Perdas milionárias nas lavouras de Alegrete; prejuízos já batem nos 200 milhões de reais

A estiagem já causou perdas de mais de R$ 5,6 bilhões aos municípios do Rio Grande do Sul. A cifra bilionária, que ainda deve crescer se a falta de chuva persistir, foi levantava pela Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) junto a 123 cidades atingidas.

É o quarto ano seguido de escassez hídrica no Estado com efeitos severos para a economia. A maior parte do prejuízo relatado vem da agricultura, onde as perdas somam R$ 4,3 bilhões.

Na segunda-feira (30), eram 189 decretos de emergência no Rio Grande do Sul por causa da estiagem. Destes, 92 já foram homologados pelo Estado e outros 74 foram reconhecidos pela União.

A Emater divulgou no último final de semana um laudo com parte das perdas dos produtores primários do município devido à crise hídrica e altas temperaturas registradas que atingiram o ciclo das culturas de verão 2022/2023.

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Segundo o documento, houve redução de precipitação pluviométrica a partir de agosto passado, agravando-se até o final do ano passado. De dezembro até agora houve a incidência de apenas 97,6 mm de chuvas isoladas.

As perdas mais significativas ocorrem nas lavouras de milho e soja, ambas extremamente relevantes à economia de Alegrete, havendo queda na produção e qualidade do milho. As atividades que envolvem animais também estão sendo prejudicadas, tanto pelo estresse térmico, como também pela falta de água em algumas propriedades. Os prejuízos são observados em todas as localidades do município, que apresentam perdas variáveis, com situações mais graves em determinadas regiões. As perdas estimadas são irreversíveis, podendo se agravar conforme as condições climáticas futuras se consolidarem.

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Os dados levantados na última semana demonstram uma estimativa de perda para o milho em grão – nos 5 mil hectares plantados de 57,2% da produtividade – um prejuízo de cerca de R$ 23.403.600,00. No milho silagem – perda de 60% da produtividade, equivalente a R$ 4.564.560,00.

A soja dos 100 mil hectares com  perda de 21,6% da produção, atingindo R$ 139.536.000,00. A bovinocultura de leite sofre uma redução de 30% da produção, prejuízos estimados em R$ 781,2 mil. Nesta etapa de avaliação as perdas valoradas foram de R$ 168.285.360,00. O documento foi firmado pelo técnico em agropecuária da Emater – Alegrete, Guilherme Oliveira de Souza. Alegrete está formatando o decreto de situação de emergência a ser publicado ainda nesta semana.

Já o Irga, através do 9° Núcleo de Assistência Técnica e Extensão Rural, apresentou um laudo Técnico Preliminar com potenciais prejuízos à atividade agrícola, devido a falta de precipitação na safra 2022/2023.

Em visitas às lavouras, a equipe do Irga em Alegrete, constatou algumas desistências em relação a lavouras de arroz, devido a falta de recursos hídricos suficientes para atingir a maturação das lavouras, aliado a falta de chuvas, onde também se registrou no período temperaturas elevadas e alta evaporação o que dificulta a irrigação das lavouras.

De acordo com o engenheiro agrônomo Ivo Mello, a lavoura de arroz do município, encontra-se em estágio reprodutivo e se não houver uma sequencia mais significativa  de chuva as perdas poderão ser em maiores proporções.

Segundo a informação da Divisão de Assistência Técnica e Extensão Rural – DATER/IRGA, a intenção de semeadura de arroz desta safra 2022/2023, para o Rio Grande do Sul é de 862.498  ha ,sendo 50.483  ha relativos ao município de Alegrete.

Com base nas informações descritas acima, calculamos a estimativa de perda de arroz até 26 de janeiro era de 0,89% da área, estimada para a safra 22/23, sendo um total de 450 ha. Assumindo uma produtividade esperada para esta safra de no mínimo 8.500 kg/ha e um preço médio de R$ 90,83/50kg (CEPEA/IRGA-RS 25/01/2023), podemos estimar as perdas totais em R$ 6.948.495,00.

Cabe ressaltar que tem mais as perdas por irrigação deficiente devido a altas temperatura, que os técnicos do Irga só irão mensurar depois da colheita.

Fotos: reprodução

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