Olivia Mendonça explica o que é a visibilidade trans no Janeiro Lilás

O mês de janeiro é dedicado à visibilidade trans, uma iniciativa conhecida como Janeiro Lilás que busca reafirmar os direitos das pessoas trans e sensibilizar a população sobre as diversas identidades de gênero.

Com o acesso à informação, a intenção é combater estigmas, difamação e a brutal violência enfrentada pela população transgênero.

Resistência, Conquistas e (Trans)formação

Janeiro é especialmente destacado devido ao dia 29/1, uma data simbólica que visa relembrar os direitos do grupo “T” na sigla LGBTQIAPN+, combater a transfobia e conscientizar sobre a importância da inclusão desse grupo na sociedade.

O Portal de Alegrete Tudo (PAT) teve a oportunidade de entrevistar Olivia Mendonça, uma alegretense que personifica a luta pela visibilidade trans. A história de Olivia reflete resistência, conquistas e transformação ao longo dos anos.

Desde a adolescência, Olivia desfrutou de certo privilégio quanto à aceitação por parte de sua família materna. Aos 15/16 anos, ela já se destacava como uma criança “diferente” das demais, fato percebido por sua mãe, que sempre a apoiou. Olivia cultivava um encanto pelas coisas femininas, inspirada por sua mãe e clientes que frequentavam o estabelecimento materno.

Desta vez era só um celular nas águas do rio, mas poderia não ser

A transição de gênero começou nos últimos anos do ensino médio, e Olivia foi respeitada por colegas, amigos e professores, destacando a excelência desses últimos na compreensão do processo. Após concluir os estudos, iniciou a transição, enfrentando mudanças no nome, corpo e tratamento hormonal.

A vida de Olivia tomou um rumo desafiador em 2019, quando enfrentou a perda de sua maior apoiadora, sua mãe. Essa perda marcou uma nova fase, complicada, mas reveladora. Olivia, ainda jovem, tornou-se empresária e teve influência política por intermédio da Vereadora Maria do Horto, que recebeu destaque pela sua incrível humanidade.

Em meio a suas atividades empresariais, Olivia participou de lives para abordar a visibilidade trans, sempre impondo respeito e fazendo questão de ser chamada por seu novo nome, Olivia Mendonça. Ela observa que Alegrete, embora tenha evoluído infraestruturalmente, ainda apresenta desafios quanto à capacidade mental das pessoas, especialmente em comparação a cidades maiores.

Atualmente, aos 23 anos, Olivia é dona do próprio negócio, mantendo tratamento hormonal e expressando gratidão pelo respeito que recebeu. Mesmo enfrentando preconceitos e olhares tortos, ela acredita que, com o tempo, as mentalidades retrógradas podem ser superadas.

Olivia destaca a importância da aceitação própria e do respeito externo. Ela enfatiza que nenhuma mudança é fácil, nenhum tratamento é simples, e o primeiro passo é a autoaceitação, para que os outros aprendam a respeitar.

Antony já é um vencedor| Bebê nasceu com 805 gramas e depois de 4 meses está em casa

A empresária aborda a triste realidade enfrentada por mulheres travestis e transexuais, frequentemente associadas a marginais devido à falta de emprego, resultando em situações de prostituição e violência. Discursos de ódio diários em portais e noticiários contribuem para essa realidade, aumentando a marginalização.

“Nós, mulheres travestis e transexuais, não precisamos ser comparadas a marginais. Muitas vezes, devido à falta de oportunidades de emprego, a grande maioria das mulheres acaba sendo forçada a recorrer às ruas e grandes avenidas, ingressando na prostituição, onde são vítimas de abusos e até mesmo agressões. Por quê? Pela falta de empatia em relação a todos nós que fazemos parte desta comunidade.”- citou.

Estatísticas de 2023 mostram que a cada 32 horas, transexuais e travestis foram brutalmente assassinadas, representando um aumento de 58% em relação a anos anteriores. Olivia destaca a urgência de abordar e combater esse problema, oferecendo apoio aos que estão no início da transição.

Floriano planta e cuida de árvores frutíferas, em canteiro de avenida, mas os frutos serão da comunidade

Ao concluir sua mensagem, Olivia deixa um recado às meninas trans: não desistam de serem as mulheres dos seus sonhos. Ela ressalta a necessidade de respeito em Alegrete, lembrando que mulheres trans são tão filhas do Senhor quanto qualquer outra pessoa, rejeitando o uso do nome de Deus para propagar ódio.

O Janeiro Lilás não é apenas um mês de visibilidade, mas uma oportunidade de reflexão e ação para construir uma sociedade mais inclusiva e respeitosa. A história de Olivia Mendonça destaca a importância dessa jornada coletiva pela visibilidade trans.

Se inscrever
Notificar de
guest

0 Comentários
Comentários em linha
Exibir todos os comentários