No ano crítico da pandemia, Secretária de Saúde analisa conquistas e desafios

Sabe-se que os dois últimos anos foram de muito trabalho para combater a Covid-19 no Município, o que foi possível com a vacinação. Um trabalho exaustivo de todas as frentes, mas para a Secretaria de Saúde foi uma experiência sem precedentes.

A reportagem do PAT realizou uma entrevista com a Secretária de Saúde Haracelli Fontoura. Ela falou sobre o trabalho realizado e também alguns pontos que podem ser melhorados no próximo ano. Algumas demandas na saúde pública que são muito importantes para a população que busca atendimentos nas 20 Estratégias de Saúde da Família ESF  (sendo 16 físicas). Os serviços da saúde estão por toda cidade. A grandiosidade da Secretaria é tanta, que também oferece uma gama de atendimentos pelo SUS.

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A Secretaria da Saúde de Alegrete é a segunda maior da administração em número de servidores, serviços e frota de veículos.

Acompanhe a entrevista:

Qual é a situação de todas as frentes que atuam na saúde do Município?

Esses últimos dois anos foram muito desafiadores para qualquer ente profissional de saúde, tendo em vista estarem literalmente na linha de frente, onde fariam o primeiro atendimento e logo seu encaminhamento à Santa Casa de Caridade para os setores competentes para atendimento de pacientes com a Covid. Eles (médicos, enfermeiros, técnicos) estavam diariamente em contato com pessoas positivadas.

O risco era iminente, embora com todos EPIs necessários à prevenção. Foi com o avanço da vacinação que houve queda do volume de novos casos.

A Secretaria de Saúde realizou incontáveis ações em função da propagação da doença, uma delas foi a identificação e monitoramento dos positivados e seus contatos por bairros. Nestes casos, visualizávamos onde eram as áreas mais ‘’quentes’’ do município, intensificando as ações de evacuação de aglomerações e dando suporte através das ESFs para o acompanhamento dos pacientes suspeitos, tanto clinicamente quanto psicologicamente.

A gratidão nos faz melhores, mesmo quando a causa é usual

Especificamente no mês de março do ano de 2021, tivemos nosso pior momento da pandemia, foram 3052 confirmações e 92 óbitos, tivemos colapso na nossa rede de saúde, inclusive a falta de oxigênio para os pacientes que chegavam em estágio mais avançado da doença. Montamos no Ginásio do IEOA o Gripário o qual em 3 meses atendeu mais de 7.000 mil pessoas ali;

Mantivemos a calma, tecemos estratégias, não dormíamos direito, não nos alimentávamos direito, trabalhando dioturnamente em função daqueles que haviam se infectado.

Foi uma questão de tempo até as coisas darem sinal de melhora, e isto estava intrinsecamente ligado ao avanço da campanha de vacinação.

Foram inúmeras ações, campanhas no CTG Farroupilha, onde eram vacinadas mais de 1300 pessoas somente no turno da manhã. Tivemos ações também no Colégio Oswaldo Aranha, sem contar que todos os dias durante a semana, em todos os postos de atendimento da cidade havia imunizante disponível à população que lá comparecia.

Hoje passados quase dois anos, nossa situação está de certa forma relativamente sob controle, tendo em vista a queda nos números de novos positivos, conforme segue:

2) Como a vacinação? O que pode ser feito para melhorar os índices daqueles que não procuraram a segunda dose e também os que não aceitam fazer a primeira?

Hoje,  o município possui 84,8% da população geral (73.028 hab.) imunizados com a primeira dose, e 72,6% com esquema vacinal completo.

Já com relação à população adulta (acima dos 18 anos, 57.568 hab.) temos 99,4% com a primeira dose aplicada e 90,0% com esquema vacinal completo.

Cumpre ressaltar que 15,2% da população geral, talvez por opção não quis vacinar-se, e esse número vem se ‘’arrastando’’ há semanas, indicando mais uma vez que esses cidadãos se resguardam ao direito de não se vacinarem.

Para tanto, ações noturnas são disponibilizadas para proporcionar vacinas para as pessoas que estão em horário de trabalho, bem como o disponibilidade do imunizante em qualquer ESF do Município que possua sala de vacinação.

Uma das ações para estimular a vacinação foi a divulgação, tanto dos novos casos positivos quanto das internações e óbitos foi a informação de que aquele cidadão era ou não vacinado. Isso de certa forma demonstra à população em geral a eficácia ‘’vista com os olhos’’ das vacinas.

3) A incidência de pessoas contaminadas está baixa e óbitos também, porém, sabe-se que o último foi de uma idosa que não estava vacinada. Essa é mais uma evidência da importância da imunização?

Sem dúvida nenhuma, a vacinação tem se mostrado eficaz desde quando atingimos o patamar de 60% dos adultos com o esquema vacinal completo. Foi quando não haviam mais internações recorrentes. Sem mencionar na queda da curva de novas infecções, que tem se estabilizado em baixa desde o início do mês de agosto do corrente ano. Conforme o gráfico abaixo:

4) Para o próximo ano, qual a necessidade de médicos para completar o quadro na rede Municipal? Qual o número ideal?

Na realidade não existe um número ideal, pois cada unidade tem suas peculiaridades. Foi executado um trabalho em nossa secretaria através do Setor de Atenção Básica, onde este identifica as áreas mais necessitadas de profissionais, por assim se dizer, pois cada ESF, possui uma determinada populaçã com perfis específicos. Este trabalho já está em avançado estágio de ação propriamente dito, pois já houveram estudos relacionados, possibilitando a identificação dos locais que necessitavam mais médicos, enfermeiros e até mesmo técnicos em enfermagem, os quais seriam e serão remanejados de maneira a atender a população de uma forma mais equânime.

5) Foi aberto um edital para contratação de médicos, mas não houve interesse. Qual o motivo da Secretaria de Saúde não ter retorno, já que a demanda é imensa?

Sim, abrimos um edital e teve 03(três) médicos inscritos, infelizmente eles não apresentaram em tempo hábil a documentação completa, não conseguimos efetivar a contratação.

Em janeiro abriremos novamente o edital e acreditamos que estes e mais outros que ja entraram em contato conosco faram suas inscriçoes e serão efetivamente contratados para atender a saude de nossa população.

6) Historicamente algumas especialidades como ginecologista é um dos pedidos mais recorrentes das mulheres, há alguma possibilidade deste profissional voltar a atender pacientes, sem ser gestantes?

O Município tem no quadro os médicos ginecologistas, o que ocorre é que nas EsFs existe o médico da família que faz todo o atendimento  por isso ele já é médico das Estrategias. Quando o médico da família verifica a necessidade do atendimento com o especialista,  ele dá o encaminhamento e o paciente é agendado e direcionado  para a especialidade.

Nossos ginecologistas não atendem só as gestantes, eles atendem os casos onde o médico da família prescreve também.

Outra nova ação é que estamos montando no Pam um ambulatório ginecológico para 2022.

O que podemos ressaltar é que não tem como ter um especialista em cada ESF, a população tem que entender que na ESF existe o medico que atende todas as especialidades e no momento que ele percebe que o atendimento tem que ser com o especialista ele direciona para as especialidades.

7) Outra especialidade que sempre tem uma grande demanda é neurologista, uma situação quase sempre problemática, tem alguma perspectiva para este profissional?

 Existe um Neuro que atende pelo projeto da Santa Casa. O Neuro pediatra que atendia por contrato no Município, resolveu não atender  pelo SUS e  hoje  só atende particular.

Já entramos em contato com ( 04) Neuro pediatras na região mas não houve interesse por parte deles, estamos encaminhando via TFD quando solicitado esta especialidade, ninguém fica sem atendimento.

8) O agendamento programado é uma demanda que estava sendo colocada em funcionamento há mais de dois anos, está funcionando? Se for sim, como as pessoas realizam, qual o canal? Caso não esteja funcionando, qual o motivo?

Uma das nossas proximas ações é a informatização para o agendamento. Hoje cada gestor do serviço faz seu modo de agendamento, ou seja, tem ESFs que ainda distribuem  fichas, outros agendam por telefone, outros fazem em determinado dia da semana os agendamentos.

Este mês saiu a licitação de uma empresa de ineternet parea atender nossos serviços, estamos aguardando o contrato ser assinado para podermos melhorar nossos sistemas de internet e informatica.

9) A remoção de pacientes fora do domicílio está acontecendo sem intercorrências ? Qual o número de pacientes que a secretaria atende? Qual a maior demanda e para qual cidade?

O transporte fora de domicílio é recorrente em nosso município, e sim tem executado suas tarefas sem qualquer tipo de problema, para tanto, foi elaborado um trabalho dentro da nossa secretaria que demonstra graficamente sua importância, conforme assim segue:

Esse gráfico revela a ocorrência de transportes executados no período de 1º de Janeiro a 30 de novembro do ano de 2021, demonstrando que a maior incidência se deu em Uruguaiana, com 2080 pacientes transportados.

O TFD (Transporte Fora de Domicílio) realizou 6.654 viagens neste período, e a média de pacientes transportados foi de 604,90 ao mês.

10) Como está a frota de veículos da Secretaria? Todos os veículos que realizam o transporte fora do domicílio são da Prefeitura?

Nossa frota hoje é composta por 01 ônibus, 04 micro-ônibus, 06 caminhonetes, 05 vans, 09 ambulâncias( sendo 02 da UPA e 02 do SAMU), e 28 carros.

Temos contrato(licitação) com empresas de ambulância, carro, van e ônibus.

Nem todos os veiculos que realizam o TFD são da Prefeitura, dependendo da demanda, temos que terceirizar.

11) A pandemia polarizou as atenções para Covid-19, desta forma, alguns serviços ficaram represados, qual o impacto disso? O esquema vacinal de outras doenças foi afetado? Se for sim, como normalizar em 2022?

O impacto destes meses de alta na pandemia necessariamente diminuiu os atendimentos a outras questões, até mesmo porque as pessoas deixavam de procurar determinado atendimento com medo de se infectar, e este reflexo estamos sentindo agora, com a diminuição expressiva nos meses de janeiro, fevereiro e março e seu reflexo se dando com o aumento dessas ‘’ consultas eletivas’’ nos meses de agosto, setembro, outubro e novembro.

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Com relação ao esquema vacinal de outras doenças não foi afetado, muito pelo contrário, as pessoas temerosas de adoecer de qualquer maneira buscavam a imunização de inúmeras doenças, com foco mais expressivo nas doenças de cunho respiratório.

Porém, hoje, houve a diminuição expressiva na demanda pelas vacinas contra GRIPE (Influenza).

A campanha de vacinação contra a gripe neste ano, ocorrida concomitante a da covid-19, não atingiu a meta de cobertura em os grupos prioritários. Apenas 79% das pessoas consideradas de risco (como idosos, pessoas com comorbidades, gestantes, puérperas e crianças) foram vacinadas. A estratégia chegou a ser ampliada para toda a população em julho deste ano, contudo, ainda restaram doses em estoque nos municípios e com o Estado.

12) Em relação à dengue, a informação é de uma possível infestação no Município. Qual ação para evitar uma epidemia?

Temos acompanhamento por parte do setor de Controle de Vetores conjuntamente com o Setor de Epidemiologia, para as possíveis epidemias no Município. Também foi elaborado um trabalho indicando que a epidemia de Dengue, especificamente no município havia perdido a ‘’força’’ nos meses de maio a agosto, conforme demonstra o gráfico abaixo:

Todavia, nos meses subsequentes (setembro, outubro e novembro) houve a proliferação do Mosquito Aedes, o que já é conhecido e esperado por todos nós, todavia, não há ninguém infectado com Dengue no Município. Não obstante, o mosquito não passa de um mero vetor, que precisa picar alguém doente e assim se iniciar uma possível epidemia.

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O Fato é que, os cuidados para evitar a propagação da doença já é amplamente conhecida por todos, eliminar focos de proliferação do mosquito vetor, para tanto, temos também um agente cujo trabalho destina-se ao controle dos PE’s (Pontos Estratégicos): cemitério, sucatas, oficinas, lavagens, borracharias, floriculturas, etc., e principalmente a conscientização da população, para verificar em suas próprias residências possíveis criadouros, e até mesmo efetuar eventuais denúncias de locais de possível proliferação.

13) Tem alguma melhoria ou investimento para UPA em 2022?

Para a UPA  estamos adquirindo alguns equipamentos novos que nos foi solicitado e também haverá algumas mudanças quanto ao atendimento.

14) Como está a situação predial nas UBSs, alguma que vá ter investimentos ou reformas? Terá a possibilidade de agregar regiões e, desta forma, fechar alguma UBS pela falta de profissionais?

Como todos sabem  já estamos com reformas nas UBs,  estamos com uma programação para 2022 onde estaremos fazendo os reparos , melhorias e pinturas nos serviços.

Quanto ao fechamento ou unificação de serviços hoje não esta nos nossos planos, o que sabemos é que em janeiro muda o financiamento do SUS, os recursos virão se houver produção, precisamos de índices e metas para atingir a produção e o recurso seguir vindo no valor que vem hoje, pois, sabe- se que faz mais de 12 anos que não é reajustado, o que não podemos é receber valor inferior ao que vem hoje.

As mudanças que estamos fazendo de equipes ja é visando este novo cenario de produção e índices.

A Prefeitura de Alegrete através da Secretaria de Saúde , vem fazendo mudanças para melhor atender a saúde da população!

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