnóstico preciso da doença e que o PCR seria a melhor alternativa para o Brasil.

Relembre alguns pontos da mobilização em 2015

O exame feito na égua Bionda foi realizado em decorrência do Desfile de 20 de Setembro. O animal que estava sendo tratado pelo proprietário para o apoteótico momento em que iria passar na Praça Getúlio Vargas, estava prenhe e ele não sabia. O caso foi diagnosticado como positivo em 19 de setembro, por teste de maleína realizado pela secretaria de Agricultura e Pecuária, desde então a propriedade está interditada.

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Depois de mobilizações nas redes sociais e uma caminhada até a frente do Fórum para que o animal não fosse sacrificado, as evidências se confirmaram e, Bionda, a égua que o governo do estado queria sacrificar, teve o resultado do exame PCR, que comprovou: a égua sempre foi saudável e nunca teve mormo.

O resultado do exame feito na Califórnia, EUA, deu negativo para a doença, em 2015. Em dezembro, foi entregue o resultado do exame para a família proprietária do animal e estavam presentes o, à época, vereador Zé Paulo, representantes da imprensa e o advogado Rafael Faraco que fez a entrega do resultado.

Os dois responsáveis pela ação judicial que evitou o sacrifício da Bionda, Zé Paulo Alvarenga e Rafael Faraco, estavam exultantes com o resultado. “Não foi em vão nossa mobilização. Obrigado a todos que somaram-se nessa  luta por justiça e direito à vida”, disse naquela tarde o vereador Zé Paulo.

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Depois de ter conhecimento da situação, Zé Paulo Alvarenga entrou em contato com um veterinário em São Paulo, uma referência no assunto Mormo e depois de 4 h ao telefone com Werner Riekes, ele saiu convencido de que poderia ser um dos muitos casos de erro de avaliação técnica quando condenaram Bionda à morte.

Uma ação Judicial foi o que impediu o animal de ser sacrificado e, mesmo com a tentativa do Estado de derrubar a liminar, o sacrifício não foi autorizado sem que o resultado do exame PCR saísse o que comprovou que o animal estava saudável.

O caso Bionda deixou o seguinte questionamento: quantos animais foram sacrificados no Estado por conta de avaliações equivocadas, resultado de exames arcaicos que ainda são aplicados no RS e País?

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