Não existe o impossível: veja a saga desta alegretense para tornar-se advogada

São muito os alegretenses com lindas histórias de superação. Destas que motivam a todos que acompanham as reportagens do PAT.

Rosilá Salbego Lopes
Rosilá Salbego Lopes

O relato a seguir, é mais um daqueles que demonstra o quanto é importante ter fé, persistência, garra e ir em busca dos ideais.

Rosilá Salbego Lopes, nasceu e foi criada em Alegrete; mais precisamente no Capão do Angico.

A mãe era dona de casa e o pai policial militar, que faleceu quando ela tinha três anos. Sendo assim, ela e os irmãos conviveram muito próximos dos avós, de quem têm muita inspiração.

Em 2007, o irmão mais velho foi residir em Canela, então, no final de 2009, quando o avô faleceu, a mãe dela decidiu mudar também.

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“Lembro de vir muito contrariada, pois tinha muitos amigos em Alegrete, enquanto estudava no Fernando Ferrari, mas com o tempo fui acostumando e amando esta cidade. Com 14 anos consegui meu primeiro emprego em uma concessionária da Ford, como menor aprendiz. Aos 15 fui trabalhar como efetiva em uma empresa de tecnologia/informática, onde trabalhei por 7 anos como responsável pelo financeiro” – destaca.

Durante todo o ensino médio, Rosilá trabalhou de dia e estudava à noite. Ao concluir, fez o Enem, por incentivo da mãe, e ganhou uma bolsa para o curso de Direito na UCS, entrando na faculdade com 17 anos, ainda sem muita expectativa, mas com a certeza de que queria um futuro melhor.

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Então começou uma jornada muito difícil, trabalhava 8h e meia por dia e fazia faculdade todos os dias. Inúmeras foram as vezes que pensou em desistir em razão do cansaço físico e mental. Em 2016 a família voltou para Alegrete e ela foi residir com o namorado, que teve um papel importantíssimo para que ela conseguisse chegar onde está.

“Nesse tempo tive que aprender a conviver com a saudade da família. A partir do 8º semestre comecei a estudar para Prova da Ordem, no nono semestre passei na primeira fase. Em 10/09/2019 fui aprovada na segunda fase, foi um período muito difícil, pois estudava para a prova, fazia 8 cadeiras + TCC, lembro de ir trabalhar sem dormir pois havia passado a noite estudando. Uma frase que me marcou muito nesse período foi “renúncias temporárias levam a resultados definitivos”- recorda.

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Embora tivesse colocado como meta passar na Prova da Ordem, não se imaginava advogando, pois desejava seguir os passos do pai na carreira policial. Na fase final da faculdade sentiu a necessidade de fazer um estágio para adquirir experiência, foi então que pediu demissão da empresa que trabalhava e começou a estagiar no Ministério Público.

Lá ela pode ver que escolheu o curso certo, pois atrás daquele monte de papéis, existiam vidas e histórias.

Aos 22 anos formou-se em Direito, já aprovada na OAB. O estágio acabou e logo veio a pandemia.

“Fiquei alguns meses em casa, quando recebi uma proposta para trabalhar em um dos escritórios mais antigos de Gramado, local que adquiri muito conhecimento e me sinto extremamente grata por fazer parte da equipe. Posso dizer que não fui eu que escolhi ser advogada, foi a profissão que me escolheu.

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Hoje, atuo na área previdenciária, a qual estou terminando a pós-graduação, além das áreas cível e criminal. A cada dia me surpreendo com minha profissão, pois embora seja cansativa e exija muita saúde mental, é extremamente gratificante poder lutar pelos direitos das pessoas.

Rosilá com a família – mãe e irmãos

Além disso, sou advogada na Casa Vitória, que é uma casa de acolhimento às vítimas de violência doméstica, foi a décima quarta casa do estado e tem um papel fundamental para as mulheres, além de prestar a orientação jurídica para os casos de medida protetiva, acompanho as vítimas nas audiências para que sintam-se amparadas.”- relatou.

Rosilá reside em Canela e trabalha em Gramado (cerca de 7km de distância). Ela pontua que tem certeza que se o avô e o pai estivessem vivos, estariam orgulhosos dela.


Ela também agradece à mãe que sempre acreditou e a incentivou dizendo que conseguiria. “Quanto a morar em Canela/Gramado, embora eu ame minha terra natal e me orgulhe de ter vindo de Alegrete, hoje não consigo me imaginar morando em outro lugar que não seja aqui, a Serra Gaúcha é incrível, ao longo dos anos fiz muitos amigos.


Por fim, me sinto orgulhosa da minha minha trajetória, pois apesar de todas as dificuldades, incluindo a financeira na infância e a perda precoce do meu pai, hoje, com apenas 24 anos já sou advogada e reconhecida pelo meu trabalho”-conclui.

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