UPA volta registrar superlotação nos últimos dias; unidade atende o dobro da sua capacidade operacional

A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Alegrete enfrenta mais uma vez uma preocupante superlotação, colocando em evidência os desafios enfrentados pelos profissionais de saúde que atuam no local.

O PAT entrevistou o médico responsável técnico, Jocelmo Jacques, e o coordenador administrativo, André Senna, para obter mais informações sobre essa situação.

Durante a semana de 13 a 21 de maio, a UPA registrou um total de 2.782 consultas, com uma média de 309 pacientes por dia. Destaca-se que, em alguns dias, como no dia 15, foram atendidas 334 pessoas, e no dia 17, o número chegou a 328. Esses dados representam mais que o dobro da capacidade da unidade, que é projetada para atender 150 pacientes.

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O Dr. Jacques acrescenta que mais de 50% das consultas realizadas foram classificadas como não urgentes ou pouco urgentes, o que resulta em tempos de espera mais longos para algumas pessoas. Como consequência, André Senna destaca que não é incomum ter que acionar a Brigada Militar devido a ameaças e agressões verbais direcionadas aos profissionais de saúde.

Em relação aos atendimentos mais frequentes, constatou-se que casos como cefaleia, diarreia, vômito, dor nas extremidades e dor de garganta são recorrentes. Em alguns casos, esses pacientes poderiam ter procurado atendimento na Estratégia de Saúde da Família (ESF) de sua região, uma vez que esses sintomas não apresentavam gravidade.

O médico esclarece que a UPA é uma unidade de urgência e emergência voltada para serviços de média a alta complexidade, situada em um meio-termo entre centros de saúde e hospitais, com mais recursos disponíveis do que um posto de saúde. A gravidade do risco, e não a ordem de chegada, é o que determina a rapidez com que um paciente será atendido. Assim, os casos de urgência representam situações que requerem assistência rápida, visando evitar complicações e sofrimento. Por sua vez, a emergência é caracterizada por ameaça iminente à vida, sofrimento intenso ou risco de lesão permanente, demandando tratamento médico imediato.

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A triagem desempenha um papel fundamental nesse contexto, sendo necessária para que os casos mais graves sejam atendidos com a devida prioridade. É compreensível que a maioria das pessoas fique insatisfeita com a classificação recebida, mas é importante entender o critério de triagem e a necessidade de priorizar os pacientes em maior risco.

As classificações na triagem seguem um código de cores, sendo que os casos leves são identificados com a cor azul. A espera nesses casos é justificada pelo fluxo de pacientes que chegam nas categorias verde, amarela e vermelha, que são graduações mais severas. Por exemplo, a cor vermelha é atribuída aos casos de emergência. O atendimento é realizado de acordo com a triagem, e em média, a cada três minutos chega um novo paciente.

A cultura das pessoas de procurarem a Unidade de Pronto Atendimento para obter medicação, realizar exames e outros procedimentos, mesmo diante do expressivo número de Estratégias de Saúde da Família disponíveis, tem contribuído para a sobrecarga da UPA. É importante lembrar que a UPA deve ser procurada apenas para casos de urgência e emergência.

Considerando a limitação humana e também a estrutura física, torna-se quase impossível atender à demanda dos últimos dias em um período de tempo inferior ao que vem sendo realizado atualmente.

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Todas essas demandas expressivas são atendidas pelos profissionais da UPA, que trabalham incansavelmente para prestar assistência. A equipe é composta por dois médicos por turno, quatro técnicos de enfermagem, dois enfermeiros, um motorista e dois recepcionistas. Durante a tarde, há o reforço de um terceiro médico, mas muitas vezes não é possível atender todos os pacientes nos consultórios devido à demanda de urgências. Além disso, a falta de profissionais e espaço físico adequados dificulta o atendimento de todos que precisam de soro, medicação ou mesmo observação.

Questionado sobre os casos mais graves e recorrentes, o Dr. Jacques destaca que tem havido um aumento na ocorrência de problemas cardíacos em pessoas mais jovens. Em média semanalmente, um paciente ou mais precisa ser encaminhado para fora da cidade para a realização de outros procedimentos, como tratamentos para infarto e AVC. No entanto, ele enfatiza que esses atendimentos de maior gravidade demandam uma atenção especial, o que é o objetivo principal da UPA. A maioria das pessoas frequentemente menciona a dificuldade em conseguir uma consulta para o mesmo dia nas ESFs ou a falta de médicos.

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Dr. Jacques também menciona que o protocolo de Manchester, utilizado para triar os pacientes de forma eficaz, não é uma realidade exclusiva de Alegrete, mas sim uma prática mundial. Esse protocolo busca garantir que o atendimento seja realizado conforme a classificação de risco, garantindo prioridade aos casos mais graves.

Além dos atendimentos realizados nos consultórios, a UPA também recebe pacientes de emergência e urgência que chegam por ambulâncias e carros particulares, pacientes em observação que podem necessitar de atendimento adicional devido a uma piora em seu estado clínico, pacientes psiquiátricos e também detidos conduzidos pela Brigada Militar, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Civil. O Dr. Jacques foi enfático ao afirmar que ninguém será deixado sem atendimento. No entanto, é necessário que as pessoas tenham paciência e compreendam o funcionamento do sistema de classificação.

Em resumo, a UPA de Alegrete está enfrentando superlotação, o que gera desafios para os profissionais de saúde que atuam no local. Os casos mais graves e recorrentes incluem problemas cardíacos em pessoas jovens, sendo fundamental a atenção dedicada a esses pacientes. Os cuidados em relação à COVID-19 e à dengue também são mencionados, com orientações para a prevenção e realização de testes disponibilizados pelas Estratégias de Saúde da Família e pela Secretaria de Saúde do Município, ou seja, não são realizados na UPA. O que é feito é o encaminhamento conforme a avalição do paciente. ” Muitas pessoas vão à UPA com o objetivo de realizarem os testes de Covid e de Dengue, mas não disponibilizamos na Unidade”- explica.

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