Os desafios de alegretense da Saint Pastous em busca de nova vida em Portugal

Jenifer Aline da Silva Batista é uma alegretense que está desbravando o mundo em busca dos sonhos, porém, a trajetória até aqui, é de muito trabalho, resiliência, percalços, renúncias e preconceito. Ela saiu de Alegrete para Porto Alegre, onde residiu por 22 anos, e atualmente está há pouco mais de um mês em Portugal.

Atualmente, com 30 anos, ela falou ao PAT que residiu com a mãe Ideltrudes da Silva Batista ( conhecida por dona Tereza) e os dois irmãos Dionatan Batista e Jane Batista no bairro Saint Pastous, em Alegrete. Ela pontua que era uma casa pequena, a mãe trabalhava como doméstica e ela, mesmo criança, a auxiliava juntando materiais recicláveis.

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“No ano de 1998, os meus irmãos se casaram, ficamos apenas eu e minha mãe. Foi onde meu irmão mudou-se para Porto Alegre e por esse motivo, em 2000, minha mãe ficou desempregada e decidiu que iríamos para a Capital. Chegamos em Porto Alegre em agosto de 2001, eu tinha 9 anos, e ficamos até julho de 2022. Contudo, nosso começo foi bem difícil, em Porto Alegre, reciclávamos pra sobreviver, até minha mãe conseguir um emprego, e eu, inúmeras vezes, me alimentava somente na escola. Acordava às 6h para catar latinha até às 8 quando meu padrasto me deixava no educandário onde eu sabia que teria direito a fazer uma refeição, pois em incontáveis dias, era o almoço ou o jantar, o dinheiro não era suficiente para que tivéssemos mais de uma(refeição)” – relembra.

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Nesse período, Jenifer ressaltou que elas residiram no Morro Santana, onde não tinham água, por muitos meses, nem mesmo para o consumo básico de “matar a sede”. A opção mais usada, era coletar em dias de chuva.

Foram dias muito tristes, mas a alegretense destaca que a fé e a garra delas não as deixaram desistir e aos poucos tudo foi evoluindo. “Graças a Deus, eu cresci e comecei a trabalhar”- cita.

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O início da mudança

No ano de 2019 conheci minha companheira Jacqueline Rocha dos Santos e seu ( nosso) filho João Pedro dos Santos Ferreira com quem vim pra Portugal. Nosso país está terrível em questão de segurança e também no poder de compra.

Morávamos em um bairro bem próximo ao Morro onde pagávamos um salário mínimo de aluguel, além das demais despesas da casa, o que tornava muito oneroso e devido à criminalidade, começamos a pensar que estava muito perigoso permanecer em Porto Alegre”- comenta.

Em 2020, Jacqueline, que é uma apaixonada por sapatos, colocou um à venda(online), pois depois de comprá-lo, não aprovou e, em meio a uma brincadeira, elas iniciaram no ramo de vendas, e se tornaram empreendedoras.

“Sem nenhum real extra no bolso, minha companheira e eu decidimos que iríamos abrir uma loja virtual de calçados e assim foi. Para nossa surpresa, em um mês, já estávamos com seis funcionárias.

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Estava indo tudo bem, mas em 2021, devido a insegurança e inúmeros assalto, decidimos que iríamos sair do país. Neste momento, iniciamos uma pesquisa e a definição ocorreu depois de um relato de alguém estar seguindo nosso filho quando saia da escola,”- explica.

Para tornar a situação mais real, a alegretense e a companheira decidiram parar de vender pela loja virtual e colocaram uma física com o objetivo então de uma venda ainda mais lucrativa para o fundo, a reserva que iriam precisar para a viagem, apostando que essa seria a solução, porém, se frustraram, quando se depararam com a queda nas vendas, além de todas as taxas e burocracia de um comércio.

Foi uma perda de mais de 9 mil reais que nunca mais recuperamos, diante disso, em fevereiro deste ano, organizamos tudo para sair do Brasil e o destino escolhido foi Portugal. Por isso, retornamos para Alegrete onde deixei minha mãe segura, já estabilizada financeiramente com a aposentadoria.

Em Porto Alegre, foi uma grande venda, ficamos sem nada, apenas com o que era possível colocar em uma mala de 10kg, sem esquecer nosso indispensável chimarrão. E nossa viagem ocorreu em setembro” – descreve.

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Mas neste período que estão em Portugal, elas chegaram e foram trabalhar em uma fábrica de pescado, onde a pessoa que as contratou também é brasileira, entretanto, segundo elas, foi infeliz em ter sido preconceituosa e desrespeitosa por não cumprir com o que havia acordado, querendo que elas realizassem um turno de trabalho muito mais extenso, além de outras situações.

Mas antes disso, Jenifer sorri ao dizer que tiveram alguns perrengues de imigrantes, como: a casa que iriam alugar foi vendida e a outra que foi oferecida quando chegaram era inabitável. Elas chegaram direto em Lisboa, mas depois de muito sufoco e quase caírem em um golpe, conseguiram uma casa em Portimão no Algarve, sul de Portugal.

Embora esse começo com dificuldades financeiras, pois o que levaram, em todos os sentidos, inclusive financeiro, não era muito, mas elas destacam que estão muito esperançosas, pois o Pais é lindo e tem muita oportunidade de emprego, mas nada é muito fácil para imigrantes a começar que o filho de 10 anos não pode ficar sozinho, nunca. Elas correm o risco de uma denúncia.

Agora, estamos desempregadas, mas já estamos em busca de outras opções e vamos nos virar. Nada é fácil, nada é como planejamos, sempre haverá alguma dificuldade, mas acreditamos muito que vai dar certo e vamos conseguir uma vida melhor. “- disse a alegretense.

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