Qual o sentimento de quem encontra um bebê abandonado e afogado nos trilhos da Estação?

Vitória narrou com detalhes como tudo aconteceu:

“Estou até agora muito emocionada, desde o momento em que soube que um bebê havia sido abandonado na Estação, eu decidi que só iria sair de lá quando o encontrasse. Em determinado momento, como já fazia cerca de 15 minutos que estávamos procurando e nada, eu pedi a Deus para me ajudar e fui atendida”- disse a atendente de caixa do posto de combustíveis Pilecco, Vitória Caroline Gomes Trevisan.

Ela aceitou falar com o PAT e concedeu uma entrevista, ainda, sob forte comoção do instante em que salvou a vida do menino, recém-nascido.

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“Estava trabalhando quando ouvi um dos meus colegas comentar que uma senhora havia passado pelo posto e comentado que tinha um bebê abandonado na Estação, mas ela não disse o local. Assim que tive conhecimento, solicitei ajuda para que eu pudesse ir até lá, assim, um dos funcionários ficou no caixa e o outro foi comigo. Procuramos por cerca de 15 min e nada, eu já estava desesperada e comecei a pedir a Deus que me ajudasse, foi então que um homem se aproximou, tirou uma coberta que estava entre os trilhos, e eu visualizei os pezinhos. Corri e o peguei no colo, percebi que ele estava afogado, pois quando eu tive a minha filha, o meu maior medo sempre foi que ele pudesse se afogar. Então aprendi a manobra de heimlich com as pediatras Dra Marilene Campagnollo e Sandra Munró. Fiz isso e o menino que estava enrolado naquela coberta vomitou e começou a chorar. O que indica que a mãe o havia amamentado, além de estar todo sujo de sangue. Não sei descrever a minha emoção e desespero ao mesmo tempo, saímos rápido e um taxista já estava com a porta do carro aberta aguardando para nos levar até a UPA, onde ele inicialmente passou pelos primeiros atendimentos. Fui informada que foi levado para a UTI Neo e passa bem.

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Eu não consigo imaginar como uma mãe consegue fazer algo assim, no meu trabalho, atendo várias pessoas que ficam na Estação, sei de mulheres que são usuárias ou frequentam o local, mas nenhuma, nos últimos dias apresentava qualquer indício de que estaria gestante – citou.

Vitória se emocionou e descreveu que a filha, Ayla, tem 1 anos e 8 meses e quando ela nasceu, devido a perda uma criança na família por afogamento, com leite, ela sempre teve esse temor e chegou a ter depressão pós parto em razão da preocupação, por isso, aprendeu a identificar e realizar a manobra de heimlich sempre foi uma obsessão – comentou.

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A Brigada Militar realizou o registro, assim como, o Conselho tutelar também foi acionado. Já a Promotora de Infância e Juventude, Luiza Losekann ressaltou que abandono de incapaz é crime punido com pena de até 5 anos e manifestou da seguinte forma:

“Estou em contato com o Hospital desde as 8h acompanhando. A criança está internada na UTI Neonatal para avaliação de saúde, como houve abandono e não entrega responsável (que é um procedimento legal, sigiloso, que a gestante pode entregar a criança para adoção), será ajuizada uma medida de proteção em favor do bebê e logo após a alta ele será encaminhado para o Programa de Família Acolhedora que existe no Município ou para a Moradia Transitória. Se no prazo de 30 dias não houver ninguém que se apresente como genitor ou genitora a criança será encaminhada para adoção, para casais que estão habilitados em uma lista, que já passaram por um processo de seleção no Juizado da Infância e Juventude. É importante frisar que caso a genitora ou genitor apareçam, será feito um exame de investigação genética (DNA) e avaliação criteriosa sobre as condições de cuidar da criança, especialmente em relação à genitora que abandonou o bebê, expondo ele a um risco grave. Já a mãe que entrega seu filho para adoção por meio da entrega voluntária não comete crime. Em contrapartida, a mãe que desampara ou expõe seu bebê a perigo comete o crime de abandono de recém-nascido, descrito no artigo 134 do Código Penal (e, dependendo do caso, até mesmo outros crimes), também, não adianta as pessoas ligarem querendo adotar esse bebê, pois quem tiver interesse em adotar o bebê deve procurar o Juizado da Infância e Juventude da sua cidade para passar pelo procedimento de habilitação”- explicou.

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