O pai gaúcho, das lides campeiras, enfrenta destemido os rigores do pampa

Na vastidão do pampa gaúcho, onde os horizontes parecem se perder nas planícies ondulantes, uma cena de resiliência e força se desenrola diariamente sob os caprichos impiedosos da natureza.

Foto: Elton Linhares

É a lida campeira, uma atividade que desafia as estações e molda o caráter dos homens e mulheres que a executam com destemor. No retrato icônico capturado pelo fotógrafo Elton Linhares, a figura de um pai gaúcho com sua “coroa de espinhos” se destaca, uma representação eloquente do trabalho árduo que sustenta gerações e cultiva a alma da tradição rural.

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A lida campeira é muito mais do que um ofício; é uma expressão de identidade, honra e amor à terra. Durante as manhãs geladas de inverno, quando as temperaturas despencam para números negativos, esses trabalhadores destemidos enfrentam a “mordida” do frio para quebrar as geadas que se depositam sobre as pastagens e campos, garantindo que o alimento para o rebanho seja acessível. Eles avançam com as mãos calejadas e olhos focados, quebrando o gelo com a determinação de quem não teme a adversidade.

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Mas a lida campeira é também uma batalha contra o calor escaldante do verão. Quando os termômetros marcam mais de 40ºC, esses homens e mulheres persistem sob o sol inclemente, realizando tarefas que vão desde a marcação de gado até a manutenção das cercas que delimitam as vastas extensões de terra. Cada passo é uma medida de resistência, cada gota de suor é um testemunho de coragem.

No centro desse cenário implacável, destaca-se a figura do pai gaúcho, uma representação de força e sacrifício. Sua “coroa de espinhos” é um símbolo de liderança, responsabilidade e resiliência. Ele traz sobre seus ombros o peso das expectativas familiares e comunitárias, sem perder a essência da simplicidade e do amor à terra que o rodeia.

A imagem capturada por Elton Linhares no coração do Inhanduí, no interior de Alegrete, eterniza essa tradição ancestral. O trabalho meticuloso de trançar, enlaçar e bordar com arame farpado é mais do que uma atividade pragmática; é uma metáfora visual para a própria jornada da vida campeira, onde desafios são enfrentados com habilidade e determinação, criando uma tapeçaria de histórias e experiências que resistem ao teste do tempo.

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Neste Dia dos Pais, também ressalta-se a homenagem aos trabalhadores rurais, aos pais gaúchos que sustentam suas famílias com a atividade braçal e alimentam não apenas corpos, mas também espíritos. Suas mãos ásperas são as mãos que moldam o futuro, seus passos medidos no alambrado são a dança da perseverança. Que sua coragem inspire gerações futuras a valorizar e preservar as raízes que sustentam a riqueza cultural e econômica de nossa terra. A lida campeira é a resiliência humana, uma história de amor profundo pela terra e pelas tradições que ela carrega.

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