João- o mestre no raro trabalho de fazer cercas de pedras em Alegrete

O que foi muito usado no século passado para delimitar propriedades e por ter mais durabilidade, as cercas de pedra que à época foram feitas por escravos, atualmente voltam com uma mão de obra rara em Alegrete.

João Antônio- no trabalho em frente ao Museu
João Antônio- no trabalho em frente ao Museu

O experiente João Antônio Raimundo Lima, aos 62 anos, é um dos expoentes que pode contar sobre a construção das cercas de pedra aqui em Alegrete.

A missão delas é uma só: fazer o bem

João Antônio em plena atividade
João Antônio em plena atividade

Sob um sol já bem forte, neste mês de novembro, ele está em frente ao Museu do Gaúcho quebrando pedra para fazer a cerca em frente aquela Casa de Cultura do Município.

No trabalho, contratado pela Prefeitura, ele enfrenta o sol, mas diz que não reclama, porque trabalha desde os 14 anos e aprendeu com seu pai Setembrino de Lima na localidade conhecida, hoje, como Rincão do Paraíso. E não dispensa muita água com um pouco de limão.

Atitudes simples facilitam o trabalho dos garis e evitam acidentes de trabalho

Começou com as pedras moura que, segundo ele eram mais difíceis de quebrar e agora, com calma, e determinação, o senhor de 62 levanta a marreta para quebrar as pedras de areia.

João Antônio em ação

Diz que precisou quase morrer, sem poder se mexer em cima de uma cama, para entender que a força de um homem, inegavelmente, vem do poder divino.

“Eu não reclamo de sol, porque sei que é importante para a saúde, não gosto de quem reclama de tudo, se renega. Trabalho quase sempre sozinho, em paz e assim tudo da certo “, diz João Antônio.

Removendo as pedras para quebrá-las

E desse jeito já quebrou uma boa quantidade de pedras, todas de forma irregular que vão formar a cerca em frente ao Museu. Explica que cada pedra precisa se encaixar de forma bem firme, senão a cerca cai.

“Será trabalho para mais de um mês, informa o experiente trabalhador”.

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Ele nunca casou e nem tem filhos e, com orgulho, diz que decidiu trocar comprar carro para ajudar os sobrinhos nos estudos e conta que todos estão encaminhados e o tratam muito bem.

João Antônio – no trabalho em frente ao Museu

Além das cercas de pedra, trabalhou com alambrado e madeira, mas deixou porque tem muita concorrência. – Já fiz cerca de pedra para muita gente aqui em Alegrete como: Dr Bruno Wünsh, Claudio Kurtz, Jorge Almeida ( Boca). “Tenho muito respeito por todos os que trabalhei e ja tem gente, na fila, me esperando para eu ir fazer cerca”,salienta.

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O trabalho em frente ao Museu vai trazer a repaginação da história do Municipio e ainda não tem data para ser entregue, porque cada pedra após ser quebrada, em tamanhos diferentes, precisa de um acabamento de forma que possa ser encaixada na hora de montar a cerca.

João Antônio- no trabalho em frente ao Museu
João Antônio- no trabalho em frente ao Museu

Na época em que se iniciaram as colonizações, as grandes fazendas possuíam muitos acidentes geográficos como rios, riachos, penhascos entre outros – que serviam de orientação para as divisões de terras. Na falta destes e pela grande quantidade de pedras encontrada nos campos pedregosos desta região, eram construídas cercas feitas de pedras. Conforme relatos históricos, quem transportava as pedras eram os escravos, trazendo para construção especialistas no ramo, contratados pelos próprios fazendeiros.

A obra impressiona pela dimensão, são muitos quilômetros de cerca que se interligam em grandes trechos e em linha reta. Nos remete a grandes limites imaginários como os dos tratados da época colonial. Repare nas semelhanças entre outras cercas de pedras

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