Tenente Nei começa um novo ciclo cheio de expectativas na reserva

A frase “jamais serei um ex-brigadiano, tiro a farda física, mas ela permanece impregnada na alma. Força e honra” resume não apenas uma carreira militar de 32 anos e seis meses, mas a essência do Tenente Jorge Nei Machado, um rosariense que, ao se despedir da ativa, recebeu grandes homenagens em Alegrete, marcando o início de uma nova fase como militar da reserva.

Aos 53 anos, Machado compartilha uma trajetória única, pautada por valores como altivez, garbo e reconhecimento. Em uma entrevista exclusiva concedida à redação do PAT, o agora Tenente da Reserva revela uma faceta pouco conhecida: a do aventureiro apaixonado pela liberdade em desbravar novos lugares e pela construção de histórias.

Em seu currículo, destacam-se inúmeras conquistas profissionais, mas é na esfera pessoal que Tenente Nei revela nuances surpreendentes. Contrariando as expectativas iniciais, ele confessa que nunca sonhou em ser policial militar. No entanto, o desejo de ter uma profissão falou mais alto, e, com humildade, coragem e uma base familiar sólida, ele se lançou em uma jornada que o levou a Santana do Livramento para realizar o concurso da Brigada Militar.

Os obstáculos financeiros quase o fizeram desistir, mas a determinação e a solidariedade de um soldado o ajudaram a superar as adversidades. Aprovado no concurso, retornou para casa prestes a se tornar pai pela primeira vez. Chaiane, hoje com 31 anos, foi o primeiro fruto do primeiro casamento, seguida por Taylor, de 25 anos. Orgulhoso, Tenente Nei destaca ser um pai coruja, aspecto que permanece constante em sua vida.

Atualmente, casado com a bombeira militar Lisiele Guerra há 16 anos, Nei Machado expressa sua satisfação em encerrar esse ciclo em Alegrete, cidade que adotou como sua e onde se tornou cidadão alegretense. Ele ressalta com orgulho a estreita relação que a instituição militar desenvolveu com a comunidade local.

Nascido em uma família de quatro irmãos, Nei traz em seu histórico uma gama de experiências profissionais e educacionais. Além de diversos cursos na área militar, ele é licenciado em Educação Física pela PUC e UNIPAMPA, com cursos que abrangem desde atletismo até gestão escolar.

As condecorações e medalhas em seu uniforme refletem não apenas seu tempo de serviço, mas o mérito em operações policiais especiais, o Grau Especial Mérito Coronel Frota e o Mérito Policial Militar. O amor pela farda e a dedicação ao serviço são evidentes nas palavras do Tenente Nei. Ele lembra momentos difíceis, como a perda de colegas de farda e a tragédia de uma criança que não pôde salvar em Uruguaiana. No entanto, ele enfatiza que não se arrepende de nada, pois sempre buscou fazer o melhor em cada situação.

Tenente Nei não se limitou às funções operacionais da Brigada Militar. Comandou grupos, participou de forças-tarefas e teve passagens marcantes como comandante do POE em Capão da Canoa e Uruguaiana, onde permaneceu por 11 anos, chefiando o setor de inteligência, entre outras responsabilidades.

Ao recordar momentos marcantes de sua carreira, o militar destaca a emoção das homenagens recebidas ao se despedir do efetivo de Alegrete. Ele ressalta a qualidade dos policiais locais, enfatizou o comprometimento da equipe em face das limitações quantitativas. Sua passagem por Alegrete, entre 2017 e 2019 como subcomandante e de 2022 até o final de 2023 como comandante local da guarnição, foi marcada pela reativação do Proerd, da Patrulha Rural e do GABM, evidenciando seu comprometimento com a segurança e a integração com a sociedade.

Com espírito aventureiro, Tenente Nei não se limita à vida militar. Apaixonado por duas rodas, integra grupos de motociclistas e participa ativamente de diversas modalidades esportivas, como crossfit e atletismo. Mesmo com apenas cinco dias de aposentadoria, ele sorri ao falar do futuro, destacando que continuará dedicando-se a treinos e competições.

A inquietude sempre foi uma marca distintiva em sua trajetória. Ele pontua sua natureza voluntária, destacando que sempre se prontificou para as mais diversas atividades e soube aproveitar os cursos e operações oferecidos ao longo de sua carreira na Brigada Militar. Essa mentalidade ativa e comprometida moldou não apenas sua experiência profissional, mas também sua visão de vida.

Tenente Nei lamenta, no entanto, não ter tido a oportunidade de participar de uma missão de paz no exterior. Essas operações representam um desafio distinto, onde militares têm a chance de aplicar suas habilidades em contextos internacionais, contribuindo para a estabilidade e a segurança global.

“Eu nunca trabalhei, sempre fiz o que amo. Por isso, acredito que foi Deus que me conduziu à minha vocação.” Essa afirmação reflete uma profunda conexão entre seu propósito de vida e sua atividade profissional. O engajamento constante, a dedicação e a paixão pela farda traduzem-se em uma jornada onde o trabalho se confunde com a realização pessoal.

Para ele, cada desafio, cada curso, cada operação não foi apenas um trabalho, mas uma expressão de seu compromisso inabalável com a missão que abraçou. Ao encerrar um capítulo significativo de sua vida militar, Tenente Nei carrega consigo não apenas as medalhas e honrarias conquistadas, mas também a satisfação de ter seguido uma vocação que o preencheu.

A trajetória do Tenente Jorge Nei Machado é mais do que uma carreira militar, é a narrativa de um homem que, guiado pela vocação e pelo compromisso, deixou sua marca na Brigada Militar e na comunidade que serviu. A aposentadoria pode ter encerrado formalmente essa fase, mas o legado e a influência dele continuam a ecoar nas vidas daqueles que foram tocados por sua força e honra.

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