A história por trás dos pôneis do Parque Rui Ramos

Os animais chamam mais atenção nos finais de semana, mas são impossíveis de passar despercebidos nos outros dias.

José Virgílio Viana da Silveira

Quem passeia durante as tardes no parque Rui Ramos, além de encontrar uma bela paisagem natural, também vê um senhor passeando com seus pôneis. José Virgílio Viana da Silveira, o seu Zé, é quem faz com que essa magia aconteça há 14 anos. 

Natural de Passo Novo, tem 57 anos e alguns quilômetros de estrada percorridos. Na infância, com 13 anos, mudou-se para Livramento, local em que seu pai trabalhava em uma olaria. A família era grande, oito irmãos ao todo, havia dificuldades financeiras e a família vendia ossos para complementar o sustento. Na escola, considerava-se um bom aluno, gostava dos professores, mas evadiu na oitava série para ajudar os pais no trabalho diário. 

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Até os 17 anos, trabalhou auxiliando a família, após entrou no quartel. O que mais lhe marcou no tempo de serviço foi a Guerra das Malvinas, em 1982, conflito armado entre a Argentina e a Grã-Bretanha. Ele teve que ficar 15 dias recluso no quartel. 

Depois, passou um tempo trabalhando nas fazendas da fronteira de Alegrete e Uruguaiana como peão de estância. A solidão nesses lugares era muito grande, pois ficava muito tempo isolado. Nas lidas campeiras, perdeu dois colegas atingidos por raios. 

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Alguns pôneis no campo

Disposto a mudar de vida, voltou à localidade de Passo Novo, onde viviam seus pais. Assim, conseguiu um emprego no Instituto Federal Farroupilha (IFFar) e permaneceu por oito anos, quando começaram os atrasos no pagamento. Foi nesse momento que seu Zé comprou um pônei, Princesa, de 14 anos. 

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Esse foi o primeiro passo para que ele pensasse no negócio. Até que apareceu uma pessoa com uma carroça na frente de sua casa. Seu Zé começou a produzir um veículo que coubesse na pônei, não foi fácil, ele teve de refazer o projeto outras vezes. Com o salário atrasado três meses, precisava de uma forma de ganhar dinheiro. Era dezembro, quase Natal, ele foi até a Praça dos Patinhos e levou seu filho de seis anos, foi nesse momento que tudo começou. 

José Virgílio Viana da Silveira,

O começo não foi fácil, ele decidiu tirar fotos das crianças com a pônei de porta em porta. Foi assim que ele pensou em legalizar seu negócio. Foi até a prefeitura e, com muito esforço, conseguiu retirar seu alvará. 

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Atualmente, Seu José tem uma vida confortável, com o fruto de seu trabalho. Possui 78 pôneis e faz um projeto social com crianças com deficiência. Tal ação é gratuita e atende ao menos 36 indivíduos. A equoterapia é importante no tratamento, porque é um método terapêutico, Seu Zé comenta que “trabalhar com essas crianças é gratificante”. São atendidas crianças de todas as partes de Alegrete, três de Santa Maria e uma de Mato Grosso. 

Os projetos de Seu Zé não param por aí, ele pretende comprar uma chácara para mostrar a natureza do campo para as crianças que não têm a oportunidade de ver todos os dias. A mensagem que José transmite é de simplicidade, sabedoria e solidariedade, qualidades tão necessárias na sociedade em que vivemos.

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