Comerciante alerta: a população não deve deixar morrer os mercadinhos de bairro

As pequenas cadernetas são guardadas junto ao caixa do supermercado e, a cada compra, o valor é anotado. O traço sobre os números, feito à caneta, significa que o valor acumulado foi pago, o que possibilita o começo de uma nova lista.

Nos bairros de Alegrete, ainda é possível encontrar alguns estabelecimentos que confiam no cliente, marcam a dívida na caderneta e recebem depois. É o famoso “vender fiado”.

Por que acontece a paralisia do sono?

A prática é pouco divulgada, não há placas com informações de que as pessoas podem comprar e pagar no mês seguinte. Porém, nem todas as pessoas têm cartão de crédito e é uma maneira de conquistar os clientes. Sucessor direto dos antigos armazéns, o mercadinho de bairro é uma instituição brasileira.

O atendimento personalizado, aos consumidores, é um diferencial que não consegue ser oferecido pelas grandes redes.

Uno pega fogo e é abandonado na região central em Alegrete

Uma comerciante que tem estabelecimento há mais de 40 anos em um bairro na Zona Oeste da cidade, entrou em contato com o PAT.

Ela pediu para não ser identificada, por medo de sofrer alguma interpretação equivocada, todavia, solicitou espaço para um desabafo.

“Sou uma empresaria no comércio de alimentação, mercado e armazém de um bairro e gostaria de destacar que há décadas tenho percebido que os pequenos comércios(nos bairros), estão esquecidos e desvalorizados.

O consumidor já se perguntou, quem são esses comerciantes que por anos estão ali trabalhando com perseverança? Somos nós que todos os dias abrimos as portas do nossos comércios para oferecer um sorriso, um pão quentinho e um abraço – isso mesmo – nos bairros os clientes na grande maioria se torna quase família. Muitos batem na porta a qualquer hora e dia, isso devido ao fato de que estamos sempre prontos a atendê-los”- citou.

Trabalhador evita que fogo em moto atingisse outros veículos

A comerciante argumentou que os clientes e amigos já perceberam a diferença de comportamento, e que as pessoas estão deixando de lembrar dos nomes e histórias.

“Sabe aquele comerciante que muitas vezes é acordado à noite para atender, pois muitos percebem que está faltando o leite do filho, uma chupeta para dormir e até mesmo as “caronas” pra o médico. Será que todos guardam esses momentos de tudo que é realizado com amor?” – questiona.

A comerciante lamenta que muitos estão lembrando dos pequenos comércios apenas quando precisam do “crédito no livreto”.

Depois de 4 anos de importunação e ameaças, homem denuncia ex-colega

Ela acrescenta que é desanimador, em alguns períodos, ver o vizinho, o cliente e demais pessoas os abandonando em razão de que uma “rede” chegou na cidade.

Os mercados dos bairros são um nicho que abriga diversos tipos de atividades em um só formato – padaria, açougue e hortifrúti. Em pesquisas durante a pandemia, destacou-se que eles foram essenciais pois ganharam importância nas compras menores durante a semana.

“Os comércios em bairros, muitas vezes são responsáveis por um número expressivo de famílias que dependem deles também. Não é uma crítica a ninguém, apenas um pedido para que todos possam ser valorizados, para que não desapareçam.

Sei que em muitas lojas maiores, os funcionários estão ali para bem atender, mas nós sabemos os nomes, alcançamos o chimarrão, conhecemos muitas vezes do avô ao neto, sabemos o dia do aniversário, não limitamos sorrisos e abraços.

Será que as promoções, todas são superiores a tudo? Acredito que o pedido dos comerciantes é para que os clientes e amigos não percam esse contato que é um vínculo de amizade e sempre estejam com olhar voltado aos pequenos, nem que seja para uma visita”-concluiu.

Se inscrever
Notificar de
guest

0 Comentários
Comentários em linha
Exibir todos os comentários