As perdas deixam marcas de muita dor nas famílias vitimas da Covid

A pandemia tem deixado cicatrizes em mais de duas centenas de famílias em Alegrete. Cada óbito contabilizado nas estatísticas do Município, tem um nome, pai, mãe, filhos, companheiro(a). São incontáveis as tragédias que destroçam famílias, interrompem sonhos e em muitos casos provocam sérios problemas socias. Muitas vezes, a vítima tinha a responsabilidade de sustentar a família. Essas são apenas algumas das faces desse pesadelo que começou em março do ano passado e, pelo cenário atual, está longe de ter um fim.

 

Enquanto isso, os dramas e dores de partidas inesperadas deixam marcas de profunda tristeza. Os relatos que chegam à nossa redação são comoventes.

Francisco Flores Filho (Chico), de 60 anos foi mais um alegretense que perdeu a batalha para o vírus. Ele deixou uma grande lacuna na vida dos familiares e a sobrinha Anne Caroline, narrou um pouco sobre o que o tio representava na vida de todos. Ele faleceu no dia 5 de maio.

Ela inicia dizendo que no dia 18 abril, Francisco (Chico), completou 60 anos.

Segundo Anne, o tio estava feliz, tanto que comentou à época que gostaria  de eternizar aquele dia, mas de uma maneira que pudesse ter muito mais que 24h. Parecia o prenúncio de que seria o último aniversário ao lado das pessoas que ele tanto amava.

Coincidência ou não, logo depois iniciaram os primeiros sintomas da Covid-19.

 

” Fomos positivando, um a um, no total, foram nove pessoas na família. Minha tia, o levou para consultar, ele foi medicado e solicitaram que retornasse no dia seguinte. De todas as explicações, houve o pedido para que ficássemos atentos aos sinais. Ele consultou num domingo, minha tia o levou na segunda e na quarta-feira pela manhã, fui ver a saturação e o choque, estava em 68″, lembra Anne.

Neste mesmo momento, a família decidiu leva-lo para o hospital, a mesma recomendação foi realizada pelas técnicas e enfermeira da ESF que o atendia.

Anne, muitíssimo emocionada, recorda que foi a última vez que viu Chico.

Mesmo que ele dissesse que estava bem e tentou tranquilizar a todos, não mais retornou para o convívio da família.

” Foi tudo muito rápido depois daquele dia. Ele foi hospitalizado e logo depois intubado. Meu tio amado, ficou uma semana naquela luta, mas não resistiu. Estamos sofrendo muito e gostaria de dizer o quanto os cuidados são importantes. Meu tio não saia de casa e foi levado por este vírus. Ele sempre foi uma pessoa com um coração enorme. Ajudava a todos, ele tinha quase 2 metros de altura mas seu coraçãozinho era ainda maior que ele” acrescenta.

 

Anne segue a narrativa falando que Chico era uma pessoa do bem e cita que não deixa de questionar o motivo que ele deixou a todos, pois ainda era” cedo”.

 

“O mais relevante e acredito que precisa ser levado em consideração por todos, é que esse vírus é agressivo, ele pode provocar reações e ter complicações de forma muito rápida.  Meu tio tinha diabetes,  era hipertenso e obeso, comorbidades que o faziam ficar em casa. Porém,  de alguma maneira o vírus chegou nele, o que fica mais evidente ainda a necessidade de cuidado de todos. Se for possível,  se algum familiar, amigo ou colega de trabalho tiver algum problema de saúde,  todos precisam ter empatia e respeito.  Não visitar, não deixar de agir conforme os protocolos, pois nada tem remédio para essa dor da perda.”concluiu.