Miguel Trindade: o segurança de várias gerações de Alegrete

O alegretense Miguel Trindade da Silva, trabalha como segurança de eventos e se orgulha de ter trabalhado em meio a várias gerações de Alegrete.

Também pudera, aos 63 anos, Miguel acumula 32 anos de serviços prestados. Quem não se lembra do porteiro da famosa casa noturna Pintaí Dance.

De estilo amigável, o profissional consolidou um carinho e amizade que perdura por gerações. Tudo começou em 1987, na famosa Segunda Sem Lei no Caixeiral. Ele recorda que o amigo recentemente falecido Nilton Cezar Silva Soares, que trabalhou como segurança foi o responsável pelo convite para trabalhar.

Comerciante improvisa ponto de leitura em geladeira, sem uso, para incentivar as pessoas

Foi como uma paixão a primeira vista. Trabalhou nos anos 90 em festas de aniversários, formatura, casamento e festas particulares. Em 2000, consolidou sua empresa própria, a Pampa Sul Seguranças., onde atualmente mantém um plantel de aproximadamente 50 seguranças.

O profissional trabalhou por 14 anos na portaria do extinto pronto socorro da Santa Casa. Foi na instituição que concluiu o curso em auxiliar de necropsia e recepcionista. Possui enfermagem e sorridente diz que fez também o curso de datilografia. Serviu ao exército por 6 anos, no 8º RC MEC. É formado na antiga escola agrotécnica como auxiliar em agropecuária.

Miguel relembra que entre 1990 e 98 o Pintaí fazia um tremendo sucesso na cidade. Tanto na Andradas como na Vasco Alves, onde ele faz questão de frisar que tinha um televisão no chão da boate. E é justamente esse tempo que ele menciona dizendo que coleciona amigos que eram solteiros e hoje são casados. Miguel já trabalha para os filhos desses casais.

Renascido do submundo das drogas e prostituição, esse alegretense hoje salva pessoas

“A gente vê tanta coisa na noite”, entrega o profissional de segurança que durante todo esse tempo, foi agredido uma vez em frente ao extinto Pintaí. Ele conta que uma turma de um bairro próximo ao porto dos aguateiros acertou uma pedrada e o derrubou. Miguel reagiu e correu os agressores. Quando estava indo embora foi perseguido pela mesma gang próximo ao calçadão e teve de correr até a delegacia,onde foi socorrido e levado para casa de viatura. “Os caras iam me linchar”, conta.

Ele afirma que 3 horas da madrugada em diante é o pior horário. Ele credita que por ser conhecido ameniza o trabalho de segurança, porém já passou por percalços. Conta que um famoso brigão, entrou numa festa e não deu outra, brigou de novo. Com paciência e muita calma, Miguel foi até o salão e pediu para o convidado se retirar. “Ele se exaltou que não ia sair. Que nenhum homem tirava ele lá de dentro, que ele tinha dinheiro e tal”. Miguel começou uma conversa ao pé do ouvido do homem e quando viu já estavam na porta do clube. Só que ao sair o homem deu um pontapé num vidro e quebrou. Miguel acionou a polícia e a dona do clube que solicitou o pagamento.

O valor era de R$ 450 que foi pago no ato e o envolvido liberado, porém dois dias depois o homem apareceu na casa de Miguel pedindo desculpa e disse que aonde ele estivesse trabalhando não iria mais brigar, pois foi o único segurança que teve respeito para se dirigir a ele. Até hoje são amigos.

Miguel tem histórias que dariam um livro, porém uma que destacou se remete a um casamento no clube Casino. A noiva não autorizou o próprio pai entrar, devido a uma desavença. O pai que morava fora da cidade veio justamente para a festa. Na portaria, Miguel obedeceu ordens e o pai não pode ingressar na festa. ficou toda noite na portaria conversando e só foi embora quase no final da festa. Quando Miguel chamou um táxi para levar o amigo para casa.

Empresária de Alegrete cai em golpe e faz um alerta para que outras pessoas não sejam vítimas

O jeito paizão de trabalhar, de boa conversa fez de um segurança, um ser humano respeitado. Mas ele conta que trabalhou 4 anos em uma casa noturna barra pesada. Lá ele fazia um rodízio de gangues, quem chegava primeiro entrava, os outros retornavam para casa. O bairro que chegasse primeiro entrava, o restante tinha entrada barrada na boa conversa do segurança com o grupo que respeitava suas ordens.

Em meio a muitas festas de formatura, desde de setembro e vão invadir o mês de janeiro, Miguel praticamente não dorme. Chegou a ficar até 72 horas direto trabalhando. Casado, pai de um guri, ele divide as raras horas de folga com a família. No forte da pandemia, com as festas suspensas foi trabalhar no interior do município.

Indagado sobre a maior festa que já trabalhou, revela que foi num aniversário de 15 anos no clube Casino. Atendendo também em estabelecimentos rurais, portarias de festas, inclusive particular, Miguel salienta o amigo e colega Aurelino Moura “Pipe”, que está junto desde 2000. No meio do ano levou sua equipe para o trabalhar no show de Alexandre Pires, numa cidade da região central do estado.

O trabalho de segurança é o que mais gosta. E possivelmente na virada do novo ano será como sempre fez. Segurança de alguma festa, daquelas gerações que conhecem o segurança que tem.

Fotos: arquivo pessoal e PAT

Se inscrever
Notificar de
guest

2 Comentários
Mais antigas
O mais novo Mais Votados
Comentários em linha
Exibir todos os comentários
Davi Fernandes Dorneles

Trabalhei uma semana pra ele e até hoje estou esperando me pagar

Davi Fernandes Dorneles

E o meu dinheiro Miguel