Alegretense, ministro do Tribunal Militar, Aldo Fagundes morre em Brasília

Morreu no domingo (6), aos 89 anos, vítima de Covid, o alegretense e ministro aposentado do Superior Tribunal Militar (STM) Aldo da Silva Fagundes.

O ministro estava internado em um hospital particular de Brasília e lutava contra a doença. No entanto, às 20h45 de ontem não resistiu à agressividade da Covid.

Devido aos protocolos governamentais no enfrentamento à doença e por motivo de segurança sanitária, a família do ministro fará uma cerimônia restrita, às 15h30 de hoje, para a justa despedida fúnebre.

 

Polícia Civil prende dois homens, com drogas, em Alegrete

Gaúcho de Alegrete  

O ministro Aldo Fagundes era natural de Alegrete (RS), onde nasceu em 27 de maio de 1931. Irmão de Bagre Fagundes, Antonio Augusto Fagundes e tio do Neto Fagundes.

Fez seus primeiros estudos em Alegrete e, posteriormente transferindo-se para Porto Alegre (RS), onde se bacharelou em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Ao colar grau, em 1956, já tinha exercido funções administrativas nas Secretarias de Obras Públicas e na do Interior e Justiça do Estado. Bacharel, retornou à Alegrete, onde estabeleceu sua banca de advogado.

Além de advogado, exerceu o magistério Superior como professor do Curso de Ciências Políticas do Centro de Ensino Unificado de Brasília – CEUB, atual Centro Universitário de Brasília – UniCEUB.

Morre Trajano Ribeiro, ex-patrão do CTG Vaqueanos da Fronteira

Ministro do STM

Aldo Fagundes foi nomeado ministro do Superior Tribunal Militar por decreto de 25 de março de 1986 e tomou posse em 9 de abril do mesmo ano.

Na Corte Superior da Justiça Militar fez uma longa e dedicada carreira. Foi eleito vice-presidente para o biênio 1989/91, tomou posse em 16 de março de 1989. Foi reeleito para o biênio 1997/1999, em virtude da aposentadoria do ministro vice-presidente Paulo César Cataldo, tomando posse em 19 de dezembro de 1997.

Chegou à direção do STM em 2001, quando foi eleito presidente do Tribunal para o biênio 2001/2003. Tomou posse em 19 de março do mesmo ano.

Motorista provoca acidente ao fazer conversão na Avenida Assis Brasil

Primeiro presidente civil do STM

Aldo Fagundes foi o primeiro ministro civil eleito presidente da Corte, escolhido pelo Plenário, observado o critério de rodízio para um mandato de dois anos.

Além dos relevantes processos apreciados em mais de 10 anos, o magistrado também elaborou estudos visando melhor racionalização e operacionalidade da Justiça Militar – Revisão Constitucional de 1993 – Membro, 1992; acompanhou a implantação da Lei de Organização Judiciária Militar (Lei nº 8.457/92) e participou da elaboração das normas de Cerimonial Interno (1989/91). Por fim, após intenso e longo trabalho em prol do país, aposentou-se em 28 de maio de 2001.

Para homenageá-lo a filha escreveu o seguinte texto:

Aldo Fagundes, um Gaúcho Metodista no Cerrado

Escrever sobre o meu pai é muito fácil, é só procurar os adjetivos mais bonitos que a gente encontra no dicionário e sair enumerando. Pai parceiro, amoroso, generoso, exemplo, crente fiel, homem do bem, político correto, juiz exemplar, pai líder da família, pai que amava sua esposa, incentivava seus filhos e ensinava com seu exemplo o caminho do bem, amigo solidário nas alegrias e tristezas, professor estudioso para suas palestras e ensinos na Escola Dominical, líder político que nunca se assentou na roda dos escarnecedores e líder para todos que com ele conviviam.

Conselho Tutelar constata mudanças na rotina das famílias durante a pandemia

Vou sempre lembrar dele em todos os momentos que puder, porque esta saudade é muito boa. Deus não podia ter escolhido um pai melhor para seus filhos.

Se alguém me perguntar, se é possível amar sua esposa e família, eu digo, pode sim, meu pai foi fiel a minha mãe por toda a sua vida.

Se alguém perguntar, se tem político honesto no nosso país, eu digo, pode sim, meu pai sempre foi honesto e sempre trabalhou muito, em todos os cargos ocupados.

Se alguém perguntar, a pessoa pode passar por dificuldades e manter a fé, pode sim, meu pai sempre manteve a esperança, a fé e o amor pela Igreja e as causas cristãs. Teve sua experiência pessoal com Deus na adolescência e nunca mais de afastou de Cristo e seus ensinamentos.

Se alguém perguntar, a pessoa pode morar longe do Rio Grande do Sul e manter as tradições até o final da vida, pode sim, os gaúchos e gaúchas sempre estavam na sua memória.

Sim, ele foi uma pessoa de família, um homem inteligente e batalhador. Combateu o bom combate e manteve a fé acima de tudo.

Foi ele que me ensinou a confiar em advogados. A figura que Jesus fará a nosso favor no juízo final.

Glória, glória os anjos cantam lá

É um Santo Coro dando glória a Deus

Por mais um remido entrar nos Céus

Obrigada meu Deus por todos estes bons anos.

Ana Cecília Schlottfeldt Fagundes

A sobrinha Luciana Fagundes também realizou uma homenagem:

Um homem gentil, um político exemplar e um padrinho amoroso.

O Tio Aldo foi uma pessoa que colecionou qualidades. O meu padrinho foi o primeiro político que eu conheci. Lá no início da redemocratização do Brasil, o Tio Aldo foi deputado federal mais de uma vez e o pai era o principal cabo eleitoral dele, nos tempos de MDB x Arena. Se tornou uma liderança do MDB, e uma referência política da nossa família. Da minha infância lembro daquele padrinho carinhoso e do tio com linguajar formal, sempre bem arrumado e apaixonado pela minha madrinha Maria Luiza.

Dia desses conversando com o pai e puxando por suas memórias ele contou de quando decidiu deixar o MDB e seguir o Brizola, que voltava do exílio. Acabou participando da fundação do PDT, se separando politicamente dos irmãos que criaram o PMDB no pluripartidarismo. O pai contou que estava decidido, mas ficou receoso de dar a notícia para o Tio Aldo, não queria decepcioná-lo. Que nada! Ele foi super compreensivo e o fato nunca abalou a amizade e a admiração mútua dos irmãos. O Tio Aldo foi um homem elegante, na vida privada e na atuação pública. Antes de enfrentar problemas de saúde, todos da família gostavam de ouvir as análises dele sobre o cenário político do Brasil, inclusive eu. Lembro bem de uma visita dele ao apartamento dos meus pais quando o Lula era presidente. Ele já não falava como um partidário, mas com um profundo conhecedor da política brasileira. Provavelmente tinha a clareza de que o seu partido já não representava os ideais da sua época.

Na última década, em vários momentos em que ele se sentia triste ou abatido, o pai foi chamado à Brasília para a missão de alegrar o irmão. Era uma espécie de terapia e que fazia muito efeito. Ele adorava ouvir as histórias e apreciar as cantorias do pai.

Nossa família e eu, claro, ficamos tristes com a partida do Tio Aldo, mas, ao mesmo tempo, sabemos que ele teve uma vida plena, feliz e que deixa um legado de amor, fé, e orgulho para todos nós.

Adeus meu padrinho, descanse em paz!

Luciana Fagundes – 6/12/2020

 

Fonte: Superior Tribunal Militar